regret

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"Ah, eu fazia alguns quadros."

"Isso é incrível! O senhor lembra o que costumava desenhar ou pintar?"

"Animais, paisagens... Não lembro."

Frank é retirado de seus pensamentos, voltando a anotar e atualizar a ficha de seus pacientes em seu bloco de notas quase inteiramente cheio. Já faziam quase duas semanas que trabalhava na clínica e acompanhou Gerard regredir como nunca antes; até pior do que os pacientes com quase setenta anos. No terceiro dia de consulta, Way já estava melhorando muito e conseguia lembrar de muitas coisas nas quais fazia antes de adquirir a doença, como quando ele lembrou de que desenhava e pintava quadros ou de pouquíssimas coisas que aconteceram em sua infância, além de adquirir confiança absoluta nele. Frank não fazia ideia do que aconteceu, mas a partir do quinto dia Gerard já não respondia como antes; na maioria das consultas apenas permanecia sentado na cama olhando para as paredes da sala e em outras era até encontrado se sentando no chão abraçando seus joelhos, os olhos mais fundos e tristes do que costumavam ser. O rapaz também estava emagrecendo bastante, sinal de que não era alimentado o suficiente ou um resultado dos testes cada vez mais fortes.

Ele não podia permitir isso, simplesmente não podia, afinal, ver um paciente regredir era comum, mas não no caso de um rapaz de vinte e cinco anos. Por isso, Frank estava todas essas semanas estudando uma tática nova para fazer a memória de seu paciente voltar, ou pelo menos alguma parte dela; uma maldita terapia de choque.

Ele sabia que era cruel e que prometeu nunca machucar Gerard em hipótese alguma e quebrava o seu coração ter que fazer isso com ele, mas não havia escolhas. Consultas normais e gentis não davam mais certo por conta dos testes, então a única opção que lhe restava era fazer tal terapia e logo depois encontrar uma forma de tirar seu paciente daquele lugar horrível. No entanto, seu plano não daria certo se não encontrasse alguém de confiança para ajudar; e ele já sabia exatamente para quem pedir.

Ainda anotando sobre seus pacientes, o rapaz sente um toque gentil e amigável em seu ombro, e se vira apenas para ver Ray que imediatamente se sentava em uma cadeira ao lado de onde Frank estava; o mais novo sorrindo em forma de cumprimento.

─ Boa noite, senhor Iero! Disse mais cedo que tem algo para me falar, do que se trata? ─ O rapaz olha para o mais novo, imediatamente trocando sua expressão séria quando aparenta lembrar de algo ─ Ah! Sabe o senhor Russell? Ele pediu para lhe agradecer por suas consultas, disse que se sente mais feliz do que antes.

─ Haha, isso é bom. O senhor Russell melhorou bastante nas últimas semanas ─ Um sorriso se forma em seu rosto, mas logo se lembra do que tinha que tratar com Ray ─ Voltando ao assunto que queria tratar com o senhor... Conheces alguma pessoa da cidade que se chama Michael Way? Preciso que entrege essa carta para ele.

Frank tira uma carta de papel amarelado do bolso e entrega gentilmente para Ray, que rapidamente pega a carta sem ler o conteúdo escrito nela.

─ Michael Way... Não o conheço, mas posso tentar procurar uma pessoa com este nome. Nova Jersey está crescendo muito esses últimos anos, mas nada é impossível ─ O rapaz dobra lentamente a carta e a coloca em seu bolso ─ Posso saber por que quer enviar esta carta?

O mais novo suspira, olhando para os lados para ter certeza que nenhum enfermeiro ou médico do local estava se aproximando. Quando ele tem certeza de que ninguém estava perto, ele olha novamente para Ray e começa a sussurrar.

─ Irei te contar, mas tu não podes contar para ninguém, principalmente para qualquer enfermeiro dessa clínica.

Ray não responde, apenas assentindo rapidamente com a cabeça e fazendo um olhar sério, se interessando no que Frank diria.

Blind Devotion (Gerard X Frank: Frerard fanfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora