Fogo do Inverno

Capítulo 9- Lucerys Targaryen Stark

  Finalmente Lucerys chegou em Ponta Tempestade, a chuva caía como se anunciasse algo terrível. A primeira coisa que o príncipe viu foi Vhagar. Velha e pesada, o encarando do lado de fora dos muros. A dragão falou alguma coisa mas a chuva não o deixava escutar.

Então soube que Aemond havia recebido a mesma tarefa que ele. Por um segundo amaldiçoou os Deuses, que tipo de brincadeira poderia ser aquela?

Lucerys desceu de Arrax ouvindo o lamento do dragão, implorando para que seu cavaleiro permanecesse montado, para que pudessem partir. Mas Lucerys tinha uma mensagem para entregar, e ele não queria decepcionar sua mãe.

Ela havia confiado nele, e qualquer medo que estivesse sentindo, não deveria ser maior que seu dever.

- Eu sou o Príncipe Lucerys Targaryen Stark- ele disse, gaguejando, tremendo de frio, quando o vento o alcançou, os dragões não eram feitos para o frio, por isso ele achava que não poderia herdar o norte - Trago uma mensagem da Rainha para lorde Borros.

- Príncipe Lucerys Targaryen Stark.-um dos cavaleiros Baratheon, que guardava a entrada do castelo, o reverenciou, e deu espaço para que o garoto passasse, o seguindo de perto na direção do grande salão de Ponta Tempestade.

- Filho da princesa Rhaenyra Targaryen .-outro cavaleiro o anunciou, mais a frente, e tomou espaço ao lado, para que o príncipe pudesse caminhar até metade do salão. Lucerys teve que desfaçar o seu desgosto ao ouvir o guarda falando o titulo errado de sua mãe.

Assim ele fez, sob o olhar de lorde Borros, de vassalos que o acompanhavam, e de Aemond... O garoto caolho, usando preto da cabeça aos pés, com o longo cabelo preso em sua metade, e com um sorriso amargo no rosto.

-Lorde Borros...- Lucerys começou sua sentença, mas sua voz foi engolida por um trovão do lado de fora, o ouvido do príncipe herdeiro do norte doeu mas aumentou o tom da voz  -Trouxe-lhe uma mensagem da minha mãe... a Rainha.

-Que engraçado - lorde Borros, em seu assento, riu com graça.- Mais cedo neste dia, recebi um enviado daquele que se diz rei. Qual é? Rei ou Rainha? A Casa do Dragão parece não saber quem a governa.- ele riu mais uma vez, no entanto de maneira ainda mais alta o lorde disse.- A mensagem da sua mãe, garoto? Qual é

Com dificuldade, Lucerys puxou o papel com a letra de meistre Gerardys, tropeçando nos próprios gestos enquanto o estendia. Um dos guardas Baratheon tirou o papel da mão do príncipe e o levou até Borrost, que irritado pediu que chamassem o meistre. Lucerys teve que segurar o riso, um lorde que não sabia ler? Era deprimente.

O meistre apareceu. Leu em tom baixo a mensagem de Rhaenyra e passou com clareza para Borros, que descontente voltou a encarar Lucerys.

-Me lembrar do juramento de meu pai não vale nada .-ele ralhou - O rei Aegon pelo menos veio com uma oferta: minhas espadas e estandartes para um pacto de casamento. Se eu fizer o que sua mãe manda... com qual das minhas filhas você vai se casar... menino?

-Meu senhor... não irei me casar por dever.- Lucerys falou em um sussurro.

-Ah... Então você vem com as mãos vazias.- Borros balançou a cabeça com desagrado.-Vá para casa, garoto. E diga à sua mãe que o Senhor de Ponta Tempestade não é um cachorro que ela possa assobiar quando precisar enfrentar seus inimigos.

-Levarei sua resposta à Rainha, meu senhor.- Lucerys disse, e suspirou com raiva.- Mas peço que tome cuidado, o norte se lembra.

- ESTA ME AMEAÇANDO!- Lode Borros gritou.

- Não, só estou falando um dos lemas de minha casa.- Mesmo que muitos se esqueçam Lucerys ainda era um dragão.

O garoto se voltou para fora, dois guardas o seguiram, mas antes que alcançasse a porta, Aemond o parou.

- EU QUERO O SEU OLHO!- Aemond gritou avançando para cima de Luke que ficou tão assustado que deixou que suas asas fossem para fora.

  Todos exclamaram surpresa, o meitre se ajoelhou e começou a rezar, as filhas de lorde Borros se afastaram, o lorde o olhava impressionado, os guardas deixaram as suas espadas de lados mas Aemond olhava o sobrinho em vitória.

- Eu disse a todos aquele dia que você e seus malditos irmãos são aberrações, e ninguém acreditou em mim, mas agora todos vão acreditar quando eu levar a suas asas e seu olho.

- Não vou lutar com você. Eu vim como enviando e não como um guerreiro.- Lucerys deixou as suas asas irem para dentro de seu corpo de novo.

- Você é um covarde e uma aberração.- Aemond disse.- Eu vou ter o que eu quero ou vou ter a sua vida.

Assim, os guardas Baratheon se colocaram entre os príncipes e escoltaram Lucerys do grande salão até o pátio do castelo, onde Arrax estava encolhido na chuva, esperando sua volta

Lucerys percebeu a agitação do dragão quando se aproximou, e tentou o acalmar, usando o alto valiriano, sua língua materna , para que pudesse enfim o montar e seguir na direção de casa.

- Estou aqui.- Lucerys agarrou o pescoço de seu dragão.

"Eu estou com medo"

- Eu também mas não vou te deixar, nós nascemos juntos vamos voar juntos.- Lucerys montou o seu dragão e finalmente foram ao céus.

Se o céu estivesse calmo, Lucerys talvez conseguisse escapar de seu perseguidor, pois Arrax era mais novo e mais veloz... mas o dia estava tão escuro quanto o coração do príncipe Aemond.

Então ele o seguiu de perto.

Vhagar acompanhou Arrax por todo o caminho, rugindo em desafio e abrindo a boca a cada vez que se aproximava.

Apenas quando Lucerys saiu da tempestade, que o dragão maior pareceu o perder.

O jovem príncipe suspirou aliviado, encarou os lados, molhado de chuva por completo, ele sentiu o vento ainda mais frio em contato com sua pele, e se preparou para seguir caminho com Arrax.

Lucerys puxou a direção do dragão com calma e beijou o seu pescoço.

Foi quando Vhagar voltou a aparecer. Vindo do lado contrário, Lucerys a viu, com a boca enorme aberta em sua direção.

Aemond gritou, animando o dragão para atacar, e com tudo a criatura abocanhou a cabeça de Arrax. Lucerys perdeu estabilidade, e se viu caindo. Soltando as mãos da s
cela de Arrax, ele fechou os olhos, não querendo encontrar a morte daquele jeito...não pelos mares.