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  Eu e o Carl estávamos no consultório, sentados em cadeiras. Nenhum de nós falávamos nada, estávamos apenas olhando pro nada e aquilo 'tava me matando.

— Caralho...– Falei.

— Você quer alguma coisa? Posso te compra algo pra comer– O Carl me perguntou.

— Eu vou fazer um aborto, não posso comer– Respondo.

— A é... eu tinha me esquecido– O Carl diz.

— Eu vou fazer um aborto... A gente tinha que ter se cuidado melhor– Eu falo e passo a mão no meu rosto— Por que você não tirou o seu pau antes?

— Se essa gravidez foi de umas das vezes que você 'tava por cima com certeza a culpa não é minha. Não dá pra tirar o meu pau, acontece muito rápido– O Carl disse.

— Eu ainda falei que não seria igual a minha mãe...– Falei.

— Teoricamente você não é igual a sua mãe. Ela teve o bebê, você vai tirar o bebê– O Carl diz— E o preço pra tirar esse bebê foi caro pra caralho.

— 'Tá falando que eu 'tô fazendo a coisa errada?– Perguntei— Porque eu não fiz ele sozinha, você 'tava bem presente o processo inteiro. Ele não taria aqui se você não tivesse demorado pra tirar.

— Não 'tô falando que você 'tá fazendo a coisa errada, só que a gente vai matar o nosso filho– O Carl disse.

— Valeu, fala de novo que eu vou matar o nosso filho. Vai ajudar muito– Eu falo.

— Foi mal, eu não sei o que falar– O Carl diz.

— Ayla Morgan Ross— Me chamaram.

— Sou eu– Falei me levantando.

  O Carl se levantou e a gente se olhou.

— ...Boa sorte? Não sei se isso é sorte. O que eu tenho que falar pra você– O Carl disse.

  Eu dei um selinho nele e fui seguir a mulher.

  Eu achei que só ia me deitar na maca eles iriam me drogar e... tirar o bebê. Mas não, me fizeram sentar numa sala, ver um vídeo sobre aborto e sobre a vida do bebê.
Eu consegui ver o vídeo, porém, eles me levaram pra outra sala, me fizeram deitar em uma maca e colocaram um negócio dentro da minha vagina, porque falaram que como era muito cedo eu tinha que fazer uma ultrassom tranvaginal.
  Quando eu vi o bebê... quando eu vi ele naquele tela... daquele tamanho... meus olhos se encheram de lágrimas. Porém, eu ainda 'tava decidida a fazer um aborto.
 
  De repente eu comecei a ouvir um som diferente.

— O que é isso?– Perguntei.

— É o coração– A médica respondeu.

  E como um passo de mágica... meu mundo caiu... Eu não sei o que mudou, eu... eu só não podia fazer aquilo naquele momento. Eu fiquei com medo.

— Tira isso de mim– Eu falo.

  A médica me olhou meio confusa.

— Tira!– Eu gritei.

  Ela tirou o negócio de ultrassom e eu me levantei. Eu troquei de roupa e coloquei as minhas mesmo. Em seguida eu sai de lá o mais rápido que eu pude.
  Quando eu cheguei na sala de espera o Carl se levantou e se aproximou.

— 'Tá tudo bem? Doeu? 'Tá doendo? Quer se sentar?– O Carl me perguntou.

— Eu não consegui... me colocaram pra ouvir o coração... Me fizeram ver o bebê... não deu. Não deu... O coracao dele já bate!– Respondo— ...Não posso fazer isso agora.

Shameless| Carl Gallagher Onde histórias criam vida. Descubra agora