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Clara Garcia
19 de novembro de 2023


Eu não poderia acreditar no que estava acontecendo diante dos meus olhos. Toda a minha família estava reunida na sala de casa, eu, papai, mamãe e meu irmão Miguel. A Seleção Espanhola estava em campo jogando contra a Geórgia e uma imagem me fez sentir uma dor angustiante dentro de mim. Em uma disputa de bola, Pablo acabou sentindo a coxa ou a panturrilha, não sei explicar exatamente, e acabou deixando o campo em meio às lágrimas.

Eu conhecia muito bem meu amigo, e apesar de não nos vermos com tanta frequência mais, eu sabia que ele não era do tipo de jogador que deixava o campo por qualquer falta. Gavi realmente poderia ter tido uma grave lesão e isso me angustiava.

— Não acredito que meu garoto saiu machucado. - Fernando, meu pai, falou com a voz embargada e senti que as lágrimas começaram a ser presentes em meus olhos. — Que fique tudo bem!

— Ele vai ficar. — Martina, minha mãe, tentou falar de uma forma que confortasse todos que estavam ali.

Mas eu sentia que não, eu sentia que meu melhor amigo não iria ficar bem e provavelmente iria perder semanas, meses ou até mais que um ano por causa daquela lesão. Não sei explicar, mas o sentimento que detinha dentro de mim não era de algo bom.

—Mana, não fica assim!

Miguel percebeu que eu não estava muito bem e logo me abraçou me aconchegando em seus braços, a essa altura do campeonato as lágrimas já se derramavam pelo meu rosto e eu soluçava em meio ao choro, ver meu amigo naquele estado me deixou completamente acabada.

— Vou subir e tentar dormir pra esquecer o que aconteceu. — Dei uma pausa e respirei fundo. — Não quero ter que ver na TV a cena de Pablo chorando e saindo da forma que saiu.

Vi Miguel assentir e meus pais concordarem. Eles sabiam que nos momentos que eu estava mal por qualquer motivo que fosse, eu gostava de dormir e me limitar ao mundo externo, gostava de me isolar e fingir que não existia nenhum problema que estivesse consumindo os meus pensamentos.

Me deitei sobre a cama e sequei as lágrimas que desciam pelo meu rosto, pensar que meu amigo estava mal, passando por um momento em que poderia o deixar fora dos gramados me fazia sentir talvez um terço da dor que ele sentia, eu sabia que o que o turbilhão de dor que se passava, tanto fisicamente quanto emocionalmente nele, era muito superior ao que eu estava sentindo.

Já não via ele há um bom tempo, em torno de um ano. Ele teve que morar em Barcelona pra realizar seus sonhos e eu obviamente permaneci em Sevilla. Só queria que ele estivesse aqui nesse momento para poder o confortar de alguma forma...

                                          🇪🇸



— Filha, acorda!

Ouvi um murmuro ao meu lado mas não dei muita importância, talvez eu tivesse dormido o suficiente para que alguém viesse me acordar, mas eu ainda queria continuar hibernando por várias e várias horas que ainda estavam por vir.

— Clara, o Gavi está em Sevilla!

E em um impulso rápido abri meus olhos e me sentei rapidamente sobre a cama, observando minha mãe me encarando com um sorriso fechado sobre os lábios. Se Gavi estava em Sevilla era bem provável que ele estivesse na casa de seus pais que por coincidência era ao lado da minha casa.

— Eu tive um sonho ou a senhora disse que o Gavi está aqui na cidade? — questionei com a sobrancelha arqueada e minha mãe sorriu.

— Ele está ,meu amor, na casa de Belém. Te acordei porque notei que você dormiu mais de quatorze horas seguidas e acho que você gostaria de o ver.

Friends To Lovers - PABLO GAVIOnde histórias criam vida. Descubra agora