Já tinha se passado 3 dias e minha mãe ainda não tinha respondido minha mensagem, ela costuma ser afobada e me mandar mensagem pelo menos 3 vezes por dia então aquela falta de movimentação me deixou mais que preocupada. Ainda mais por já ter visto a mensagem. Estava cogitando até em ligar para minha irmã ou minha tia, ideias que também não me agradavam, diria que parte da família é extremamente conservadora e a outra é completamente maluca.Havia recebido um email da senhorita Finkler me informando sobre ter sido selecionada para a avaliação da equipe de ballet, apesar de não muito surpresa fiquei feliz pela notícia, mas apreensiva ao lembrar que uma das pessoas ao me julgar seria a professora Sparkov, a demônia de sapatilhas e coque alto. Até onde sabia, apenas disputaria com Violeta, já que a mesma tinha feito questão de espalhar pelo conservatório inteiro, a ponto de sair na YSR, o que fez infelizmente que também espalhassem que eu também tinha sido selecionada.
Com uma foto de mim e da violeta juntas, um post da YSR anunciava a notícia, e para a minha surpresa haviam vários comentários positivos tanto de mim quanto da Violeta.Estava treinando em uma das salas de prática que geralmente usava, era lá que estava o meu piano, apesar de amar tocar piano e não se imaginar tocando outro instrumento, tinha que confessar que não era nada prático, não como uma flauta ou violino. Por isso, quando mais nova fez algumas aulas de violão e teclado, mas seu ponto forte sempre foi o piano, o que animou bastante a minha mãe na época, já que sempre foi uma grande fã de música clássica, o que me fez ganhar um grande interesse e ser um dos únicos gêneros musicais que conhecia quando mais nova, já que mamãe não permitia nada do estilo moderno em nossa casa, afirmando não ser "arte" de verdade.
Apesar de tentar, não conseguia manter meu foco no piano, minha mente viajava entre as notas, a pressão da avaliação que já seria segunda e também na preocupação em que estava por minha mãe não responder as minhas mensagens. Com a mente distraída, acabo errando feio nas notas, meu sangue ferveu instantaneamente, fechei a cara e bufei encarando o piano.
– O que foi? a culpa é sua piano traiçoeiro! – Se alguém pudesse ver aquela cena teriam certeza que Daiyu era algum tipo de louca.
A verdade é que os treinos com Sophia eram sempre mais descontraídos, não tinha nenhum valor na técnica mas sempre soltava algumas piadas que faziam o ambiente menos pesado do que era. Em todo treino acabo me cobrando demais, até mais que nas aulas, e hoje em específico estava altamente frustrada por isso, sentia que estava perdendo habilidade da única coisa no mundo que lhe atribui valor.Com sua mente distraída em vários pensamentos negativos, acaba levando um susto com uma notificação que chegara em seu celular que estava sob o piano. Deu uma olhada e na frente do seu papel de parede que era uma foto com Sophia no jardim do conservatório, havia uma mensagem de "Owen Lynch" que era como estava salvo o contato. Devido a surpresa, foi rápida em desbloquear o celular e logo entrar no app de conversas, logo abrindo o contato de Owen, nem lembrava como ela tinha o número do garoto, mas acredita que tinha sido num projeto do ano passado, numa parceria entre a turma avançada de piano e a de violino.
Owen Lynch: Parabénsssss Daiyu!!!! Tenho certeza que sua conquista não vai parar por aqui, boa sorte na avaliação da equipe de ballet.😉
Definitivamente não estava esperando algo como isso de Owen, nunca foram próximos apesar de nutrir uma grande simpatia pelo garoto.
Um emoji de piscada? O QUE significava aquilo? Não tenho uma interpretação muito bom por mensagens, então sempre prefiro me comunicar pessoalmente, desde que Sophia apareceu no meu quarto chorando porque eu enviei uma mensagem que ela entendeu como grosseira.Eu: Obrigada!
Não tinha ideia de como responder a mensagem gentil, então optei pelo óbvio.
Já estava na hora de voltar ao quarto, acabava de bater às 00:00 e apesar de não gostar de confessar, tinha certo medo de voltar para o dormitório sozinha, devido ao escuro e ao silêncio. Recolheu suas coisas e foi rápida ao sair da sala, a trancando com sua chave, seus passos eram o único som propagado no prédio, não eram muitas pessoas como Daiyu que ficavam até tarde treinando, mas pra ela já tinha se tornado parte da rotina.
O ambiente do conservatório tinha áreas verdes lindas e até de noite isso é notável, com certeza via o motivo de vários casais nem precisarem sair do conservatório para um encontro, o próprio conservatório era um ambiente próprio para aquilo.
No escuro, apenas ouvia o barulho de suas botas contra a grama molhada, já se aproximava do dormitório quando teve a sensação de estar sendo observada, virou seu corpo, seus olhos vagando por tudo que a rodeava mas aparentemente não havia nada, apressou seus passos, se estivesse ali Sophia estaria dando altas gargalhadas da chinesa e seus traumas de filmes de terror.
Quando ouviu seu nome ser chamado, não conseguiu segurar o susto e acabou por soltar um grito mais alto do que esperava.
– Você é louca? Quando os seguranças aparecerem vão achar que eu tô fazendo alguma besteira com você. – Aliviou-se quando virou e reconheceu a imagem de Jaden no escuro.
Não consegui fazer nada além de pôr a mão no meu peito, para sentir meu coração acelerado e me apoiar em meu joelho, com a respiração ofegante.
– Eu sou louca? Você decide me perseguir nesse escuro e eu sou louca?
– Eu não te persegui em nada sua perturbada, eu tava ali sentado no banco e resolvi falar contigo. – Daiyu permaneceu em silêncio constrangida. – Então quer dizer que a madame tem medo do escuro? que fofinho, você tem quantos anos? cinco? – Ele diz em meio a uma risada sarcástica.
– Eu NÃo tenho medo do escuro tá, só tava distraída.
– Sei...
Continuava meu caminho, quando o espanhol me segue, andando ao meu lado.
– Pra onde você tá indo?
– Vou te acompanhar ao teu dormitório pra que nada mais assuste a princesa.
Permaneci em silêncio, fazendo o ambiente ficar mais que constrangedor naquele silêncio desconfortável.
– Esqueci de te parabenizar, foi por isso que eu vim falar com você. – O moreno diz enquanto caminhamos.
– Obrigada. – Respondo seco.
– Não sei se ficou sabendo, mas aquela sua amiga loira tá saindo com meu amigo.
– Claro que eu fiquei, ela é minha melhor amiga.
– Então você sabe que eles vão sair amanhã né? – Dessa vez foi ele quem se assustou, devido a maneira que o encarei, com os olhos esbugalhados.
– Que? que história é essa?
– Pois é, o Matthew virou homem e decidiu fazer um picnic pros dois, naquele morro que fica próximo ao jardim.
– Não parece o tipo de coisa que a Sophia gosta.
– Tá brincando, toda mulher gosta de coisa romântica e flores, não tem erro.
– se você diz... especialista em mulheres.
– Eu sou quase isso mesmo.