PSICORAVE

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O ar da madrugada era impregnado de um frescor não comum para uma noite de verão, que parecia penetrar até mesmo os recantos mais profundos da pequena cidade que, na maior parte do ano, estava envolta pelo calor do Ceará

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O ar da madrugada era impregnado de um frescor não comum para uma noite de verão, que parecia penetrar até mesmo os recantos mais profundos da pequena cidade que, na maior parte do ano, estava envolta pelo calor do Ceará. As ruas desertas estendiam-se diante de Gael, durante a sua volta para casa após uma festa universitária na única faculdade da região. Seus passos arrastados ecoavam em meio ao silêncio da madrugada, carregando consigo a fadiga de uma noite quente e intensa. O peso dos excessos e das emoções turvas pesava em seus ombros, enquanto ele se aproximava lentamente de sua casa.

Gael emanava uma presença imponente, com seu porte físico impressionante e meticulosamente esculpido através de árduos treinos e uma busca incansável pela perfeição. Cada músculo parecia esculpido com precisão, refletindo sua dedicação e disciplina na academia de seu irmão mais velho, Gugu. Sua altura imponente acrescentava uma aura de imponência em seu caminhar. Sua pele clara, iluminada pelo luar, contrastava com os cabelos negros bagunçados, testemunhas de suas danças frenéticas na festa.

Ao entrar em sua casa, Gael percorreu os cômodos com uma mistura de êxtase e curiosidade. Cada objeto que tocava parecia transmitir uma energia impalpável e as músicas ainda ecoavam em sua mente, criando uma trilha sonora eloquente.

Enquanto caminhava pelo corredor estreito, e os efeitos psicoativos dos cogumelos que tomara na calourada começavam a se fortalecer, uma pintura antiga de seus pais na parede parecia ganhar vida, com suas cores vibrantes e formas enigmáticas dançando diante de seus olhos. Cada respiração era uma inalação profunda do ar carregado de euforia, como se o universo estivesse revelando segredos apenas para ele.

As batidas incessantes das músicas eletrônicas ecoavam em sua mente, como uma poderosa invocação que o transportava para além dos limites da realidade. Ele nao estava mais aqui. O ritmo frenético das batidas pulsava em seus ouvidos, sincronizando-se com os batimentos acelerados de seu coração, como se ambos estivessem em perfeita harmonia. Mas não havia som algum no ambiente.

Cada nota musical imaginária era uma faísca que reacendia a chama da festa em seu interior. Os sons hipnóticos o envolviam, criando um redemoinho de energia vibrante que se propagava por todo o seu ser. Seus movimentos fluíam em perfeita sintonia com a música em sua cabeça, enquanto seu corpo se entregava à dança extasiante. Seus pés não obedeciam a seus comandos, suas mãos pareciam não fazer parte do seu corpo.

Na memória de Gael, as luzes multicoloridas da pista de dança ainda brilhavam intensamente, criando um espetáculo visual psicodélico.

AZUL, VERMELHO, VERDE, AMARELO, AZUL, AMARELO, VERDE, VERMELHO, FOGO.

Enquanto as lembranças da festa refletiam em sua mente, Gael fechou os olhos e permitiu-se reviver aquele momento mágico. Cada batida grave era como se a música tivesse o poder de transcender as barreiras da realidade e nos conectar a um estado de êxtase.

Gael adentrou seu quarto, seus passos pesados ressoavam no chão de madeira. Seu corpo robusto, banhado em suor, emanava exaustão e alegria.

Ainda sob o véu hipnótico dos cogumelos, Gael sentia-se no desejo de prolongar a intensidade da droga, a estender aquele momento de euforia e transcendência. O quarto, mergulhado na penumbra, parecia pulsar em resposta às batidas de seu coração. A mobília, distorcida e sombria, parecia ganhar vida própria, dançando ao ritmo das bruxas presentes na alucinação de Gael.

MAU AGOUROOnde histórias criam vida. Descubra agora