Capitulo 4

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Soraya Thronicke○

Havia se passado duas semanas desde todo o ocorrido, eu estava morando com Michelle e nos tornamos ótimas amigas, até hoje ela não sabe o porquê de eu ter saído da casa dos meus pais, mas eu vou contar na hora certa.

Desde que eu saí da casa dos meus pais estou a procura de um emprego, já tentei em todos os lugares possíveis. Eu já procurei em lojas, restaurantes, lanchonetes e não consegui em nenhum dele.

Até que Michelle me falou de um biblioteca local que estava precisando de uma atendente, eu fiquei até animada com a ideia de conseguir esse trabalho, então o dono marcou uma entrevista comigo e me contratou eu começaria na segunda, então eu tenho 4 dias até lá.

○○○

Já passava das 21hrs, então eu e Michelle resolvemos ir jantar em um restaurante ao ar livre que havia inaugurado recentemente. Ao chegar lá eu não acreditei em quem eu estava vendo.

- eu não acredito - falei assim que ela me olhou - Simone? - ela sorriu e veio em minha direção

- olá Soraya, não esperava te encontrar por aqui - ela falou me abraçando

- quem é essa mulher linda Soraya? - Michelle perguntou se referindo a Simone

- ah... essa é Simone Tebet - olhei para ambas - foi a mulher que eu conheci no avião, a que eu te falei - elas se cumprimentaram

- muito prazer sra. Tebet- pegou em sua mão - é realmente um prazer conhecer uma mulher tão bela quanto você

- o prazer é meu srta?? - perguntou me olhando

- Michelle Ferreira- ela falou sorrindo assim que percebeu que a Simone me olhava bastante ela decidiu nos deixar a sós - bom... eu vou ao banheiro... daqui a pouco eu te encontro Soraya - ela se despediu de Simone e saiu

- e o que você faz por aqui Simone? - perguntei a convidando pra sentar em uma mesa junto comigo

- esse restaurante é da minha filha mais velha, ela o abriu recentemente - ela falou olhando para o cardápio

- ele parece ser muito bom - ela desviou o olhar do cardápio para mim - e eu estou surpresa, não sabia que você tinha filha - a encarei

- tenho sim - ela sorriu - inclusive tenho 8 filhos

- Nossa, não sabia que você era casada também - joguei um verde vai que eu descobria alguma coisa

- eu não sou casada... eu sou viúva- eu vi seu semblante se tornar triste, então decidi mudar de assunto.

- me desculpe, vamos fazer os pedidos - ela me olhou e sorriu

- não tem problema falar sobre isso Soraya, eu só me emociono um pouco - ela parou por um momento e logo começou a falar - ele morreu a 5 anos, logo após minha caçula nascer. 2 dias depois que ela havia nascido ele teve uma parada cardíaca, até levamos ele pro hospital mas ele não resistiu. - ela secou umas lágrimas que desceram, deve ser dolorido pra ela até hoje e pros filhos também.

- Nossa... eu sinto muito - me limitei a falar apenas isso, pois me conhecendo bem eu me dispararia a falar e não pararia mais. - é muito triste perder um amor

- é, ele foi meu primeiro amor e foi bem triste quando ele se foi, meus filhos até hoje nunca superaram, e depois dele eu não tive mais ninguém.

- mas seus filhos tem muita sorte de ter uma mãe assim como você. - falei pegando em sua mão

- você nem me conhece pra poder dizer isso - ela fez um carinho em minha mão igual ela fez no avião

- mas eu tenho um super poder - ela sorriu e sussurrou um ah é?-  é... eu sei quando alguém está mentindo. - falei sussurrando também.

- ah então quer dizer que você é um detector de mentiras humano - eu dei uma gargalhada sincera quando eu ouvi isso

- é quase isso - falei tentando parar de rir

- e então... agora é sua vez de contar algo trágico em sua vida - olhei para um canto qualquer pensando se era uma boa ideia contar pra ela, se eu não tinha contado nem para minha amiga Michelle - Soraya? - ela me tirou dos meus pensamentos

- é... bom... me fala mais sobre seus filhos - mudei de assunto, era uma coisa tão idiota comparado aos problemas dela. Porque deve ser muito difícil perder uma pessoa que você ama e ter que lidar com 8 filhos que não aceitam a perda dessa pessoa, bom parando pra pensar, meu momento trágico é fútil comparado ao momento trágico dela.

- Soraya? - ouvi ela me chamar, na certa eu tinha me perdido em pensamentos de novo - está me ouvindo?

- me desculpe... O que você estava dizendo? - perguntei envergonhada

- eu estava dizendo que minha filha está logo ali - apontou para uma moça alta de cabelos castanhos longos. Era uma menina aparentemente bem jovem, eu não daria mais de 22 anos para aquela menina. - ela é minha mais velha, Dominique e tem 20 anos. Depois dela vem o Paulo de 18, depois vem Miranda com 14 anos, depois as gêmeas Maria Eduarda e Maria Fernanda de 12 anos - ela dizia com um sorriso e contando nós dedos - Tem também o Tony de 9 anos, depois dele vem o Tales de 7 e por último a minha caçula Luna de 5 anos. É muita gente- ela terminou de contar e disse levantando seus oito dedos.

- meu Deus, daqui a pouco você abre um time de futebol - falei achando graça da quantidade de filhos que ela tinha - imagino que deve ser bem complicado cuidar desse tanto de gente.

- eu não me orgulho de dizer isso mas... - ela me olhou como se pedisse pra eu não a julgar - eu quase não vejo eles, eu passo muito tempo trabalhando então eles estão sempre com a babá. - ela falou sem graça

- que coisa feia dona Simone, fazendo filho pra outra pessoa cuidar - falei debochando pra deixar o clima mais leve. Mas ela só deu uma risada nasal e falou

- como eu disse, eu não me orgulho nem um pouco disso - desviou o olhar para onde sua filha estava - mas eu sei que se eu ficar muito tempo com eles, eles vão querer falar sobre o pai e eu não sei falar sobre esse assunto com eles sabe? - ela se explicou

- olha Simone, eu não estou te julgando, mas talvez você devesse passar um pouco mais de tempo com seus filhos - peguei em sua mão - você já parou pra pensar que talvez eles precisem de você pra poder superar essa perda? - ela olhou profundamente em meus olhos. Eu pude novamente admirar a beleza daqueles olhos castanho escuros. Tão lindo como fim de tarde em uma praia.

- talvez você tenha razão - ela falou depois de muito tempo que estávamos naquela troca de olhares - família vem em primeiro lugar.

Depois dessa conversa, Michelle finalmente retornou falando de algum cara que ela conheceu e estava super encantada. Não que eu esteja a julgando, mas desde que eu me mudei para sua casa ela me disse estar super encantada por uns 10 caras diferentes e o engraçado é que ela nunca ficava com nenhum deles. Ela dizia que depois de um tempo eles perdiam a graça pra ela então ela nunca chegou a ficar com nenhum.

Não sei pra vocês, mas pra mim isso só pode ser uma coisa. Homossexualidade.
Eu iria amar ter uma amiga lésbica ou bissexual.

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Boa leitura, vote se gostou.

Minha Dona - Simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora