Chapter two

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As fortes e geladas rajadas de vento fizeram Aoom encolher todo o seu corpo; em pleno final de outono o frio castigava quase severamente. A garota estava guardando seu crachá em sua bolsa quando suas chaves caíram no chão. Imagine ter que tocar no metal, agora molhado, em pleno nove graus Celsius?

Serenava devido à hora: Pouco mais das onze da noite. Aoom fez o que mais cedo ou mais tarde teria que fazer e acabou pegando a chave do chão. A garota voltou a se levantar, todavia, algo não a deixou se mover. Ela fechou os olhos ao cair em percepção de que deveria ter ido visitar a senhora Ramida e Meena.

Seus passos foram desajeitados e apressados para dentro do hospital e logo ela estava no elevador rumo ao quarto da garota. Por sorte não precisou ter que gravar outros números de quartos aquele dia, se não, com certeza teria problemas em se lembrar do número do quarto de Meena.

Assim que chegou ao piso em que deveria descer, ela rumou para o quarto. Deu três suaves batidas na porta e logo a mesma foi aberta.

- Olá. -- Ela disse docemente. -- Muito tarde? Se quiser eu posso voltar amanhã e...

-- Não se preocupe, criança. Entre. -- Ramida disse, vendo Aoom (Agora não uniformizada) entrar. A garota deixou a bolsa no canto da sala e se aproximou de Meena.

-- Olá, Meena. Como está? -- Aoom disse, vendo Ramida voltar a se sentar em sua cadeira. - Vejo que pentearam seus cabelos. Está linda!

-- Ninguém a visitava e, bem, ela sempre gostou de ficar bem arrumada para as visitas. Dei uma leve ajeitada. - Ramida disse sorrindo fraco e Aoom agradeceu mentalmente por ter lembrado de visitá-la. A mulher teria se chateado caso o cérebro de Aoom resolvesse falhar em lembrá-la de algo novamente.

-- Oh!-- Aoom disse. A menor analisou a expressão da mãe de Meena. Aquela mulher carregava consigo uma dor tão profunda que transparecia no brilho de seus olhos. - Viu só, Meena? Sua mãe ainda se lembra de seus gostos. -- Ramida riu baixinho e assentiu.

- Você é muito especial, Aoom. -- Ramida disse, causando um sorriso no rosto da menor.

- Obrigada, senhora. - Ela disse sentindo-se lisonjeada. -- Meena, vou contar para você e sua mãe sobre o meu chefe, quer escutar? - Aoom perguntou sorrindo. -- Ele brigou muito comigo por ter entrado aqui mais cedo. Ele realmente não deve gostar de mim. -- Falou rindo.

- Oh, querida. Enganos acontecem. Por que ele brigaria com você?

- Por importunar a paz de uma família. Eu deveria ter ido à outro quarto. Levei bastante xingo, mas sabe, Meena? Gostei de conhecer vocês duas. -- A porta foi aberta de supetão, roubando a atenção do momento para o doutor que entrava na sala.

- Boa noite, moças. Como estamos por aqui? -- O homem que aparentava seus quarenta e poucos anos era ligeiramente grisalho, mas incrivelmente lindo e simpático. -- Temos visita nova para você, Meena? -- O homem disse em um tom alegre e empolgado.

-- Aoom é nossa nova amiga, Doutor Lucas. -- Ramida disse sorrindo, se afastando para dar lugar ao médico, que retirava sua pequena lanterna do bolso de seu jaleco.

- Vamos lá. -- Ele disse, abrindo um dos olhos de Meena e jogando luz nele. Aoom pôde ver que os olhos eram castanhos também, uma tonalidade incrível, se fosse ser honesta. Muito bonito.

- Você não se incomoda com isso, Meena? Se alguém jogasse luz nos meus olhos eu choraria de raiva. -- Aoom disse rindo. -- Sou meio explosiva na TPM.

- Como disse que se chamava? -- O médico perguntou, se virando para Aoom.

-- Bem, eu não disse. Ramida que me apresentou. Sou Aoom.

- Certo. Aoom...

- Já sei. Pedirá silêncio. Desculpe! - Ela disse rindo um pouco envergonhada.

- Muito pelo contrário. Continue falando. - Aoom arqueou uma sobrancelha.

- Bem, eu não entendi, mas tudo bem. Sou fácil em falar coisas aleatórias do nada. Isso me faz parecer louca? -- Ela perguntou, vendo Ramida rir.

- Não, querida. -- A mulher respondeu gentilmente.

- Aoom, ande até a porta, por favor. -- O homem pediu e Aoom assentiu confusa. -- Vá falando. --Que espécie de louco aquele médico era? Aoom resolveu acatar seu pedido mesmo assim.

- Eu não posso ficar falando sozinha, doutor. O senhor me pede para falar, mas é complicado e isso compromete a minha imagem na frente de Meena.

- Repita o nome dela. - O homem pediu com veemência.

- Está tudo bem, doutor? -- Ramida perguntou preocupada. O homem jamais fez algo assim em todos os anos que esteve ali. Ele era apenas um interno quando foi apresentado ao caso e permaneceu até os dias atuais ao lado daquela família.

- Sim. Só preciso que Aoom repita o nome da Meena.

- Claro. Meena, eu não sei porque o doutor quer que eu repita seu nome, mas gosto de "Meena". É um bonito nome e por isso repeti sem problemas.

O homem soltou uma risada animada e apagou a lanterna, olhando para Ramida visivelmente comovido. Ele havia se apegado à garota e dizia que naqueles quatorze anos Meena lhe ensinava sobre perseverança todos os dias.

- Senhora Nakamura, podemos trocar uma palavra? -- Ele perguntou e Ramida olhou confusa e assustada para ele.

- Eu prefiro que Aoom esteja comigo. -- Ela confessou. -- Você sabe que eu não tenho... mais ninguém, doutor. - Os olhos negros do homem se direcionaram para Aoom antes de ele assentir.

- Tudo bem. -- Ele disse. -- Senhora Nakamura, de alguma maneira a sua filha parece responder quando ouve. As pupilas se dilatam e se movem, porém...

- Oh meu Deus. -- Ramida disse levando sua mão à própria boca. -- Ela nos ouve? Oh meu Deus. Minha filha... -- A mulher começou a chorar e o doutor respirou fundo.

- Preciso que se acalme, senhora. Ainda tem mais. -- Ele disse, vendo-a limpar algumas lágrimas e voltar a fita-lo. Ramida sentiu um aperto cálido em sua mão, virando-se apenas para ver que era de Aoom.

- Prossiga, Doutor.

- Bem, o mais estranho de tudo é que, bem... Meena só responde à voz de Aoom. Eu falei e nada, a senhora falou e nada, Aoom falou e seus olhos a seguiram. Quando Aoom proferiu o nome dela era como se seus olhos quisessem se aproximar dela.

- Está dizendo... - Ramida foi cortada pelo Doutor.

- A voz de Aoom é o estímulo que procuramos todos esses anos para Meena, Ramida. - Aoom piscou lentamente, tentando processar o que acabara de escutar.

Como raios seu dia se tornará tão louco?

Olá amores, como estão? Trouxe mais um capítulo para vocês. Espero que estejam gostando. Ainda não preparei o terceiro capítulo mas vou fazer isso o mais rápido possível.
Beijos 😘

Em um piscar de olhos - MeenbabeOnde histórias criam vida. Descubra agora