The Gloriana Set | Dramione

Fascinada.

Hermione hesitou do lado de fora de uma loja escura na Travessa do Tranco. Apenas uma tênue luz amarela num canto da encardida janela da frente sugeria que o prédio estava ocupado. Depois de deixar Theo em Hogwarts, ela pegou a passagem dos Marotos para Hogsmeade, depois aparatou no Beco Diagonal, onde demorou uma hora tomando café da manhã antes de entrar nesta rua escura e suspeita.

Ela estava usando sua capa preta, com o capuz levantado, para protegê-la de olhares hostis e da chuva implacável. Não havia coberturas ou toldos nas lojas de Knockturn Alley, e figuras curvadas, muitas vezes disformes, amontoavam-se nas bordas das poças que se espalhavam. Honestamente, o Ministério deveria fazer alguma coisa – montar um abrigo contra a chuva, ou pelo menos oferecer sopa ou ponchos.

Apesar da chuva torrencial, o Beco continuava infinitamente fascinante; ela teve que exercer um autocontrole rigoroso para não fuçar nos fardos e barris amontoados descuidadamente nas pedras sujas do calçamento. Ela parou no Boticário do Sr. Mulpepper, descobrindo que esta filial tinha suprimentos de poções que a loja do Beco Diagonal não vendia. Ela desejou perguntar ao proprietário enrugado sobre sangue testrálio ou olhos de dragão, mas saiu sem dizer uma palavra. Sim, Knockturn Alley definitivamente valeu a pena uma viagem de volta.

Respirando fundo, ela abriu a porta de latão e madeira escurecida pelo tempo e entrou. A Borgin and Burkes era exatamente como ela se lembrava: um lugar sombrio e sussurrante abarrotado até o teto com artefatos escuros. Fascinante. Ela podia ouvir o tique-taque de um relógio de pêndulo gigante, com ambos os ponteiros parados no número 13. Um ponteiro de escamas verdes rastejava ao longo de uma prateleira como uma aranha. Ela congelou ao ver um armário desaparecido, gêmeo do armário que Malfoy consertou no sexto ano. Ela já havia visitado aquela loja uma vez, durante aquele ano, tentando descobrir o que o garoto loiro estava fazendo, e falhou miseravelmente.

Hermione vagou pelos corredores lotados da loja de antiguidades, imaginando o que teria acontecido se ela tivesse conseguido. Ela poderia ter parado Malfoy, parado todo o terror e destruição que ele causou? Ela descartou tais pensamentos como inúteis e olhou para um abridor de cartas de aparência malévola, com o cabo em forma de cobra retorcida e a lâmina manchada de sangue. Mais uma arma do que um abridor de cartas, pensou ela, mesmo que estivesse em uma prateleira rotulada "Suprimentos para escritório". Ela ficou mais tentada pelo tinteiro ao lado, supostamente contendo tinta sem fim. Ela olhou dentro da panela e viu um rostinho verde franzindo a testa para ela. Um gênio do mal em um tinteiro, talvez?

— Posso ajudá-la, minha senhora? — perguntou uma voz oleosa.

Ela se virou e viu o próprio Sr. Borgin, assustador como sempre, embora muito menor e mais frágil do que dois anos antes. Não deve ter sido fácil para ele durante a guerra, com Comensais da Morte dançando a cada dois minutos exigindo artefatos mortais, embora Hermione não tivesse simpatia. O homem teve sorte de ainda estar vivo e não em Azkaban. O Gabinete dos Aurores deveria fazer algo sobre este lugar.

Hermione deu outra verificação na loja para ter certeza de que estavam sozinhos e tocou a varinha dentro da capa. As portas da loja, da frente e de trás, foram imediatamente trancadas em resposta ao seu feitiço não-verbal. Ela os protegeu contra entrada e escuta, depois se aproximou do balcão.

— Minha senhora, devo protestar... — sua voz sumiu quando ele viu o rosto dela, mas ele era muito cauteloso para dizer o nome dela. — É uma honra ter você visitando minha humilde loja.

Hermione queria sorrir, mas manteve o rosto inexpressivo. A última coisa que esse homem queria era a melhor amiga do auror assistente Harry Potter por perto. Os olhos esbugalhados de Borgin observaram cada detalhe de sua aparência, a capa preta ainda enrolada em volta dela, seu rosto emoldurado pelo capuz.