Minha estadia na fazenda. - ENTRE LAÇOS E AMASSOS

Eu e ele? Não!

— S/n... tem algo que eu gostaria de conversar com você. - Alice disse, enquanto S/n estava distraída enxugando a pia.
—Sou toda ouvidos! - respondi e me virei para ela
—Bom, eu sei que ainda não somos tão próximas assim pra comentar sobre os seus relacionamentos, mas…- Alice estava tentando ganhar tempo e isso me deixava nervosa
—Vamos, mulher, desembucha. - falei ansiosa
—Eu acho que o Felipe tá com uma quedinha por você, pronto falei. - balançou a cabeça negativamente.
—Como é? - Puxei uma cadeira e me sentei.
—Eu e aquele emo esquisito somos amigos desde crianças, eu conheco muito bem ele, S/n. A última vez que eu vi ele agindo dessa forma foi quando começou a gostar de uma garota, há muito tempo atrás…E eu acho que era uma coisa que você devia perceber sozinha, mas como você namora o Mateus, não sei…isso pode gerar um atrito entre os dois, sabe?
—Não viaja, Alice. – soltei um riso nervoso.
—Depois não diga que eu não te mostrei os sinais! - Me deu um leve tapa com um pano de prato ao sair da cozinha.
— Alice, espera aí. Você não pode simplesmente soltar uma bomba dessas e sair, me deixando cheia de perguntas! - S/n exclamou, tentando parecer mais descontraída do que realmente estava se sentindo.
—A minha parte eu já fiz, você precisa saber o que vai fazer com essa informação. – respondeu ela.

Assim que Alice saiu, Felipe entrou na cozinha. Ele franziu a testa levemente.

— E aí, S/n, tudo bem? - Felipe perguntou, quebrando o silêncio.
Pisquei  voltando à realidade, e sorri tentando disfarçar minha  inquietação.
— Ah, oi Felipe! Tudo bem sim, só estava pensando em algumas coisas. - disse me levantando, pronta para fugir do interrogatório dele.
—O que?
—Hum… nada demais, eu…preciso subir. - apontei para o andar de cima.
— S/n, você está  estranha. Aconteceu alguma coisa? - falou enquanto tirava uma garrafa de água da geladeira.
—Eu só realmente preciso subir agora, depois conversamos, pode ser?

Felipe concordou, preocupado, mas respeitou meu pedido.

— Claro, quando quiser. Estou por aqui. - disse e em seguida bebeu um gole de água.

Subi as escadas o mais rápido que pude, sentindo o coração bater descompassado. Abri a porta do quarto e me escorei nela, fechando-a com um suspiro aliviado.

Olhei ao redor do quarto, buscando um momento de paz para organizar meus pensamentos. Entretanto, para minha surpresa, deparei-me com Mateus escorado na porta do banheiro, como se estivesse esperando por algo.

—Que cara é essa, S/n? - perguntou curioso
—A de sempre. - tentei disfarçar.
—Normalmente ocê não fica com uma cara de assustada.  - como eu poderia pedir pro dono do quarto sair para que eu ficasse sozinha?
—Eu só quero tomar um banho e tirar um cochilo.
—Ah, então é só cansaço, né? Nossa manhã foi ótima mesmo com o Felipe nos atrapalhando.

Fiz que sim com a cabeça e ele finalmente saiu do quarto.

Depois de Mateus sair do quarto, eu me joguei na cama e deixei um suspiro escapar. A confusão em minha mente parecia estar ficando cada vez mais intensa.
Ao fechar os olhos, comecei a projetar o rosto de Felipe, recordando das poucas conversas que tínhamos tido. Havia algo nele que mexia comigo, algo que eu não conseguia ignorar.

Por outro lado, também pensei em Mateus e em tudo que ele fez por mim. Mesmo sendo um namoro de mentira, ele fazia questão de me tratar bem, de ser atencioso. Eu sabia que ele estava envolvido em algo que inicialmente parecia simples, mas que agora começava a se complicar.

E se o que a Alice me disse sobre o Felipe não passar de uma ilusão? e se eu criar uma confusão em troca de nada? Ah, S/n onde você foi se meter? Não demorou muito para que eu ficasse com dor de cabeça.
Tomei um banho e voltei para cama.

Algumas horas depois.

—Ei, surtada, pedimos pizza pro jantar. - Felipe falou próximo da porta sem entrar no quarto.
—Já vou. - respondi me levantando da cama, animada por comer uma coisa diferente.

Na sala, Alice, Lucas, Vanessa, Daniel e Mateus conversavam e trocavam risos. A atmosfera era descontraída, mas quando entrei na sala, fui surpreendida pela voz de Mateus.

— Oia só, minha princesa.

Mateus piscou para mim, e o restante do pessoal soltou risadinhas e pude sentir um olhar de Felipe sobre mim.

— Vamos comer antes que a pizza fique fria! - Vanessa sugeriu.

Comemos, jogamos baralho, e pouco a pouco a galera foi indo embora. Na sala só restou Eu e Mateus sentados no sofá e Felipe em uma poltrona distraído mexendo em seu celular.

— Uah... - o loiro bocejou - Vem, vamos subir?
Mateus sugeriu, parecendo levemente cansado. Concordei e subimos as escadas juntos.
—Boa noite, surtadinha. - Felipe disse, fazendo com que Mateus virasse a cabeça pra ele.
—Boa noite, Fe. - respondi
—Boa noite pra ocê também, primo. - admito que quis ri nesse momento, o caipira tava demonstrando uma pontinha de ciúme.

Ao entrar no quarto. Mateus não disse nada, mas sua expressão dizia muito.

—O que foi, Caipira? - perguntei me jogando na cama e observando ele tirar as botas.
—Eu é que te pergunto. - respondeu desabotoando a camisa. - Ocê acha que eu sou bobo, não é, S/n?
—Não…talvez um pouco. - Eu brinquei e ele continuou sério. -
—Eu já vi tudo, S/n. Ocê e ele…eu já percebi as provocações dele. Só não esquece que a gente tem um namoro falso para continuar, tá? - Ele sentou na cama sem me olhar.
—Tá… já entendi que não vou conseguir evitar essa conversa com você, né? - me sentei também
—Não precisa nem continuar essa conversa.
—Mateus? - falei na tentativa de que ele virasse o rosto pra mim.
—Ocê tá gostando dele, S/n! - falou inquieto enquanto mexia na sua barba.
—Mateus…- eu puxei seu ombro delicadamente e ele virou pra mim. Ele parecia chateado. - Hoje após o almoço a Alice veio com uma conversa…que talvez o Felipe estivesse interessado em mim…
—ah é? e ocê tá interessada nele?!  - perguntou nervoso arqueando as sobrancelhas.
—Não. Eu e ele? Não! Eu apenas fiquei um pouco confusa depois que ela me disse isso. Eu queria conversar com você justamente por conta do nosso acordo de namoro falso.
—Claro…confusa. Eu sei bem como é essa história de estar confusa. E, olha, eu sei que isso aqui é um negócio falso, mas eu... eu me importo contigo.
— Eu também me importo, Mateus. - Falei sinceramente. - Eu não tenho sentimentos por ele, mas isso me deixou um pouco desconfortável, primeiro que estamos mentindo para todos os seus amigos…
—Se ocê não tem sentimentos por ele, porque ocê tá assim…confusa? - Só consegui abaixar a cabeça e ficar em silêncio, ele suspirou desapontado e continuou. - Talvez seja melhor colocarmos um ponto final nesse acordo, S/n. Se está ficando difícil para você, eu não quero te forçar a continuar com isso, vou deixar ocê pensar, depois conversamos melhor.. - ele deitou me dando as costas. - Boa noite, S/n.
—Boa noite, Mateus. - observei ele se acomodando na cama. Apaguei as luzes e tentei dormir enquanto ele fingia que dormia.

A respiração de Mateus tornou-se ritmada, indicando que ele estava, de fato, tentando dormir. Contudo, eu permanecia acordada, encarando o teto e refletindo sobre as palavras não ditas entre nós.