ɪ - 𝖀𝖒 𝖆𝖓𝖏𝖔

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Sempre odiou a igreja, vivendo sua infância e adolescência sendo obrigado a frequência as missas quase todos os sábados e domingos, Xiao torcia pra completar seus dezoito anos e finalmente ter controle se si mesmo. Talvez se seu pai não fosse extremamente influenciado pelo que os outros dizem, Xiao teria liberdade em negar todas as vezes. Zhongli - seu pai - era um homem inteligente e sério, preservado até demais e narcisista.

Odiava a igreja, odiava ficar com suas irmãs mais novas, Hu tao e Ganyu, e por ser o mais velho, toda a responsabilidade vinha para as costas de Xiao. Passou anos de sua infância cuidando das irmãs enquanto seu pai passava dias fora de casa em questão de trabalho, e pode-se dizer que Xiao sabe desde cedo como cuidar e lidar com crianças mesmo ele sendo uma na época, passou sete anos cuidando de suas irmãs até elas virarem pre-adolecentes, as mesmas já sabem se cuidar sozinhas em suas idades atuais. Ambos os irmãos não tem uma boa convivência, não, na verdade, Xiao não tem uma boa convivência com suas irmãs.

Mais uma vez eles estavam dentro do carro de seu pai, que passava o caminho todo em silêncio. Xiao agradeceria, mas Hu tao e Ganyu conversavam logo ao seu lado, tirando a pouca paz que ele queria. Além de ouvir baboseiras do padre da igreja, ele era obrigado a ouvir as conversas irritantes das duas. Com as sobrancelhas franzidas e uma carranca no rosto, ele olhava fixamente para a janela, observando a movimentação dos carros, e da cidade a cada quilômetro que o carro andava.

— arrume essa expressão, Xiao. — Zhongli o repreende de repente, o fazendo sair de seu mundo e voltar ao momento atual. Seus olhos dourados encontram os olhos sérios de Zhongli pelo retrovisor, seu pai não precisava falar duas vezes, e o mesmo logo põe uma expressão neutra. — sorria. — Não. Xiao quase nunca sorri. A última vez que ele sorriu, foi quando estava se divertindo quando criança.

Suas botas afundavam na neve fofa, deixando suas pequenas pegadas por onde Xiao passava. Ele andava as pressas, ofegante por ter suas pernas pequenas e não poder correr tão rápido quanto queria, carregando em seus braços um galho que achou, e rapidamente voltando ao local que estava com medo de perder o que ele tinha feito.

Parando em frente, ofegando enquanto fumaças saiam de seus lábios devido ao frio. De ponta de pé, cravou a ponta do galho firmemente no centro do rosto do boneco que ele fez, acidentalmente fazendo alguma centímetros maior que ele.

Satisfeito, ele respira fundo, olhando o boneco de neve que ele mesmo fez com um certo orgulho. O galho parecia a última peça perfeita para a aparência do boneco. Dando passos pra trás, ele olha para sua criação.

Quatro bonecos de neve um do lado do outro; um maior pra representar Zhongli; outro com uma altura menor que a de seu pai, e duas pequenas; representando Xiao e Hutao - já nascida. Nesse tempo, Hu tao ainda não nasceu.

— Xiao, você realmente é alguém talentoso... — Guizhong sorri, e os olhos de Xiao se iluminam ao ver sua mãe ali. O pequeno imediatamente corre na direção dela, abraçando os quadris ela com entusiasmo, mas com cuidado pra não machucar a sua barriga redonda de 8 meses.

— eu fiz a nossa família, mamãe. — sua voz saiu orgulhosa, e o que ele recebe em troca é uma risada suave de Guizhong.

— com certeza seremos uma família linda, não é? Igual aos seus bonecos de neve. — ela acaricia e bagunça levemente os cabelos esverdeados do menor. — prometo que seremos felizes, todos juntos. — Xiao sorriu com as palavras, seus olhinhos brilharam com as palavras de sua mãe, cheias de promessas e conforto.

Mas não.

Guizhong faleceu durante o nascimento da terceira filha.

Xiao nunca conseguiu ser o mesmo depois da morte de sua mãe, já se passaram treze anos desde que ela deixou de respirar, e ele sequer teve chances de agradecer por tudo que sua mãe já fez a ele um dia. Ele não odeia Ganyu, ela não teve culpa, até porque, o nascimento de Hu tao também foi de risco, por pouco ela sobreviveu. Mas o terceiro parto foi como uma faca entrando e perfurando o coração de Xiao lentamente. Ele não conseguiu chorar no velório de sua mãe, ele estava quebrado demais, e como uma criança iria aguentar? Outras crianças estariam chorando em frente ao caixão da mulher que lhe deu a vida e cuidou da melhor forma possível, mas nenhuma lágrima caiu.

𝕰𝖒 𝖓𝖔𝖒𝖊 𝖉𝖊 𝕯𝖊𝖚𝖘 - 𝖃𝖎𝖆𝖔 𝖝 𝖆𝖊𝖙𝖍𝖊𝖗Onde histórias criam vida. Descubra agora