Capítulo 01

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Aviso: Para se ter em mente ao longo da fic, algumas informações que são conhecidas hoje naquela época não se tinha tanto conhecimento.  

Christopher avançava em passos largos, a expressão de desespero estampada em seu semblante mostrava seu sofrimento por carregar a esposa nos braços. As últimas semanas haviam sido um martírio para Dulce, afligida por febres, dores abdominais e incessantes dores de cabeça. Entretanto, hoje, a condição dela piorou de um modo drástico, a angústia em relação ao bebê deixou o casal à beira dos nervos. O investigador sabia que a exposição prévia dela ao clorofórmio estava ligada a essa situação, o doutor Almeida explicou para ele, mas cada visita ao médico o rapaz buscava por uma esperança, uma saída para seus problemas.


Apertou a moça com firmeza contra seu corpo, sentindo a fragilidade dela, a manhã trouxe um susto terrível: a esposa tinha perdido muito sangue, desfalecendo diante de seus olhos. Desde o dia que Dulce compartilhou a notícia, confirmando suas suspeitas, parecia flutuar nas nuvens. Caminhou mais um pouco até avistar o posto médico, quando adentrou no estabelecimento, clamou exaltado pelo doutor Almeida.

― O senhor aguarde na varanda ― o homem declarou assim que ele colocou a mulher em cima de um leito.

― Não irei a lugar nenhum!

― Preciso fazer o meu trabalho... Sem interrupções. ― Christopher o encarou sério. ― Não se preocupe, certo? Qualquer coisa a enfermeira chamará o senhor.

Passando as mãos pelo cabelo, o jovem rapaz suspirou atordoado.

― Apenas, salve os dois. Por favor!

O investigador então foi se acomodar no banco de madeira do lado de fora, seus dedos se entrelaçaram um no outro, as pernas balançavam agitadas, denotando seu nervosismo. Ele sufocou um grito, cerrando os olhos, não haviam passado nem três meses desde que recebera a notícia de ser pai. Comprimindo as pálpebras com força, se viu em um dilema: poderia não ter nenhum dos dois, céus! Tinha ficado tão emocionado, mas francamente, a sua novidade pareceu irrelevante no momento.... Ser o xerife de Belmonte não se comparava ao anúncio de gravidez da esposa! Monteiro o convidou para assumir o cargo, logo após retornarem da lua de mel.

Então, as lembranças invadiram a mente dele, Dulce estava feliz demais conhecendo a areia da praia, a vastidão do mar, seus cabelos voavam desengonçados pelo vento, aquele brilho em sua aura regressou assim que eles desembarcaram no destino. Completamente leve, em uma nova versão de si mesma, era possível se apaixonar cada dia mais? O rapaz se questionou ao observá-la jogar a água para o alto, sua risada se misturando com o som das ondas reforçou essa ideia.

― Preciso que o senhor faça uma coisa por mim ― sussurrou mais tarde naquela noite.

Enquanto eles se beijavam enfeitiçados um pelo outro.

― Claro, o que desejar, meu amor. ― Ele segurou o rosto dela entre as mãos.

A mulher se afastou um instante, curioso o homem a acompanhou pelo olhar. Logo que a esposa voltou carregando um lenço de seda vermelho nas mãos, suas sobrancelhas se juntaram, enrugando a testa.

― Dessa vez, o senhor que tem que me guiar. ― Ela entregou o tecido para o marido. ― Sem delicadeza ― acrescentou, engolindo em seco.

― Não posso fazer isso. ― O homem negou em um gesto, fitando o ventre dela.

― Pode sim! ― Dulce tocou sua mão. ― Eu sei que você não irá me machucar.

Christopher persistiu negando o seu pedido, preocupado, e se ela estivesse realmente grávida? Continuava incerto quanto ao seu estado, nas últimas horas passou vigiando-a. De fato, sua saúde parecia em perfeitas condições, mas mesmo assim permanecia apreensivo.

― Por favor, é importante... ― A moça implorou. ― Eu ainda não me acostumei com esses momentos mais brutos.

O investigador recordou de quando pegou no pulso dela de um jeito mais impetuoso, sua expressão assustada denunciando seu pânico.

A Dama de Vermelho - Parte 3Onde histórias criam vida. Descubra agora