LISBETH SULLIVAN
Senti meu rosto congelado enquanto encarava-o.
Anos se passaram desde a última vez que o vi pessoalmente, sempre que sabia que ele estava na cidade, visitando seus pais e irmã, eu dava um jeito de sumir do mapa. Era besteira. Eu sabia e me odiava por fazer aquilo, contudo, parte minha tinha medo de vê-lo e sentir tudo o que senti naquela noite com ele enquanto o via levando a sua vida feliz de casado. Nem sabia se realmente sentiria algo, mas o medo fazia com que eu fugisse para longe.
O que aconteceu entre nós me marcou para sempre e, para mim, fazia sentido guardar aquela imagem de Beckett. O garoto doce que fingia ser durão que dançou comigo e me deu prazer naquela noite.
Maenna me sacaneou.
Eu iria matá-la na primeira oportunidade que tivesse.
— Como está, Lisbeth? — A voz dele estava mais grossa, mais rouca.
— Beckett... — cumprimentei querendo sair dali. Me mantive firme. —
Estou bem e você?
— Ótimo... — Palavras sucintas, como sempre.
Seu rosto era mais maduro, sempre fora quadrado e bem desenhado, era como encarar uma pintura olhar para Becks quando garoto, mas agora, era como olhar para o pecado. A idade fez bem a ele. Embora fossemos jovens ainda, muita coisa aconteceu, muito mais para ele do que para mim se levasse em consideração o que Mae havia me contado. Ele parecia cansado. Exausto. Percebi enquanto nos encarávamos em silêncio, como dois personagens de romance clichê vendidos nas lojas de um dólar.
— Lisbeth Sullivan! — ouvi Sarah Stanford exclamar assim que se postou ao lado do filho. — Quanto tempo não vejo você, querida!
Becks continuou me encarando enquanto sua mãe me pegava em seus braços e dava-me um abraço apertado e saudoso. Tirei meu foco dele e me deixei aproveitar o gesto carinhoso de sua mãe.
— Como vai, Sarah? — perguntei.
— Feliz por ter minhas crianças jantando comigo depois de tantos anos — regozijou. — Como estão Angela e Clifford?
— Papai e mamãe estão bem, já que estou por aqui, devo passar na casa deles mais tarde.
Nós nos soltamos e Sarah me chamou para entrar, Beckett já não estava mais ali. Logo eu estava sendo abraçada por Vincent Stanford, o cara dava uma boa ideia de como Becks seria no futuro, quando envelhecesse. Vince, como gostava de ser chamado, era um homem bem apresentável e em forma, charmoso e sempre muito cortês.
— Lis, quanto tempo não vejo você! — disse indo em minha direção, mas foi interceptado por um garotinho. Harry. Vince o pegou no colo e continuou a sua aproximação, abraçou-me com Harry sendo imprensado entre nós no processo.
— Como vai, Vince? — Olhei para o menino e sorri, bagunçando seus cabelos – iguais aos do pai, diga-se de passagem – o cumprimentei também — Como vai, pequeno Harry?
Ele me analisou por um longo tempo, especialmente minhas tatuagens, e depois virou o rosto, escondendo-se no pescoço do avô.
— Oi — um murmúrio abafado saiu do seu esconderijo.
— Oi! — Sorri ao devolver o cumprimento para o menino tímido.
— Seja educado, Harry... Dê um abraço e um beijo em Lisbeth... — Seu avô solicitou, mas o menino se apertou ainda mais nele. Harry já havia me visto uma ou duas vezes, era uma criança porém, crianças nem sempre prestam atenção a sua volta se você não causar uma impressão.
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UM AMOR DE BABÁ
RomansBeckett precisa de uma babá para o seu filho e a pessoa mais qualificada para o trabalho é Lisbeth, a melhor amiga da sua irmã e a garota que ele teve apenas uma noite há doze anos, antes dele partir para a faculdade e cada um seguir com a sua vida...