Chapter eighteen

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Enquanto Aoom ajudava Meena a descer do táxi e se sentar na cadeira de rodas, Ramida foi na frente para abrir a porta e levar as coisas que Meena havia ganhado de Aoom, tais como a flor e a cesta de chocolates.

A casa era a típica tradicional tailandesa: Um belo jardim na frente, um gramado estendido por todo o local, que só se perdía na trilha de calçada que se formava até a entrada da casa. Mais ao lado havia a calçada que dava para a enorme garagem, de porta branca de aço. Simples porém elegante.

- Mãe, eu dormi por quatorze anos, não foi? -- Meena elevou sua voz, fazendo-a alcançar os ouvidos de sua mãe.

- Sim, meu amor.

- Então por que ainda está tudo tão... -- Seus olhos percorreram toda a extensão. - Igual? - Ramida sorriu antes de replicar:

- Eu sonhava com o dia em que seu pai voltaria para esta casa, mas infelizmente ele não voltou. -- Ela disse tristemente, porém trazia consigo um sorriso inabalável. -- Depois fui deixando igual, somente renovando a pintura e mantendo tudo assim, apenas para que quando você voltasse não se assustasse com a mudança. -- Confessou. -- Demorou quatorze anos, filha, mas você voltou.

Meena sorriu, sem barreiras, sem pudor. Sorriu de uma forma tão pura que atingiu cada canto da alma de Ramida e, é claro, de Aoom, que assistia tudo.

- Eu te amo, mamãe. -- Meena disse. -- Mas se eu jamais tivesse acordado eu realmente gostaria que você enfeitasse a casa de um jeito que não te lembrasse de dias ruins.

Sem ao menos perceber Ramida estava chorando. Não um choro triste, muito pelo contrário, eram apenas lágrimas de alegria, de alívio, de paz. Sua filha estava bem, no final das contas.

- Oras, não me faça chorar na frente de Aoom, meu amor. -- Ramida pediu, levando o dorso de seus dedos até o canto de seus olhos para livrar-se das lágrimas. -- Vamos, não fiquem paradas aí, venham.

Aoom assentiu e começou a empurrar a cadeira na direção da casa. Seus olhos curiosos analisaram tudo, porque ao contrário do exterior, o lado interior da casa não se assemelhava em nada com o tradicional. Qualquer um notaria que uma família de classe alta vivia ali.

Todos os móveis de madeira maciça davam destaque dentre as paredes cinzas e brancas. Os enormes quadros abstratos que enfeitavam as paredes, com suas molduras douradas, entregavam o amor pela arte. Na sala, que era o cômodo onde se encontravam, o enorme tapete preto felpudo cobria o chão, contrastando com o lustre de luzes brancas no centro do cômodo.

- Mamãe, posso mostrar meu quarto para a Aoom? -- Meena perguntou animada, lembrando-se da quantidade de brinquedos que costumava ter.

- Vamos ter que deixar isso para a próxima. Seu quarto fica em cima e não quero que Aoom tenha que tentar te subir. Dei folga para os empregados, então hoje terá que dormir em um dos quartos daqui debaixo.

- E quando eles voltam?

- Amanhã. -- Clara informou.

- Então a próxima vez que a Aoom vier posso mostrar a ela? -- Perguntou esperançosa, vendo Ramida assentir.

- Sim, querida. - Disse gentilmente. - Aoom, sente-se, por favor. Fique à vontade. -- Pediu. -- Vou preparar algo para comermos.

- Obrigada, senhora Nakamura.

- Ramida, querida. Me chame de Ramida. -- Pediu sorrindo.

- Certo, dona Ramida.

- Sem o dona. -- Disse, fazendo Aoom rir.

- Tudo bem, Ramida. -- Disse, vendo a mulher desaparecer do cômodo.

- Aoom, temos uma piscina grandona. Você acha que as minhas pernas vão ficar boas até o verão? -- Perguntou. Aoom caminhou até o sofá e deixou a cadeira de frente para ele, sentando-se diretamente de frente para Meena.

- Eu acho que até a primavera elas já estarão boas, Meena. -- Respondeu. -- Suas pernas estão perfeitas, só precisam aprender a se adaptar ao seu novo tamanho e peso e recuperarem a força.

- E você vai vir nadar comigo?

- Se você quiser que eu venha, virei.

- De maiô? -- Perguntou arqueando uma sobrancelha. -- Não se deve entrar na piscina de roupa.

- De maiô ou de biquini, tanto faz. -- Deu de ombros. -- Sua casa é muito bonita.

- Você também. -- Meena respondeu dando um sorriso suave.

- Obrigada. -- Respondeu naturalmente; ela já estava se acostumando aos elogios de Meena, eram puros e genuínos, algo que enchia o coração de Aoom de um sentimento bom.

- Posso me sentar aí no sofá com você? -- Perguntou, vendo Aoom assentir e se inclinar, puxando Meena para o sofá com toda a delicadeza que havia em si. -- Obrigada. Acho que estou cansada.

- Quer descansar um pouco? -- Aoom perguntou, vendo Meena assentir. -- Então deite-se que eu ficarei ao seu lado até que pegue no sono.

- Deita comigo? -- Pediu, coçando um de seus olhos.

- Claro. -- Ela disse, se deitando no sofá e trazendo Meena para cima de si.

- Aoom, o Leo também quer um abraço seu. -- Meena disse, prendendo a visão no ursinho que estava na cesta sobre a mesinha de centro. Aoom riu e esticou o braço, pegando o ursinho e o colando sobre o outro lado de seu peito.

- Assim está bom? -- Aoom perguntou e sentiu Meena assentir antes de afundar seu rosto na curva do seu pescoço.

- A Tina me disse ontem que depois que ela cresceu ela parou de ouvir histórias. -- Meena informou com a voz mais baixa, fechando os olhos ao sentir o carinho de Aoom em seus cabelos. -- Então eu decidi que como estou ficando grandinha não vou mais ouvir também.

- Tem certeza? -- Aoom perguntou, surpresa demais, afinal Meena adorava ouvir contos e histórias, principalmente as românticas. -- Meena, não precisa parar com as histórias.

- Eu já me decidi. -- Ela disse com veemência, levando seu braço esquerdo até o Leo, abraçando assim ele e Aoom ao mesmo tempo.

- Tudo bem, então. -- Aoom disse, mantendo suas carícias em Meena.

- Aoom? -- A voz rouca voltou a soar.

- Sim, meu amor? - Perguntou com a voz repleta de doçura e paciência.

- Será que você poderia contar uma história para o Leo? -- Aoom riu graciosamente, desfrutando do calor do corpo de Meena sobre o seu.

- Contar uma história para ele? Acha que ele gostaria?

- Sim. Ele ainda é neném. - Respondeu.

- Suponho que ele queira ouvir romance, hm? -- Aoom perguntou em tom divertido.

- Sim. Ele adora romance. -- Meena disse e Aoom assentiu.

- Bom, era uma vez uma garota que se chamava Bela...

- Não, Aoom. Essa não! -- Meena a interrompeu. -- Conta uma onde a garota se chama Aoom. -- Aoom riu alto, pois todas as histórias que contara à Meena ela havia substituído os nomes dos protagonistas por Aoom e Meena e, aparentemente, Meena havia gostado disso.

- Certo. Era uma vez, uma garota que se chamava Aoom... -- E assim foi, contou sua história até o sono chegar. Ela não soube dizer quem dormiu primeiro, mas quando Ramida apareceu na sala não resistiu em rir baixinho diante da cena que vira:

Aoom abraçava com possessão o corpo de Meena com um braço, enquanto com o outro fazia o mesmo com o ursinho de pelúcia. Já Meena, com apenas uma braço abraçava os dois ao mesmo tempo. A mulher suspirou bobamente, aquela definitivamente fora as coisa mais fofa que já presenciara em toda a sua vida.

Ai, ai essas duas... Bem, aqui está o capítulo que prometi, nos vemos amanhã. Boa noite, pessoal!!

Em um piscar de olhos - MeenbabeOnde histórias criam vida. Descubra agora