Katniss Everdeen
Ele quer se matar.
E por mais que me recuse a carregar sua morte nas minhas costas sei que ele provavelmente está certo.
Estamos em uma emboscada e Peeta não tem controle sobre suas ações. Mas não consigo deixar de vê-lo como o garoto que me protegia.
Quando vejo ele estendendo um lata em minha direção não sei o que esperar. Poderia ser qualquer coisa.Mas o rótulo escrito COZIDO DE CARNEIRO é como um soco no estômago. Ele se lembra. Se lembra de nós na caverna, do quanto estávamos próximos, da cesta de piquenique do lado de fora. Essa lembrança talvez não tenha sido modificada. Nesse lugar ainda somos apenas o Peeta e a Katniss tentando sobreviver aos primeiros jogos.
O gosto da lata tem sabor de arena.
Quando decidimos como prosseguir ele continua querendo deixar o esquadrão. Percebo que Peeta está exausto, é como apenas uma sombra do que um dia foi. Ele me encara com desespero.
— Parem de agir com nobreza. – Seu olhar alucinado implorando por um fim. – Katniss, por favor. Eu quero abandonar tudo! Você não entende?
Infelizmente eu entendo. Mas sou egoísta o bastante para não permitir que ele faça isso. Sou egoísta o bastante para preferir vê-lo vivo. Sou egoísta o bastante para continuar arrastando ele nessa busca por justiça.
Ele não aceita tirar as algemas, parece se sentir seguro com o metal em volta de seus pulsos. Mas agora eu estou com a chave.
Continuamos o caminho.
Não sabemos o que esperar da próxima jogada.
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Uma peça dos jogos
Fiksi PenggemarQuantas vezes acordamos como peças de um jogo que não queremos jogar? A rotina devorando nossos ideais e crenças. Imagina se perder em um jogo em que ser uma peça é questão de vida e morte. Tudo que resta é tentar se reencontrar. Sobreviver. Termina...