Um adeus pode durar enquanto a lembrança persistir, e uma saudade perdura enquanto o coração a sentir. A alma clama por aquele amor que ressoa como resposta, pois o amor muitas vezes transcende o tempo e permanece como elo entre passado e presente.
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𝑺𝒂𝒃𝒓𝒊𝒏𝒂 𝑪𝒂𝒓𝒑𝒆𝒏𝒕𝒆𝒓 - 𝑷𝒐𝒊𝒏𝒕 𝑶𝒇 𝑽𝒊𝒆𝒘
Vida nova. Ao girar a chave na porta e entrar no meu apartamento com o pé direito, só pensava nisso. Às vezes, não é nada mal recorrer a algumas superstições. Sozinha, respirei o ar daquele cômodo novinho, aguardando por mobílias e decoração. Meu olhar percorreu todas as paredes brancas, e um suspiro escapou dos meus lábios. Ela devia estar comigo. Odiava ainda ter esses pensamentos, sentir falta do seu cheiro e toque. Seu amor estava presente em mim de várias formas. Era como se estivesse grudada, como se cada passo meu me fizesse lembrar de todos os momentos que tivemos juntas.
Hoje faz um mês que ela se foi sem olhar para trás. Não tenho mais seu contato nem a sigo nas redes sociais, tentei ao máximo me desconectar de tudo que me fizesse sofrer ao lembrar dela. O único vínculo ainda firme é com sua mãe, Cheri. A última vez que a vi pelas ruas de Flórida estava linda, uma barriga de sete meses e simpatia enorme, como se eu nunca tivesse tido um término tão sofrido com sua filha. Seu número está salvo em meu celular, e não me surpreendo de algumas vezes receber mensagens suas, mesmo que sejam apenas desejando bom dia ou alguma data importante.
Em Boston, decidi que teria uma vida completamente minha e não me apegaria a ninguém, não como me apeguei a Hailee. Como disse, tudo sobre mim parece envolvê-la. Eu só não quero ser dependente de ninguém, sofri muito para superar sua partida e talvez ainda sofra um pouco, mas quero superar. Irei superar. Só que preciso fazer isso sozinha, comigo mesma, e quem sabe recuperar minha essência de ser completamente autossuficiente.
Os dias em minha nova cidade passavam muito rápido. Talvez por ser muito maior que minha antiga cidade na Flórida e ter um movimento de pessoas muito alto, parecia que tudo estava acelerado. O clima também era diferente, quase como se fosse inverno o ano todo. Por gostar do frio, me adaptei rapidamente, e em duas semanas, meu apartamento estava mobiliado. Ao contrário da minha antiga casa, eram cores neutras e móveis não muito luxuosos, passaria pelo menos quatro anos da minha vida naquele local, mas não queria desperdiçar tanto dinheiro.
Meu prédio tinha muitos andares, proporcionando diversos vizinhos. Com o passar do tempo, os apartamentos ao meu redor eram ocupados por pessoas da minha idade, que eu notava nos corredores e elevador. Analisava seus rostos, indagando-me se alguém conviveria comigo na faculdade. Havia duas opções próximas: Berklee College of Music - onde estudaria - e Bandreis University - a escolha de Hailee. Era difícil não pensar nela, no que provavelmente estava fazendo, e se o sonho maluco estava dando certo. Queria dizer que não me importava, mas por vezes tinha vontade de perguntar a Sofia.
Saber que Dove ainda mantém contato com minha ex me deixava tentada. Autocontrole. Algo que preciso e tento usar muito ultimamente, porque a qualquer momento poderia largar tudo que sempre quis e pegar um avião para Los Angeles. Antes de me mudar definitivamente para Boston, precisei voltar à Flórida e resolver alguns assuntos. Contratei duas pessoas para cuidar de Nancy agora em tempo integral, uma de dia e outra à noite. Os dois são muito conhecidos: Jimmy e Melia. Agora eram realmente funcionários, não só quando eu ligava precisando de algo ou os dispensava quando voltava mais cedo. Eles estavam totalmente responsáveis pela minha vó.
