Introdução

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As batidas na porta a despertam de sua imersão nos seus pensamentos tão distantes. Nunca imaginou que estaria vivenciando tão precocemente aquele momento de tanta dor. Sentada na cama, no quarto que nunca mais será usado, Nicole lamenta a perda de sua irmã mais nova.

Usando um vestido longo e um terninho pretos, ela enxuga suas lágrimas antes de dizer.
- Pode entrar.

Uma senhora gentil abre a porta e avisa.
- Com licença minha querida, vim avisar que estamos indo.
- Já vou descer Margareth, obrigada.

Margareth entra no quarto e depois de fazer carinho em sua cabeça, a beija.
- Estarei te esperando lá embaixo. - Diz antes de sair do quarto.

Margareth trabalha para sua família há quase 30 anos, antes mesmo dela nascer. Seus pais sempre tiveram uma rotina intensa e quando decidiram que era a hora de terem filhos, além de cuidar da casa e das refeições, Margareth se tornou a sua babá e depois a de sua irmã.

Após dois anos tentando, sua mãe engravidou. Quase dez depois, nasceu a frágil Candence. O parto foi prematuro, e assim como no seu nascimento, a sua morte foi prematura, aos 19 anos. As evidências provam que sua irmã ingeriu dezenas de comprimidos para dormir e por isso a conclusão do laudo médico afirma que Candence cometeu suicídio.

Nicole encarou este laudo como piada. Ela e sua irmã sempre foram muito próximas apesar da diferença de idade. Ela não acredita que sua irmã estivesse tão doente assim, ao ponto de desistir de sua própria vida.

Ela insistiu para que investigassem mais o caso, mas ao perceber que estava causando mais dor para os seus pais, Nicole decidiu se calar, por enquanto.

Horas depois, o velório foi encerrado e prepararam o caixão de Candence para seguirem para o enterro.
Por sua mãe não estar em condições de prosseguir, é levada de volta para casa por uma tia.

Durante todo o enterro, Nicole e seu pai, se mantiveram firmes. Nicole não sabe até quando seu pai vai suportar. E mesmo vendo sua família enfrentar a sua hora mais negra, Nicole se orgulha da força que seu pai tem. Ele está como uma rocha, para ser a estrutura segura de sua mãe e dela.

"As lágrimas sutis em seu rosto, escondem o desespero de sua alma. É, somos bem parecidos mesmo." Pensa ao observar seu pai jogando uma rosa branca que cai encima do caixão.

Cada pessoa presente joga uma rosa branca depois do seu pai. E ela joga a sua por último, logo depois de dar um beijo nela e em pensamento fazer um juramento.

"Se como for, mesmo que eu morra tentando... Vou descobrir a verdade Candy."

Na saída do cemitério, Nicole deu uma abraço no seu pai e um beijo no seu rosto.
- Pai, eu vou indo.
- Vá filha, não deixe de me mandar notícias.
- Pode deixar, cuide da mamãe.
- E você se cuide, espero que encontre as respostas que tanto precisa... - Ele passa a mão na lateral de seu rosto e neste momento o seu choro guardado é liberado. - Eu te amo filha, volte pra casa... Está bem?

Nicole move a cabeça e os dois choram abraçados por alguns instantes.

Nicole beija o rosto dele novamente e vai até o seu carro estacionado à frente.

Ao abrir a porta e entrar, ela olha mais uma vez para seu pai e acena.

Ao ligar o motor, acelera dali. Pelo retrovisor vê seu pai sendo confortado por um amigo.

"Fique bem pai, eu vou voltar logo."

Vocação ao Pecado - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora