O que acontece quando você encontra o apartamento dos sonhos e acaba sendo obrigado a dividi-lo com outra pessoa por causa de um erro de contrato? Você inferniza a vida do seu colega de quarto indesejado até que ele surte e vá embora, é claro!
Lili...
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Faz três dias que estou cuidando do Cheddar. Algumas vezes ele se alimenta bem, mas em outras parece que está fraco demais até para levantar o bico. Nunca sei se ele está realmente melhorando, porque ele sempre parece voltar para a estaca zero. Pelo menos o ferimento parece menos infeccionado graças aos medicamentos e troca regulares de curativo.
Cole não se aproxima nem oferece ajuda, só fica fazendo piadas sobre assar o passarinho e comê-lo com queijo cheddar. É irritante, porque eu meio que estou criando um vínculo com o Cheddar e gostaria de um pouco de respeito sobre isso. Em protesto, deixei de ver Friends com o Cole na sala e me recolho para assistir sozinha no meu notebook em meu quarto logo após o jantar. Ele não comentou nada sobre isso, mas eu o vejo me olhar de relance de forma incomodada sempre que eu passo reto por ele ignorando a trilha sonora da série na TV.
Hoje à tarde, infelizmente terei que me humilhar. Vou sair em um encontro com o Nicolas e não vou estar em casa no horário de dar comida ao Cheddar de novo. Odeio ter que pedir isso ao ranzinza, mas não posso ficar presa em casa por causa do passarinho.
Cole e eu estamos sentados à mesa enquanto comemos o almoço que ele preparou. Resolvo deixar ele de bom humor para aumentar as chances de aceitar fazer isso.
— Hoje você se superou. — digo depois de uma grande garfada da minha comida. — Isso está divino! — exclamo sem economizar no sorriso. — Minhas papilas gustativas dançam sempre que eu como algo que você preparou.
Ele me olha de relance mantendo o rosto sério e não me responde. Está desconfiado, é óbvio.
— Você nunca me disse com quem aprendeu a cozinhar assim. — continuo.
Largando os talheres em seu prato, ele me encara mais diretamente e parece que está prestes a gritar comigo.
— O que deu em você? — ao invés disso, sua voz sai baixa e as palavras são vagarosas, quase como se ele estivesse em um campo minado, mas quem deveria se sentir assim sou eu.
— Só estou querendo conversar. — dou de ombros. — E estou curiosa sobre como você aprendeu a cozinhar tão bem. — lanço meu melhor olhar de inocência para ele.
— Hum. — volta a pegar os talheres e não abandona a expressão desconfiada. — Foi na fraternidade. Três caras da casa eram estudantes de gastronomia e eu tinha tempo. Observava eles cozinhando e debatendo entre si o tempo todo, também fazia perguntas quando queria saber algo.
— Não imagino você sendo curioso sobre alguém.
— As pessoas mudam.
O silêncio retorna quando voltamos a comer. Observo melhor a postura dele e deduzo que está calmo o bastante para pensar sobre a pergunta que eu farei a seguir.
— Pode alimentar o Cheddar hoje às quatro? Não vou estar em casa nesse horário e ele precisa comer regularmente.
