Minha estadia na fazenda. - ENTRE LAÇOS E AMASSOS

Ciúme

Não dormi nada essa noite, ainda acordei mais cedo que Mateus, me encolhi e o fiquei o observando. Suas mechas loiras estavam bagunçadas e cobriam seus olhos.Quando um de seus olhos abriu eu fechei os meus rapidamente, mas não o suficiente rápido para que ele não percebesse.

—Ocê não sabe fingir, sabia? - Sua voz, ainda carregada de sono, quebrou o silêncio do quarto.

—uahn - fingi um bocejo tentando disfarçar minha vergonha - Bom dia pra você também.

Estava prestes a me levantar quando fui surpreendida pelo toque da sua mão no meu pulso.

— S/n... - Ele murmurou, interrompendo meu movimento. - Ontem eu me exaltei um pouco...ocê me deixou nervoso. Me desculpa, princesa.

— Não precisa se desculpar, Mateus. - Respondi, buscando tranquilizá-lo.

Ele me puxou para um abraço, e eu caí sobre ele. Seus braços me envolveram instantaneamente, oferecendo conforto e segurança num gesto inesperado. Por um momento, nossas respirações se encontraram, e a proximidade inesperada fez meu coração bater mais rápido. Permanecemos assim por alguns instantes, envolvidos no abraço.

—E o que eu te disse ontem...foi de verdade, viu? Se ocê realmente não puder mais lidar com isso...eu dou um jeito.

—Tá bom, eu posso lidar com isso, Mateus. - deixei um sorriso escapar ainda envolta nos braços dele.

— Que horas são? - disse me soltando e virando-se em direção à mesa de cabeceira.- 9:30! Ta tarde demais, sô! - O caipira deu um pulo e correu para o banheiro. Pouco tempo depois, vestiu a primeira roupa que achou no armário, um pouco amassada, e saiu às pressas.

A agitação repentina de Mateus trouxe uma pitada de leveza ao ambiente, e eu não pude deixar de rir com sua pressa. Ele se despediu apressadamente, deixando-me com um sorriso nos lábios. É quase sempre assim quando ele está por perto, quando vejo estou com um sorrisinho bobo no rosto.

Me apressei para descer, já estava mais próximo do almoço do que do café da manhã.

—To começando a achar que seu hobbie favorito é dormir. - Lucas disse saindo do escritório.

—É um dos meus favoritos...Eu nem durmo tanto assim, eu demorei a pegar no sono e compensei pela manhã.

—Eu sei como é, quando fico preocupado tenho o mesmo comportamento. - Ele disse enquanto me acompanhava até a cozinha.

—Bom dia, surtadinha. - Felipe disse e o olhar de Alice me encontrou como quem dizia: "Esses são os sinais!"

—Bom dia! -respondi

Na movimentada cozinha, Felipe, Alice e eu nos dividimos entre as panelas, preparando o almoço. Felipe mexia na panela, conferindo o ponto do arroz, enquanto Alice cortava legumes com destreza. Eu estava encarregada de mexer o molho no fogão. O aroma delicioso começava a se espalhar, enchendo a cozinha de expectativa.

Enquanto isso, Lucas estava concentrado fazendo suco, espremendo as frutas com habilidade. O barulho da faca batendo na tábua, cheiros dos alimentos na panela e o som suave do espremedor de frutas criavam uma atmosfera única.

Felipe, com seu jeito brincalhão, sugeriu:

— S/n, por que não prova a comida? Vamos garantir que esteja perfeita. Abre a boqui...

Ele segurou uma colher cheia de molho e se aproximou de mim. Com um sorriso, ofereceu a colher na direção da minha boca. Antes que eu pudesse reagir, Mateus, que até então eu não o tinha visto entrar na cozinha, observava a cena em silêncio, ficou visivelmente incomodado.