Resistentes

Capítulo 5

-O calor está judiando das plantações esse ano, Nathaniel – O agricultor, de cerca de 60 anos, dizia enquanto gesticulava para as plantas secas que estavam atrás de si. Suas mãos estavam calejadas pelo uso da enxada e o grande chapéu de palha sombreava seu rosto com manchas na pele devido a anos de trabalho no sob o sol- Nunca havia visto um verão tão quente e seco como esse que estamos tendo. - Finalizou com as mãos na cintura e o olhar desanimado.

-Obrigada por me mostrar o seu parecer, Sr. Ferrison – Nate coloca a mão sob o ombro do homem e agradece com um olhar compreensivo, mas logo retorna sua atenção para o campo atrás do senhor.

"Se conseguirmos colher metade dessa plantação, teremos sorte", pensou consigo. Os pés de milho estavam com as folhas amareladas e murchas, algumas haviam resistido firmemente e conseguiriam ser colhidas. Outras, poderiam servir de adubo. As alfaces estavam praticamente todas estragadas. As cenouras, que haviam sido puxadas da terra a pouco tempo atrás, de acordo com relatos dos outros agricultores, estavam murchas e com algumas partes estragadas. Talvez servissem para fazerem sopa. "Graças aos ancestrais que Sylvia tem criatividade para reaproveitar o máximo".

-De acordo com os cálculos que realizei ontem ao final da tarde e considerando o aumento da tribo com a vinda de novos bebês na semana retrasada, temos estoque de comida para durar até a metade do inverno – A voz arrastada de Lucas preenche os ouvidos de Nate enquanto este olha para os agricultores retirando as mandiocas da terra, que aparentavam estar boas. Pelo menos, teriam caldo de mandioca por um bom tempo, se precisassem. -No máximo, Nate.

-Leve todas essas informações anotadas para nossa reunião hoje, Lucas -Nate se vira para o rapaz asiático ao seu lado, o qual balança a cabeça em concordância com a ordem do líder. -Precisamos conversar com os pastores, analisar quanto temos de ração para o gado no inverno. -Nate começa a caminhar em direção as fazendas com seus pensamentos a bilhão.

***

O sol começa a se pôr, preenchendo o horizonte com tons de laranja, vermelho e amarelo. A brisa suave refrescava a todos, deixando o ar mais leve após o dia de calor exaustante. Os bancos de madeira e as casas formavam sombras no chão, nas quais as pessoas descansavam depois do longo dia de trabalho. Alguns jovens, encostavam em árvores e desatavam a namorar com suas amadas. A loja dos Faruk, assim como todos os demais edifícios, estava sendo tomada pelos tons quentes do pôr do sol, que deixava os tecidos que ficavam pendurados na loja com cores mais vibrantes e atraentes para a clientela.

A loja de tecidos "Flor de Jasmim", pertencente à família Faruk, ficava no meio do centro comercial da tribo, era um prédio de madeira e barro, tal como todos os demais da vila, na qual a parte de baixo ficava a loja e na parte superior, vivia Naim e sua família. Antes, quem morava na casa eram os pais de seu pai, e antes deles, os pais dos pais de seu pai. E assim tem sido por gerações. A loja era conhecida por terem os tecidos com a melhor seda e algodão da vila, com vestidos de diversas cores, desde as mais vibrantes às cores tons de pastel. Logo que chegou à frente da loja, Nate puxou o pano vermelho que cobria a entrada da loja como uma porta, deixando-se escutar a voz grossa do Sr. Faruk enquanto convencia um grupo de mulheres.

-Como as senhoras podem ver, essa é a seção de vestidos azuis que temos disponíveis. Terei outra remessa de vestidos azul celeste na próxima semana, caso queiram utilizar na Festa da Colheita -O Sr. Faruk, um homem com quase 50 anos e um bigode preto bem marcado, falava com outras três moças, que olhavam atentamente para este.

-Eu não consigo me imaginar fazendo isso nunca, de verdade- Naim, que saiu do caixa da loja ao ver o amigo, diz enquanto olha a cena do seu pai retirando vestidos azuis dos cabides e mostrando para o grupo de mulheres.