capítulo 14

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A luz do aquário deixava o cabelo de Bete com um colorido esverdeado. O rosto também esverdeado. Uma Bete marciana . Engraçado que ela parecia alta, por causa do cabelão todo. E não era, era baixinha, assim um palmo a menos que ele. E Alex estava bem perto dela, tão perto que sentiu o perfume de Bete, um daqueles perfumes ou pontinhos esquisitos que ela sempre estava tirando da bolsa e passando e cheirando e olhando.
Alexandre deu a volta no aquário, foi apontando os peixes através do outro lado do vidro:
-este eu sei o nome. É o espada. Este também é espada.
-espada preto ou vermelho?
-os dois. Só muda a cor, mas o nome é o mesmo.Apontou outro.
-este aqui, no fundo . Está vendo? é o paulistinha. Tem listra preta, igual na bandeira.
Os peixinhos ficaram nadando entre o rosto de Alex e os olhos de Bete. Os olhos deles acabaram seguindo o mesmo peixe e se encontraram. O silêncio era tão forte; gozado ele reparar que o silêncio podia incomodar mais do que conversar com ela.
Apontou o cascudo.
-deixa eu ver.
Bete deu a volta no aquário, também se ajoelhou, na mesma altura que ele.O cabelão da menina raspou o rosto de Alex e ele achou que parecia mesmo orelha de pequinês. De cachorro peludo.
Alexandre continuou apontando o peixe.
-você rói unha!-Bete reparou no seu dedo mastigado e quase sem unha. Sorriu.
-daí que você não acha feio?
-sei lá-ele tentou esconder a mão no bolso que não existia.
-comer unha deixa a barriga estufada.
-que burrice! Eu não como unha.Eu só fico roendo e depois cuspo fora . Você é tonta mesmo!

Primeiro beijoOnde histórias criam vida. Descubra agora