Chapter twenty-five

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Os olhos castanhos estavam há quase um minuto presos nos ferros a sua frente, tentando assimilar o que Aoom dissera para que ela fizesse. Confiava em Aoom, contudo, seu verdadeiro medo estapeou-lhe bem na cara: E se não conseguisse?

- Que tal se tentarmos depois? -- Meena perguntou e Aoom riu suavemente.

- O que combinamos na virada de ano, hm? -- Perguntou, erguendo uma sobrancelha, mas jamais perdendo o sorriso.

- Que este ano eu andaria antes da primavera chegar. -- Meena disse e Aoom aquiesceu.

- Exatamente. -- Afirmou. -- E para isso você precisa começar a treinar na barra paralela. -- Meena umedeceu os lábios pensativa antes de olhar para Aoom temerosa.

- E se eu não conseguir?

- Você vai. -- Disse veemente. -- Seus braços já estão fortes para sustentar o seu peso, agora precisamos trabalhar mais suas pernas.

- Por que meus braços estão bons e minhas pernas ainda não? -- Perguntou.

- Nossas pernas exigem mais força de nós, você vai chegar lá. -- Aoom insistiu pacientemente. -- Para irmos à piscina da sua casa em alguns meses quero que esteja boa, se não, eu não irei. -- Impôs. Meena entortou a boca e olhou para a barra antes de voltar a olhar para Aoom.

- Sem Aoom de maiô ou biquini? -- Perguntou e Aoom segurou o riso.

- Sem Aoom de maiô ou biquini. -- Disse irredutivelmente, o que causou um longo suspiro em Meena.

- Você vai me ensinar a nadar? -- Meena era esperta, queria negociar.

- Sim, mas precisa testar a barra.

- Se eu cair você não ri? -- Pediu envergonhada.

- Você não irá cair. Eu estarei bem atrás de você, pronta para te segurar. -- Aoom informou e Meena tomou fôlego antes de assentir.

- Tudo bem, me leve até ela. -- Pediu. Queria, a todo custo, voltar a andar novamente; queria os passeios que Aoom lhe prometeu; queria poder ter a liberdade de tomar um banho sozinha; de poder subir a bendita escada sozinha; de poder se deitar por conta própria, pois apesar de isso ser algo que ela podia, sua mãe sempre a colocava para dormir.

Não que ela reclamasse, mas havia dias onde ela realmente queria estar sozinha. Aquele era um sentimento novo nos últimos dias, afinal sempre odiara ficar sozinha, porém ter as pessoas em cima dela o tempo inteiro estava começando a incomodar um pouco a menina, mas ela não diria nada a ninguém, não queria ser uma ingrata.

Aoom ajeitou a cadeira de rodas em frente à barra e estendeu os dois braços a ela, fazendo a menor segurar suas mãos. Aquele, de longe, era seu toque preferido: O de Aoom. Havia se passado três semanas após o natal, porém já sentia falta de Aoom dormindo ao seu lado, porque a verdade era que Aoom contava as melhores histórias, todavia, o que prendia a atenção de Meena era a voz eloquente de Aoom, cheia de vida, fazendo cada personagem ser compreendido perfeitamente.

- Pronta? -- Aoom perguntou e Meena engoliu em seco, mas mesmo assim assentiu. -- No três você vai fazer o que eu te disse, certo? -- Novamente Meena aquiesceu.

- Certo. -- Meena disse se preparando.

- Um... -- Aoom começou a contagem, tentando transpassar segurança, porém seu interior estava aflito e ansioso. -- Dois... -- Ramida se aproximou um pouco mais, mal podia esperar por aquilo. -- Três. -- Disse por fim, vendo Meena tomar impulso e, com a ajuda do leve puxão de Aoom, a garota ficou em pé.

Meena olhou para as próprias pernas sentindo-se diferente, bem distinta do que algum dia já se sentiu. Seus olhos umedeceram e um enorme sorriso preencheu-lhe o rosto, fazendo Aoom acompanhar a expressão.

- Eu estou em pé, Aoom... -- Meena disse ainda incrédula. Sabia que não sairia andando por aí, que ainda tinha um longo caminho a percorrer. Claro que sabia! Aoom já havia lhe explicado, mas o fato de conseguir se sustentar sobre seu próprio peso era magnífico e ela não podia medir a amplitude de seus sentimentos.

Aoom sorria diante da emoção no rosto de Meena e de Ramida, mas as borboletas em seu estômago vieram lhe visitar assim que Meena apertou mais suas mãos e a puxou para mais perto. Seu rosto se levantou alguns centímetros e seus olhos subiram, acompanhando seus cílios, apenas para encontrar as orbes castanhas fixadas em si, tão cintilantes quanto nunca. Aoom estava em uma espécie de transe, até ouvir Meena dizer algo novamente:

- Eu sou mais alta do que você. -- Meena disse sorrindo singelamente, fazendo Aoom engolir em seco devido à proximidade das duas.

Claro que ela não beijaria Meena ou vice-versa, não haviam sequer trocado outro selinho depois do primeiro e, mesmo que tivessem, ela tinha a plena ciência de Ramida as vigiando. O que fazia Aoom sentir sua pressão baixar foi a sensação de Meena em pé tão perto; uma real e clara melhoria; um sinal de que as coisas não estavam estacadas.

- Nem tanto, temos quase a mesma altura. -- Aoom disse rindo suavemente, sentindo Meena se agarrar mais em si como apoio.

- Eu sempre imaginei se eu seria mais alta. -- Meena disse sorrindo. -- Você continua linda daqui de cima.

Certo, ainda havia momentos onde Aoom enrubescia fortemente ante aos elogios de Meena. Eram elogios inocentes, mas que faziam seu coração flutuar mesmo assim. Um pigarro de Ramida fez Aoom corar ainda mais, focando no que realmente devia.

- Certo, vou para trás de você e te guiar. -- Aoom disse, segurando a cintura de Meena e indo para trás dela. A menor empurrou um pouco a cadeira para trás e se ajeitou no corpo da maior, tendo suas mãos segurando firmemente na pele de sua cintura. -- Segure nas barras, Meena. -- E assim a menina fez, levando suas mãos brancas até as barras.

- Eu realmente sustento meu próprio corpo com os braços. -- Meena disse entusiasmada, vendo que Aoom não era nada mais que um apoio.

- Agora quero que ande. -- Aoom pediu. -- Aplique todo o peso que suas pernas aguentarem, mas fique atenta aos braços, eles te segurarão quando as pernas não ajudarem.

- Você vai ficar aí, não é? -- Meena perguntou. -- Mamãe, eu vou andar! -- Exclamou com entusiasmo.

- Vou ficar com você todo o tempo. -- Aoom disse, esperando Ramida dar um beijo no rosto da filha por cima da barra antes de se afastar de novo.

Durante todo o tempo, Meena fez todos os exercícios sem reclamar, colocando máximo empenho em tudo, mas houve uma hora em que seu corpo estava extremamente cansado, que ela já não aguentava muito. Aoom soube ler seus movimentos, a colocando na cadeira novamente. Apesar da evidente exaustão, Meena parecia tão feliz que acabou por segurar a mão de Aoom e plantar um beijo sobre a pele delicada.

- Obrigada, Aoom. -- Pediu alegremente, fazendo Aoom sorrir diante do gesto.

- Obrigada você por tentar. Agora preciso continuar o trabalho, tenho mais alguns pacientes. Nos vemos amanhã pela manhã. -- Aoom disse, pois já fazia parte de sua rotina visitar Meena e Ramida todos os dias. -- Fiquem com Deus. -- Aoom disse, se inclinando para deixar um beijo no rosto de Meena, sem embargo, foi surpreendida quando a menina virou o rosto, fazendo seus lábios se encontrarem.

Aoom corou assim que se afastou e seus olhos, automaticamente, foram para Ramida. Será que a mulher pensava que sempre que elas ficavam sozinhas faziam isso? Céus, o embaraço a dominou completamente.

- Huh, eu... -- O riso calmo de Ramida contradizia o aparente constrangimento em seu rosto.

- Vá, querida. Está tudo bem. -- Ramida disse e Aoom assentiu, segurando a mão de Meena e depositando um beijo ali.

- Nos vemos, princesinha. -- Disse sutilmente, vendo Meena assentir freneticamente.

- Até amanhã, Aoom. -- Meena disse, fazendo Aoom sorrir antes de sair. Apesar do evidente embaraço, ela ainda assim podia sentir seus lábios formigando e seu coração agitado.

Sem perceber um sorriso brincava em seus lábios.

Boa noite, pessoal!! Hoje vou trazer dois capítulos pra vocês, então fiquem ligados. 😉

Em um piscar de olhos - MeenbabeOnde histórias criam vida. Descubra agora