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Quando dei por mim já estava no chão e meus ouvidos zumbiam, uma pessoa chegou perto de mim e falava alguma coisa que eu não conseguia identificar

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Quando dei por mim já estava no chão e meus ouvidos zumbiam, uma pessoa chegou perto de mim e falava alguma coisa que eu não conseguia identificar. Minha visão estava turva e minha cabeça doía horrores, coloquei a mão sobre ela tirando rapidamente pela dor que senti e quando olhei para minha mão, mesmo não tendo a visão muito clara, senti aquele líquido e vi a cor vermelha já sabendo que era sangue. Meus olhos estavam pesando e eu não conseguia respirar muito bem, todo meu corpo doía e toda vez que eu tentava puxar o ar a dor piorava.

Ouvi ao longe uma voz familiar, não sabia o que estava falando mas deu para entender o desespero no tom de voz. Era Wakasa, ele estava aqui. Eu estou com medo de apagar, então procurei ele mesmo com a visão embaçada e o encontrei dando uma surra em uma outra pessoa que vestia um traje preto, o que ele tá fazendo? O que estão gritando? Por que não consigo enxergar seus rostos?

-Wa...waka -Eu tentei chama-lo mas engasguei e senti líquido subindo pela minha garganta, tentei colocar pra fora mas não estava conseguindo.

Senti Wakasa se aproximando de mim e pegando meu corpo colocando no colo dele, doeu tudo mas ao menos consegui por todo o líquido pra fora, e vi que era sangue.

Ele falava comigo todo o tempo mas minha mente não processava o que ele dizia, mas reparei que ele começou a chorar e seu tom de voz se desesperou mais.

-Waka... -tentei falar mas imediatamente minha respiração simplesmente parou, eu não conseguia mais puxar ar, mas precisava terminar minha frase -O Shin... ele... fa-fala... fala pra ele... - Waka me colocou de lado para que enquanto eu tossisse não me engasgasse, mas foi em vão. Comecei a colocar para fora todo sangue que conseguia mas parece que não ia parar de vir -E-eu... a-mo...eu...

-Myiu para de falar, pelo amor de Deus! -Ele dizia chorando, mas a menina não entendia suas palavras -A ambulância tá chegando, só fica calada e consciente por favor...

A ambulância chegou e custou para Wakasa conseguir deixar os paramédicos fazerem seu trabalho, ele não queria sair de perto dela, mas o rapaz deixou.

Ele escutou um dos paramédicos falando que não tinha mais o que fazer pela menina, que seus pulmões já estavam cheios de sangue fora o traumatismo craniano, que para ser sincero, deveria tê-la matado na hora.

Ele entrou em choque no mesmo instante, foi para perto da garota e segurou sua mão, ficou aliviado ao sentir que a mesma respondeu apertando a mão do garoto, mesmo que muito fraco.

O garoto ouviu então um toque familiar, uma música de punk rock que gostava de ouvir junto a ela quando namoravam, e sabia que a menina tinha colocado de toque em seu celular, ela nunca tinha tirado. Ele olhou em volta desesperado e notou no celular trincado no chão com o nome na tela escrito "Amor ♡".

Ele esticou o braço tremendo muito e pegou o aparelho, Wakasa nunca tinha se sentido assim, nunca tinha sentido tamanho desespero, ele não sabia como lidar. Mas, atendeu o telefone ouvindo a voz de seu amigo no ouvido.

-Gatinha por que essa demora pra entender? -Ouviu Shinichiro do outro lado da linha -Gatinha?

-Shinichiro... -Wakasa falava com a voz embargada, ele quer se mostrar forte, mas nessa situação quem seria?

-Waka? Por que está com o celular da Myiu? -Wakasa não sabia o que dizer, ele chorava observando sua melhor amiga afrouxando aos poucos o aperto em sua mão enquanto os paramédicos discutiam o que fazer para tentar salvá-la, mesmo todos sabendo que se a menina ficasse viva por mais dez minutos seria o maior dos milagres -Que barulho é esse aí?! -Shinichiro começou a se exaltar -Wakasa o que aconteceu?!

-Shinichiro... ela tá... a Myiu tá morrendo -O garoto falou não ouvindo nada do outro lado da linha, apenas um barulho de algo quebrando e logo o motor de uma moto sendo ligada e dando partida -Shinichiro?! Alô?! -Wakasa chamava mas era em vão.

Ele jogou o telefone quando viu os paramédicos se exaltarem e sentiu a menina soltando a mão dele.

-Myiu?! -Ele gritava pela menina que tinha os olhos abertos, mas não respondia -Responde Myiu porra!

Os paramédicos conseguiram pôr a menina na maca sem fazê-la piorar de qualquer lesão e levaram até a ambulância, enquanto um segurava firme a cabeça da garota, mais outro trabalhava no ambu e um terceiro não parava as massagens cardíacas que estava ajudando Myiu a pôr todo aquele sangue para fora. Eles puseram a menina no veículo e Wakasa entrou junto imediatamente.

Quando um dos paramédicos ia fechar as portas traseiras da ambulância ele ouviu o familiar ronco da moto de seu amigo. Aquela CB250T que faz Tokyo tremer, qualquer um reconheceria o ronco do motor.

Wakaza levantou o rosto e viu Shinichiro jogando a moto de qualquer jeito e correndo na direção deles.

-Espera não fecha! -O paramédico viu o outro rapaz se aproximando correndo e entrando sem se importar com o aviso do paramédico informado que podia apenas uma companhia, mas o mesmo vendo que nenhum dos dois sairia fechou as portas e saiu.

Shinichiro agarrou a outra mão da menina e chorava como se o mundo dele estivesse acabando naquele exato momento, e de fato estava.

-Gatinha... ei meu amor, não faz isso comigo por favor -Ele suplicava e percebia que a menina fazia esforço para continuar viva -Briga contra isso gatinha, você é forte!

O rapaz sabia que ela estava tentando, apesar de sua noiva não estar mais com forças para mover o corpo, ele reparava nas lágrimas escorrendo pelo canto de seus olhos.

Os paramédicos trabalhavam sem parar enquanto tentavam manter a menina viva, porém a mesma já estava com os pulmões cheios de sangue e sua pupila mal reagia, seus batimentos caiam mais a cada segundo. Aquele foi o momento mais longo da vida de Wakasa Imaushi e Shinichiro Sano.

Shinichiro não fazia questão de tentar se controlar. Ele chorava como uma criança com a mão esquerda de sua noiva na sua boca e vez ou outra beijava a aliança enquanto pedia a Deus ou seja lá quem fosse, que aquilo não fosse verdade. Até que algo considerado milagroso pelos médicos aconteceu.

Myiu devolveu o aperto na mão de Shinichiro fazendo o mesmo olhar rapidamente para ela.

-Myiu! -Ele se aproximou dela e viu o esforço da menina para falar algo, o que desesperou ele -Por favor não fale nada! Poupe forças!

-Shin... -A menina falou baixo e fraco, porém dava para entender de forma clara -Me des-esculpa... -Ela estava disposta a fazer com que Shinichiro fizesse uma última promessa para ela -Sej.. se-ja.. feliz...

-Amor eu vou ser muito feliz, vou ser muito feliz com você! Seremos juntos, vamos nos casar, criar nosso filho, do jeito que planejamos! -O rapaz já não estava mais sabendo a diferença entre imaginário ou realidade. Ele estava sem chão, como se algo estivesse enfiado em seu peito puxando seu coração aos poucos para fora.

-Shin.. -A menina falava chorando e se esforçando ao máximo, o que fez com que todo aquele sangue a sufocasse e escorresse pela sua boca em grande quantidade -Pro...mise?

O garoto sentia que ia enlouquecer, nunca havia sentido tanta dor, medo e angústia como agora, mas ele iria prometer, ele seria feliz, seria feliz com ela.

-I promisse, gatinha...

O som temido por todos ecoou no ouvido do garoto. O tal piiiii mostrando para todos que a menina já não estava mais lá. O paramédico correu para tentar a reanimação mas ao chegar no hospital, declarou.

-hora do óbito, 15:27 do dia 31 de agosto de 2005.

Love against time ♡ | Shinichiro Sano.Onde histórias criam vida. Descubra agora