ROCKSTAR; soogyu

𝐈𝐕.

ㅤㅤO interior do camarim era ainda mais impressionante do que Beomgyu imaginava.

ㅤㅤOrganizado, limpo e bem iluminado, o cômodo era como uma sala de tesouros onde as relíquias mais valiosas eram os objetos e figurinos pertencentes a Vernon. Microfone, instrumentos, acessórios, cada item que era possível encontrar ali fazia parte de sua identidade visual. O garoto caminhava pelo local a passos lentos e cuidadosos, explorando cada canto de forma minuciosa, a fim de guardar o máximo possível de detalhes em sua memória fotográfica.

ㅤㅤNa parede direita, alguns manequins sem rosto sustentavam vestimentas com certo brilho e paletas de cores diferentes em cada uma, e, ao transitar o olhar por ali, Beomgyu soube identificar imediatamente a maioria. Sabia que a jaqueta de couro com detalhes em vermelho tinha sido usada no primeiro show, em Paris. Sabia também que as botas perfeitamente engraxadas e com correntes eram uma das marcas registradas do cantor em performances.

ㅤㅤFoi então que seus olhos chegaram ao encontro... dela. Fúcsia.

ㅤㅤA guitarra de Vernon, feita sob medida para o artista, descansava em seu suporte na extremidade de encontro entre duas paredes, cintilando em um magnífico tom de roxo escuro que quase chegava ao azul. As cordas perfeitamente afinadas aparentavam ser novas, ou extremamente preservadas, enquanto, no corpo do instrumento, detalhes esculpidos perto de suas curvas imitavam as linhas onduladas que geralmente se faziam presentes em violinos, ou quaisquer instrumentos de cordas friccionadas. Próximo à entrada do cabo elétrico da guitarra, seu nome, Fúcsia, brilhava em prateado, como se a própria tivesse autografado ali.

ㅤㅤBeomgyu, encantado com tamanha perfeição em forma de instrumento musical diante de seus olhos, aproximou-se do objeto, reunindo todo o cuidado que podia, conseguindo ver o próprio reflexo ali de tão polida que a guitarra estava. Ele se perguntava qual era o som real de suas cordas, imaginando que provavelmente seria a melodia mais limpa e agradável que poderia escutar vindo de um instrumento como aquele. Seus dedos chegavam cada vez mais perto, a fim de tocar os fios metálicos, e um pequeno sorriso emocionado ia surgindo aos poucos em seus lábios.

ㅤㅤ— Você não acha estranho demais perseguir todos os passos de uma pessoa onde quer que ela vá, só para ter a oportunidade de estar perto dela? — Uma voz grave e familiar soou no camarim, o que fez Beomgyu se assustar e recuar antes que encostasse na guitarra.

ㅤㅤVirou-se para trás, de onde a voz havia vindo. E lá estava ele.

ㅤㅤVernon, seu artista favorito em todo o mundo, estava ali, na sua frente, de braços cruzados e sobrancelhas levantadas, encostado na parede perto da porta. Algumas de suas madeixas escuras caíam sobre a testa, arrumadas a cada mínimo detalhe, de uma maneira propriamente feita para não se desfazerem facilmente durante o show, porém, sem parecer artificial demais.

ㅤㅤAinda em choque com a presença do cantor, Beomgyu estava estático. Tentava processar de onde ele havia saído — provavelmente já estava no canto em silêncio e o garoto apenas não o percebeu —, sua expressão fechada, suas palavras. Estas pareciam ser tão específicas que o fizeram refletir profundamente sobre o que estava fazendo ali, e seus motivos para tal.

ㅤㅤNo fim, Vernon apenas riu.

ㅤㅤ— Estou brincando. Mas eu lembro de você — Continuou, desprendendo-se da parede e andando até Beomgyu. — Era um dos que estavam ontem no restaurante, não é?

ㅤㅤO Choi apenas piscou os olhos, ainda processando a informação. Vernon parecia já ter lidado com isso antes, não demonstrava qualquer apavoro.

ㅤㅤ— Bom, eu já estou acostumado — Caminhou até a penteadeira, que continha um espelho com luzes ao redor, e sentou-se de frente a ela, conferindo o próprio reflexo. Alguns detalhes em azul cintilavam em seu figurino, perfeitamente idealizado por Arin. — O que traz você aqui? Quer um autógrafo? — Questionou, olhando para a imagem de Beomgyu atrás de si, através do espelho.