26 - Veintiséis -

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Planeta Gênesis, Ano de 2703.

                             

Narrator's Point of view

                             

Quando algo te faz mal você geralmente se afasta, mas o que fazer quando esse mal está dentro de você?

                             

Naquela madrugada Rebecca havia sido levada para uma memória muito antiga, quase esquecida e nem por isso menos dolorosa. Tal lembrança não a deixou dormir direito. Gritos, o choro estridente de dois bebês ao fundo, o sangue, as ameaças, o desespero, a dor, as orações. Quando ela percebeu já eram sete horas da manhã e o sol já havia nascido.

                             

Tomou seu banho ainda tomada pelas piores lembranças de sua vida e percebeu que havia perdido a fé em Deus ao longo desse processo. Mês a mês durante aqueles três anos ela orava e pedia ajuda a ele, mas não obtinha respostas. Por fim resolveu acreditar que ele não existia, mas jamais debochou da fé de sua mãe ou de ninguém; no fundo achava lindo aquela fé cega de sua mãe ao crer e confiar sua vida a algo que ela acreditava ser muito maior.

                             

Desceu as escadas cansada, porque se dormira uma hora durante toda a noite foi muito. Petrificou em seu lugar ao encontrar, ao pé da escada, Freen com um buquê de rosas violetas em sua mão. Sinu, ao ver Rebecca, sorriu largo, sem imaginar o que havia ocorrido no dia anterior.

                             

Como Kate conseguiu impedir que chegassem aos seus pais Rebecca preferira não aborrecer-lhes contando o que houve. Sofia mencionou tudo como "um passeio com Freen." E o assunto morreu.

                             

"Seu pai já foi. Estou de saída, querida. Juízo." Sinu disse, piscando para Rebecca e saindo de casa. Os olhos da menor seguiram sua mãe durante o trajeto até a porta, mas, assim que a figura de Sinuhe desaparecera, o olhar frio de Rebecca pousou em Freen.

                             

Desceu as escadas lentamente, se perguntando se aquela garota era alguma espécie de retardada por estar ali depois de tudo. Parou um degrau acima de Freen, com sua mão sobre o corrimão da escada de madeira e olhou para as flores.

                             

"São para você." Freen disse, vendo que os olhos da mais nova analisavam o que havia em sua mão. O olhar de Rebecca voltou para Freen, a fitando meticulosamente por alguns segundos.

                             

"O que te fez pensar que dar algo que tem a vida com prazo de validade seria algo que me impressionaria?" Rebecca perguntou com acidez, fazendo Freen corar constrangida.

                             

"Eu... Só quis ser gentil, desculpe." Disse baixinho.

                             

"Gentil? Você diminuiu drasticamente o tempo de vida dessas pobres flores. Isso não é ser gentil; é ser cruel." Freen respirou fundo e abaixou o olhar.

                             

"Eu só pensei que..."

                             

FʀᴇᴇɴBᴇᴄᴋʏ • 𝐆𝐄𝐍𝐄𝐒I𝐒• (ปฐมกาล)  𝐕𝐢𝐬𝐢𝐬𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora