capítulo 11

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-Alexandre!-o pai chamou, da sala.
Teria adivinhado o seu plano?
-eu vou até a loja.Quer ir comigo?
Precisava ir.Pideria mais tarde arrumar as coisas e fugir.Agira não deveria despertar suspeitas.
No carro, o pão preferiu fingir que estava tudo bem entre eles. Elogiou o jardim de uma casa.Falou que eles ainda iam ter um em casa, perguntou se Alex não preferia casa em vez de apartamento. Alex disse que sim, era mais gostoso. E começou a falar.
A falar de uma saudade que nem ele explicava. De amigos, do morro. Dos pais, até isso ele disse e ficou com medo de chorar, porque se ele ia fugir de casa, tinha de ser forte.O pai ia dirigindo e ouvindo, sem responder. Estacionou a dois quarteirões da loja, mas não saíram do carro.
-Alexandre, eu sei que está difícil pra você. Eu sei que aqui é diferente, que tudo parece...grande, que você fica sozinho, está sem amigos.Filho nós...-Alberto olhou bem nos olhos do filho; também pra ele aquela conversa era difícil-...Nós gostamos muito de você. A gente quer que você tenha as melhores coisas.Eu e sua mãe tivemos de trabalhar muito.Seu avô era pobre, foi com muito trabalho que a gente conseguiu chegar até aqui...Nós só queremos que você tenha mais sorte que nós na vida.
Alexandre desviou os olhos.Olhou para um pardal pousado no poste. Parecia que em São Paulo, de passarinho, só tinha pardal.
-espero que você compreenda, Alexandre.
Alexandre tinha sempre de compreender.

Primeiro beijoOnde histórias criam vida. Descubra agora