O assobio do vento ecoava, permeando o silêncio que envolvia o quarto, iluminado apenas pela fresta da janela entreaberta. Meus olhos fixavam-se na parede, perdida em devaneios profundos.
O caderno repousava aberto sobre a mesa, enquanto a caneta deslizava pela folha, traçando linhas sem sentido. Mantive as sobrancelhas franzidas, imersa em meus pensamentos, até que a porta rangeu ao se abrir.
O som da porta ressoou, e a luz do corredor gradualmente preencheu o ambiente. Despertei do transe ao me virar em direção à porta entreaberta.
── Lilith, você não vai participar do amigo secreto?
Pisquei algumas vezes, percebendo que era Ethan quem estava à porta.
── Vou, por quê?
── Estão prestes a sortear no bar, vim te chamar.
── Ah, estou indo. ── Desviei o olhar para o caderno, agora adornado com os riscos da caneta preta. ── Só vou pegar meu casaco.
── Certo, vou te esperar lá embaixo.
── Ok. ── Assenti.
Antes de concluir os rabiscos no caderno, onde expressava vagamente minhas reflexões sobre Phantom, a porta se fechou novamente. Levantei-me, vesti um casaco, prendi os cabelos em um coque e saí.
Desci os degraus da escada até avistar Ethan, apoiado na parede, aguardando-me.
── Pronta?
── Sim.
Ele assentiu, dirigindo-se à porta, e eu o segui para fora de casa, ainda imersa em meus pensamentos.
Ao chegar no bar, vi várias pessoas participando, algumas ausentes. Meus olhos encontraram os da ruiva, e minha expressão já não boa ficou ainda pior com seu olhar. Era incrível como ela conseguia irritar alguém com um simples olhar.
Ethan adentrou o bar, cumprimentando Tommy e outros habitantes de Jackson. Fiquei na multidão, desviando o olhar da ruiva que me encarava. Procurei Kara por todo o bar, mas não a vi, até sentir um soco "leve" no meu ombro.
── Ai!
Virei-me e vi Kara, segurando a mesma caixinha de antes.
── Desculpa, não era para ser forte! ── Sorriu.
── Na próxima vez, me chama pelo nome. ── Resmunguei, acariciando o local atingido.
── Beleza, mas você é meio surda às vezes. ── Riu silenciosamente. ── Enfim, vou distribuir os papéis, pega o seu.
── Certo.
A caixa continha vários papéis, a maioria de adolescentes ansiosos. Peguei um papel do fundo, esperando que fosse Kara.
Kara distribuiu a caixa, cada pessoa pegando seu próprio papel. Após alguns minutos, ela pegou um papel também.
Maria anunciou que poderíamos abrir os papéis. Comecei a desdobrar o meu, torcendo para que fosse Kara.
Uma expressão de desapontamento tomou conta do meu rosto, meu sorriso esperançoso desvanecendo ao deparar com o nome escrito no papel.
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