Capitulo 5

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Entretanto a corrida decorreu, por mais que seja um desporto que não acompanho, adorei a experiência, a adrenalina, o cheiro da borracha queimada no ar, os gritos da plateia, tudo. Apesar de estar a ver a corrida através da garagem da Alpine, dei por mim a torcer por Carlos, o que me deu um frio na barriga. No fim Gasly terminou em quinto e Sainz conseguiu o pódio ficando em segundo lugar.

-Jantar pós-corrida?

-Ah! Sim, esqueci-me de te dizer- diz Kika enquanto bebericava o café. Estávamos na cafetaria à espera do Gasly- Pierre decidiu fazer uma jantar com todos os pilotos e as namoradas e tu vais estar lá, claro.

-Mas eu não namoro nenhum dos pilotos- ri-me.

-Talvez mudemos isso hoje- fez um sorriso malicioso- vão estar lá muitos pilotos solteiros.

Ri-me com o comentário dela. Kika sempre foi assim, desde pequenas que ela tenta arrastar-me para homens que ela jura serem minha alma gêmea

***

Ouço uma batida na porta da casa de banho.

-O QUE?- gritei

-Despacha-te Claraa!- grita Kika de volta- estamos tão atrasadas que o Pierre já desceu para cumprimentar as pessoas!

-OK!! Já vou.

Acabei de finalizar o batom, ajeitei o cabelo, o vestido e sai da casa de banho.

-UIII! Guapisima- kika bate palmas fazendo-me rir da reação.- agora vamos se nao o Pierre vai-me matar se demorar-mos mais um minuto que seja.

A morena agarrou-me pela mão e seguimos para o elevador.

 Gasly tinha reservado o restaurante do hotel inteiro para o jantar, aquilo era lindo, a entrada estava toda decorada com tulipas brancas, as minhas flores favoritas, e no teto, guirlandas de luzes estavam dispostas por todo o salão. Mas mesmo no meio, um piano preto em cima de uma plataforma luminosa roubava a cena do resto da decoração. Sorri ao vê-lo.

-Sabia que ias adorar- sussurrou a morena ao meu lado- talvez ainda tocas um pouco hoje.

-É... talvez não seja uma...

-Finalmente chegaram!!- gritou, interrompendo-me, uma voz masculina atrás de mim.

-Lando!- sorriu kika- este é um dos solteiros- sussurrou-me. Ri e revirei os olhos.

Virei-me em direção à voz. Deparei-me com um homem não muito mais velho que eu, com um sorriso brincalhão.

-Pierre não parava de reclamar que vocês estavam super atrasadas- riu-se- já não o podia ouvir.

-Acho que sou culpada disso- ri envergonhada- demorei um pouco a arranjar-me.

-Não há problema, a espera valeu a pena o atraso- sorriu, galanteador, pegou-me na mão e depositou um leve beijo na mesma- acho que ainda não nos apresentaram, sou Lando, Lando Norris.

Não pude deixar de sorrir com tal gesto.

-Sou a Clara, Clara Medina.

-Ui, outra portuguesa, és das minhas- sorriu ainda mais

-Vá chega lando- Kika ri- a mesa dos doces é daquele lado- Lando poe a lingua para fora, sorri-me mais uma vez e vai ter com o grupo de pilotos mais a frente.

O jantar decorreu com um encanto próprio. Mesas decoradas com primor, risos, e histórias incríveis compartilhadas entre pilotos, namoradas e convidados. O restaurante reservado pelo Gasly estava repleto de uma atmosfera festiva, e as guirlandas de luzes criavam um ambiente mágico.

Kika, sempre determinada, fez questão de me apresentar a alguns dos pilotos solteiros, apesar das minhas tímidas tentativas de evitar isso.

Próxima a mim, notei Carlos sentado, a rir,  de mãos dadas com uma morena lindíssima, os dois pareciam felizes juntos. Quando os nossos olhares se cruzaram, Carlos sorriu-me, e por um instante, pensei que ele estava incrivelmente bonito. Contudo, o meu pensamento foi abruptamente interrompido quando senti o telefone vibrar em cima da mesa. Ao verificar, vi o número de Tom na tela, o meu corpo gelou instantaneamente, desfazendo o sorriso do meu rosto.

Decidi afastar-me um pouco da mesa para atender o telefone, mas ao levantar, uma mão segurou o meu braço. Era Kika.

-Está tudo bem?- perguntou ela.

-Sim, não te preocupes, é só o meu pai- forcei um sorriso. Que mentirosa, pensei.

-Ok, tudo bem. Se precisares de algo, avisa.

Afastei-me da mesa, à procura de um canto mais tranquilo no restaurante, longe do burburinho da festa. Atendi o telefone com um suspiro contido, antecipando a conversa difícil que estava prestes a ocorrer.

-Finalmente, atendeste, Clara- a voz de Tom ressoou do outro lado, misturando-se à suave melodia ambiente.

- Tom. O que precisas?- perguntei, tentando manter a compostura.

-Eu... precisamos conversar, Clara. Não podemos continuar assim, a evitar as coisas.

Engoli em seco, sentindo um nó se formar na garganta.

-Tom, agora não é o melhor momento. Estou num jantar e...

-Um jantar? Com quem?

Uma pontada de ciúmes transpareceu em sua voz, mas optei por manter a resposta simples.

-Com a Kika e alguns pilotos. Não é importante.

-Não é importante?- A voz dele elevou-se.- Clara, tenho tentado falar contigo há dias, e tu... pareces estar sempre ocupada. Precisamos conversar

-Tom, nós não precisamos de uma conversa, ok? tudo que tinha para te dizer já foi dito.

-Achas mesmo que atirar-me com um vaso de flores á cabeça é conversar?

-Sim acho, no meu vocabulário, sim é.

-Clara eu sinto a tua falta. Eu quero voltar- declarou Tom, a voz dele estava cheia de tristeza, pude notar, agora se era fingida, isso já não sei.

-Tom, nós, isso nunca vai acontecer, o que tu fizeste é irreversível- suspirei e dei por mim a andar de um lado para o outro.

-Eu sei que errei, mas podemos superar isso juntos. Por favor, dá-me outra chance.

-Meu Deus TOM! EU ENCONTREI-TE NA NOSSA CAMA COM OUTRA MULHER- exaltei-me.

A discussão começou a ganhar intensidade, e minha exasperação começou a aumentar. Meus gestos tornaram-se mais expressivos, as minhas palavras mais cortantes. Era uma tempestade de emoções, e eu mal percebi que todos ao redor estavam a observar.

Percebi que Carlos, em especial, estava atento à nossa conversa. Seus olhos encontraram os meus por um momento, e eu senti um rubor de constrangimento. Decidi que era hora de me controlar. Respirei fundo, abaixei o tom da discussão e busquei uma solução mais privada para resolver o impasse.

-Tom, não podemos resolver agora. Vamos falar depois. Agora, por favor, deixa-me aproveitar o resto da noite.

Ele concordou relutantemente, e eu retornei à mesa, com um sorriso forçado.

-Está tudo bem- Kika perguntou assim que me aproximei da mesa.

-Sim, eu só preciso de um pouco de ar, já volto.

Nem dei tempo para ela responder, segui para fora do restaurante e fui em direção ao jardim do hotel e sentei-me num dos bancos que estavam dispostos á frente do pequeno lago, era lindo, estava fresco, mas o reflexo da lua no lago compensa tudo. Fechei os olhos e respirei fundo, aproveitando o cheiro das flores à volta.

-Outro dia difícil, presumo- oiço uma voz calma dizer atrás de mim, fazendo a minha pele arrepiar.

Olho para trás para ver quem era o dono da voz, e lá está ele, com um sorriso encantador e com o meu casaco nas mãos. Carlos Sainz. 

LOUCOS DE AMOR- Carlos Sainz Jr.Onde histórias criam vida. Descubra agora