L'ÉTOILE HORS
⎯⎯ 𖤐 ⎯⎯Sob o teto escuro dos Black, o clima pesado pulsava como uma maldição. Os gritos ecoavam pelos corredores, feitiços verbais lançados como maldições. Eu estava no centro de uma tempestade familiar, incapaz de escapar da tormenta.
Walburga Black, a matriarca implacável, minha mãe, me destruía com as palavras após uma reunião com Lord Voldemort. Ao saber que receberia a marca, cometi o erro de dizer que não aceitava a maldita marca em meu braço. O Lord gargalhou alto e apenas olhou para minha mãe. A frieza no olhar dela me causava calafrios; senti vontade de chorar feito uma criancinha quando fui agarrado pelas mãos frias de meu pai, meu braço direito esticado para que o Lord fizesse a marca, os Comensais com um sorriso no rosto, e eu aos gritos. Mais gritos não foram o suficiente. Nunca são.
"Você não é digno do sobrenome Black! Seja o que for que você pensa que está fazendo, é uma traição à nossa linhagem!" - Walburga gritou, a varinha sendo apertada entre seus dedos, o olhar furioso em minha direção.
Orion, meu pai, permanecia silencioso, um observador inerte diante da tempestade. A neutralidade dele doía, mas não mais que as palavras de minha mãe.
"Você é um fardo, Regulus. Uma vergonha para a Casa Black. Nós te criamos para algo maior, e você joga tudo fora por causa de amizades indignas." - Proferiu, se aproximando em passos lentos, lentos até demais.
Cada insulto era como ácido, corroendo minha autoestima. As palavras, lançadas como maldições, criavam feridas mais profundas do que qualquer feitiço.
Eu apenas absorvia o ódio deles. Onde estavam os laços familiares, o amor que deveria ser incondicional? Em meio a tantas maldições, a semente da rebelião começava a germinar.
A sala estremecia com as palavras afiadas que cortavam o ar como lâminas. A acusação de minha mãe, Walburga, era como um feitiço que queimava meu interior. "Você é uma vergonha para a família Black, uma vergonha para os sangues puros, Regulus. Lord Voldemort espera lealdade, e você escolhe trair sua própria linhagem."
Contendo a fúria, respondi, "Não é traição querer viver sem ser escravizado por aquele lunático. Eu não pedi por essa Marca Negra, mãe. Não pedi por isso!"
Ela não mostrava misericórdia. Com um gesto rápido, sua mão com anéis de prata acertou meu rosto em um tapa. O som estalado ecoou na sala. "Você é fraco, indigno. Essa fraqueza precisa ser erradicada para a honra da nossa família."
Meu olhar subiu até meu pai, que me encarava sem expressão, sem nenhuma reação, mas em seu olhar eu via o nojo, a raiva e o desgosto, todos direcionados a mim.
Walburga continuou sua diatribe, atingindo onde sabia que doeria mais. "E o seu irmão mais velho? Sirius, o desonrado que ousou desafiar nossas tradições. Ele escolheu a vergonha sobre a família, e agora você segue o mesmo caminho? O mesmo destino miserável?"
Eu não suportava mais. A raiva fervia em mim, as palavras eram chamas que queimavam minha alma. "Sirius é um traidor, um covarde. Ele decidiu ir embora para não ser usado por vocês, seus sanguessugas! Se eu fosse ele, eu teria ido mais cedo!"
"Quer ser como ele? Quer ir embora, Regulus? Então vá, saia por essa porta e verá que Sirius não se importa com você, verá que você estará sozinho, verá que tudo o que faço é pelo seu bem, seu ingrato!" Meus olhos arderam, as lágrimas desciam sem parar; segurava a vontade de soluçar. Ela está certa, eu estou sozinho nessa.
Walburga sorriu, ela considerava isso uma vitória. Ela estava certa.
"Aprenda a me respeitar, Regulus, eu faço isso pelo seu bem..." - Olhei para ela e meus olhos arregalaram ao perceber o próximo passo dela. Minha garganta secou, meus olhos se fecharam e tudo o que senti foi dor. - "Crucius!"
O rugido da maldição Cruciatus, lançada com ódio, encheu meus ouvidos. Minha visão se torceu em uma mistura de cores e dor excruciante. A queda no chão veio como uma inevitabilidade, a sala girando enquanto Walburga resmungava palavras incoerentes sobre minha tortura.
Aos poucos, a dor se transformou em um zumbido persistente, mas os sentimentos de revolta e amargura permaneceram. Não sabia quantos minutos se passaram, mas sei que foi longo. Walburga saiu da sala com um sorriso no rosto; meu pai me encarou por alguns minutos, mas logo saiu do local, deixando-me sozinho no chão.
Arrastei-me para longe daquele lugar, meu corpo implorando por socorro, e eu implorando por forças para continuar rastejando para o meu refúgio. Meu quarto, uma cela que me abriga quando necessário, no meu caso, sempre.
O silêncio era ensurdecedor enquanto eu, agora sozinho, me fitava no espelho. O rosto inchado e os olhos injetados de sangue eram uma cruel representação da minha derrota. Um Black, humilhado pela própria carne e sangue.
Faço curativos desajeitados em meu corpo e me deito na cama, minha mente inerte e meu corpo dolorido.
Devagar, levo minha mão até os remédios escondidos em uma gaveta. Cada pílula tem um propósito, uma para o pânico que eu sinto crescendo no meu peito, outra para os cortes que a maldição causou, uma para anestesiar meu corpo por algumas horas e, por último, mas não menos importante, pílulas para o sono. Apenas o essencial.
Enquanto espero os remédios fazerem efeito, divago pelos recantos mais sombrios da minha mente. Desejo que cada maldição lançada sobre mim tenha sido mais cruel. Desejo que o veneno do passado corrompa minhas entranhas, apagando a vergonha que agora arde como brasas. Desejo que a próxima maldição que receba coloque um ponto final em minha vida.
O quarto torna-se uma câmara de autopiedade, um lugar onde a dor é tanto física quanto emocional. As lágrimas, silenciosas como estrelas cadentes, escapam enquanto me entrego à escuridão.
A noite, assim como minha própria respiração, desaparece nas sombras do meu quarto. E eu, Regulus Black, me vejo imerso em uma jornada solitária, em pensamentos que se resumem à queimação causada pelas maldições e pelos remédios amargos em minha garganta.
Que a morte venha me buscar, pois não sei se aguentarei viver por mais tempo.
⎯⎯ 𖤐 ⎯⎯
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ˑ ִ ֗ 𖤐┊Constellations, starchaser
Fanfiction𖤐 | "Regulus, suas cicatrizes não definem quem você é. Estou aqui para curar mais do que apenas feridas físicas." Regulus sempre soube que seu propósito no mundo era maior do que o esperado por um Black. Entretanto, ele nunca pode realmente imagina...