06: Pessoas normais se encontrando por acaso.

202 27 16
                                    


🦌

O barulho irritante que vinha do meu celular tirou-me do sono de domingo a tarde, depois de uma limpeza geral pelo apartamento. Inicialmente, senti vontade de joga-lo para longe e continuar em meus doces sonhos, mas ter de comprar um celular novo não era um luxo que eu poderia me dar. Num resmungo, levantei a cabeça para ver quem ligava.

O nome de Son Chaeyoung estava na tela, me deixando satisfeita por ser alguém que eu tenha intimidade o bastante para xingar. Eu atendi o telefone sem deixar ela dizer nada.

— Olha aqui, goleira de pebolim, eu estava nas nuvens, dormindo como um anjo e tendo um sonho muito bom antes de você me acordar com essa merda de ligação. — Suspirei. — Eu espero que seja algo importante.

— Boa tarde para você também, Tzu. — Ela disse do outro lado da chamada, como quem não ligava. — Eu vou resumir. Estava conversando com Sana sexta-feira, no restaurante, falei a ela que eu estava encalhada e ela conseguiu arrumar um encontro para mim, mesmo a mulher tendo dito que eu sou "desprezível". Você me acha desprezível?

 — Sim.

— Enfim, ela é gostosa, pelo menos. — Ignorou. — Quanto a sua parte na história, eu estava pensando se você poderia...

— Não. — Eu ia desligar, mas um grito de Chaeyoung se fez presente na linha.

— Tzuyu-ah, por favor! — Implorou. — Eu vou ter que fingir que é por acaso, vamos nos encontrar no shopping aleatoriamente e vou conhecer a garota. Será estranho se eu estiver por lá desacompanhada.

— Son, não vou ficar de vela para você. — Revirei os olhos, quase os fechando novamente para voltar ao sono.

— Sana vai ficar de vela com você.

O nome imediatamente me fez acordar. Eu me sentei na cama, pensando sobre isso. Seria realmente estranho falar com Sana depois do incidente no carro, não a respondi depois de ontem e de manhã dei uma bisbilhotada em seu perfil do Instagram, que era seguido por todos os professores, menos eu. 

— Sana?

Foi o que consegui dizer. Levantei em um pulo, observando o meu estado pelo espelho. Os cabelos desarrumados, olhos inchados e rosto marcado pelo travesseiro.

— Sim...?

— Para que dia você marcou isso aí? — Lembrei-me de agir com desinteresse. Chaeyoung deu uma risada nervosa.

— Hoje.

— Hoje? Puta que pariu, Chaeyoung. — Cocei a nuca. — Eu estou indo aí.

— Mas você não disse que acabou de acor...

Desliguei a ligação antes que ela terminasse de falar, indo para o banho.

Durante o processo de encontrar algo para vestir, Kaya me seguia com seu olhar, deitada em cima de minha cama. Quase pude sentir inveja dela por estar dormindo enquanto eu sairia. Eu agi como esquizofrênica ao falar com ela várias vezes e pedir sua opinião, mas no final, escolhi algo que alguém no shopping usaria. Um shorts de alfaiataria preto e uma blusa de listras em tons de azul. Nos pés, um vans preto simples. Apenas deixei os cabelos soltos e coloquei o mesmo óculos de sempre.

Índigo | SatzuOnde histórias criam vida. Descubra agora