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Severus sentou-se na cama observando os dois meninos jantarem. Ele sentiu como se estivesse andando em uma névoa ou como se estivesse sonhando. A qualquer momento ele acordaria e tudo isso nunca teria acontecido. Ele teria suas rondas para fazer, sonserinos para vigiar, alunos impossíveis para ensinar e uma dança sombria e complicada para executar onde qualquer passo em falso custaria sua vida.

Ele tinha que ser difícil de viver. Sua mente tinha que estar afiada. Não houve tempo para relaxar. Ou até mesmo esquecer, mesmo que por um momento, suas responsabilidades. Severus nunca teve um momento em sua vida em que estivesse realmente feliz. Ele cresceu em uma casa estritamente de sangue puro, com medo de fazer algo errado, com medo de punições. Depois foi para Hogwarts e travou lá uma dolorosa guerra infantil. Ele nem tinha saído de Hogwarts antes de entrar nas fileiras do mal. As coisas só ficaram mais difíceis quando ele recorreu a Dumbledore e aceitou o papel de espião.

Portanto, não foi surpresa que o medo começasse a crescer em suas entranhas. Durante horas ele esteve aqui brincando com as duas crianças, e isso o atraiu. Fez com que, por apenas alguns momentos, esquecesse os problemas fora desta sala, esquecesse o perigo e a dor. E ele relaxou. Se alguém tivesse invadido a sala com a intenção de matar (o que não era completamente impossível, afinal o-menino-que-vivia estava aqui), ele não estaria pronto. Ele teria morrido. Mas ao mesmo tempo, Severus nunca se sentiu tão em paz enquanto brincava de criança com os dois.

"Tudo pronto, papai!" Draco chorou triunfantemente.

Severus saiu de seus pensamentos e voltou seus olhos escuros para o loiro, "Pronto para dormir?"

"Primeiro penico e banho." Draco assentiu.

"Banho?" Severus franziu a testa.

"Sim. Sem banho ontem à noite significa banho agora. Certo, papai?"

Fazia algum sentido, e os meninos precisavam ser lavados. Harry terminou então e levantou os braços. Resignado, Severus tirou os dois da cadeira alta e os colocou no chão. Draco esperou que Harry fosse colocado ao lado dele antes de correr para o banheiro. Severus o seguiu, sem saber, com um pequeno sorriso. Ele entrou e encontrou os meninos rindo enquanto tentavam ajudar uns aos outros com as roupas.

Severus abriu a água e fechou a banheira antes de colocar os dois no vaso sanitário para tilintar. Então os dois meninos estavam sentados com água morna até a cintura. Harry soltou uma risada alta, mas Draco rapidamente agarrou suas mãos enquanto voltava os olhos preocupados para Severus. O homem estava enxugando o rosto lentamente.

"Grande respingo é ruim. A água fica dentro da banheira, ok, querido?"

"Desculpe, papai." Harry disse humildemente e fez um pequeno barulho para mostrar que entendia.

"Está tudo bem." Severus assegurou-lhe. Ele encheu um copo e derramou água nos meninos. Eles riram.

"Oh!" Draco disse brilhantemente. "Esqueci os brinquedos!"

Ele deslizou para fora da banheira e correu nu e pingando para o outro quarto. Severus tentou agarrá-lo, mas não esperava o movimento e errou. Ele suspirou e Harry riu, cobrindo a boca com as mãos. Severus olhou para ele com zombaria e isso só fez Harry rir mais alto.

"O que é tão engraçado?" Draco exigiu, voltando para a sala. Ele tinha uma bola em uma mão, duas estatuetas de bruxo na outra e um grande cubo com buracos de formatos diferentes abraçado ao peito.

"Você fez a água sair da banheira." Severus falou lentamente com outro olhar fingido. Harry sorriu.

"Não, eu não fiz." Draco protestou, entrando na banheira com um grande barulho quando escorregou. "Oh! Desculpe, papai!"

Dores de crescimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora