𝙃𝙚 𝙞𝙨 𝙮𝙤𝙪𝙧 𝙗𝙤𝙮𝙛𝙧𝙞𝙚𝙣𝙙?

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>𝚂𝚊𝚋𝚛𝚒𝚗𝚊 𝚘𝚗<
Estávamos à caminho do hospital mais próximo da região onde nos encontrávamos; Umild estava ao meu lado direito e eu estava deitada em seu colo me contorcendo de dor.
As únicas coisas que se davam para escutar naquele carro eram meus gemidos de dor, e a música "Every breath you take" do The Police que tocava na rádio bem baixa, mas em um volume que ainda podia ecoar em meus ouvidos e penetrar meu cérebro.

Keller estava dirigindo o carro, enquanto tentava conversar com nós e me acalmar, algo que cá entre nós, era muito difícil no momento; Eu morria de medo de qualquer cogitação que envolvesse um hospital, e naquele exato momento, eu estava indo à um, para provavelmente ter que costurar um corte em minha coxa e me dopar de medicamentos para dor.
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>𝚄𝚖𝚒𝚕𝚍 𝚘𝚗<
Bina estava deitada em meu colo enquanto reclamava de dor, visão turva, enjoos e mais uma caralhada de coisas.
Eu me sentia meio culpado por não ter ficado com a cozinha depois de ter visto que era um serviço mais pesado, mas agora já era tarde de mais, porém, eu tentaria recompensar tudo isso.
Já estávamos praticamente adentrando ao estacionamento do hospital e bina estava chorando incansavelmente; Só conseguia sentir suas lágrimas escorrendo por minha perna, então tentava acalmá-la passando minha mão por seus cabelos e dizendo que já tínhamos chegados.
O pano que eu apertava em sua perna estava vermelho de sangue, mas fazia um tempo em que o fluxo havia parado, o que era um bom sinal, aliás, uma hemorragia não seria uma notícia legal para o médico dar à ela e à nós.
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Estávamos entrando dentro do hospital, e por conta da minha fraqueza no corpo, Keller e Umild estavam comigo no colo me carregando para o pronto socorro, onde provavelmente eu seria atendida mais rápido.

-Eu esqueci meus documentos na minha carteira em cima da mesa- Disse em meio às lágrimas e com uma voz enfraquecida que me restava.

-Não esqueceu não, eu peguei, tá no meu bolso- Respondeu rapidamente Umild com um tom de voz que parecia estar meio nervoso, não sei se era a situação que causava esse tal nervosismo, ou talvez a preocupação com sua amiga que o assombrava, bem, eu sinceramente não sei, naquele momento eu só pensava em ser atendida logo e ir para a casa dormir na minha cama quentinha e descansar de uma vez.
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Após um tempo de espera pude ouvir meu nome ser chamado por uma enfermeira que me esperava na porta do consultório 3; Doutor Fábio Vieira, esse nome não me parecia estranho, eu lembrava de ter o visto em algum lugar, mas minha mente estava muito distante dali para assimilar algo, então apenas pedi para que os meninos me carregassem para o local indicado, para que eu pudesse ser atendida rapidamente e ir para a casa.

Quando entrei naquela sala, rapidamente me veio em mente a figura daquele homem sentado com seu jaleco em frente à um computador; Era o meu pai.

Eu não esperava o encontrar aqui, aliás, faz tempo que eu não o via, desde que saí da casa de minha mãe quando eu tinha 17 anos, nunca mais nem sequer ouvi o seu nome, meu pai sempre foi muito carinhoso comigo, mas como um médico era muito ocupado, o que era de se esperar, na minha adolescência tive vários problemas com a minha mãe, por isso tampouco saí de casa cedo demais.
Minha mãe e meu pai terminaram quando eu havia 7 anos, até então, meu pai e eu conviviamos juntos.

Quando ele descobriu a traição que minha mãe cometia, ele pegou suas coisas e saiu de casa, e minha mãe, jurou por Deus que nem morta aquele homem voltaria para aquela casa.
Eu sofri muito, meu pai era a minha figura mais linda que eu poderia ter de um homem, mas, por impedimento de minha mãe, ele nunca mais teve contato comigo.
Não posso negar que depois que fiz 20 anos, minha mãe mudou muito comigo, e passou a ser uma pessoa mais doce e suave, muito diferente do que ela era quando eu ainda morava sob seu teto, mas eu ainda sentia falta daquele homem que eu tanto amei durante minha pequena infância.

-Filha?- Pude ouvir com uma voz confusa e assustada saindo de sua boca enquanto os meninos se olhavam entre si para tentar entender o que estava acontecendo.

-Sou eu pai, por favor me ajuda- Disse com uma voz fraca enquanto apontava para o grande corte em minha perna envolto no pano que Umild havia providenciado para mim naquele momento atormentador de desespero do sangue escorrendo por minhas tatuagens e pela cadeira onde eu estava sentada.

-O que aconteceu?- Disse ele se levantando rapidamente e pegando todos os equipamentos que seriam necessários para me analisar.

Umild o explicou a situação parte à parte enquanto Keller o ajudava, e diretamente meu pai retirou aquele pano de minha perna e começou à analisar o corte para ver se ainda tinha cacos de vidro no machucado pelo qual havia me levado ali naquele lugar e naquela situação.

-Vamos ter que fazer uma sutura, birina- Falou docemente meu pai enquanto foi buscar tudo o que precisaria para realizar a sutura.

Fazia muito tempo que eu não escutava sua voz, e muito menos o apelido que ele me chamava quando eu ainda era uma pirralha, birina, esse era o apelido que ele havia me dado quando minha mãe tinha o dito que meu nome seria Sabrina; Birina, Birininha.

Quando ele voltou, me deitou na maca e começou à realizar o processo, aplicou a anestesia, me disse que ficaria tudo bem e começou a unir um tecido no outro com delicadeza; Umild estava ao meu lado, apertando minha mão enquanto meu pai fazia tudo com suavidade mas de forma rápida, provavelmente movido pelo sentimento, de estar realizando um procedimento em sua própria filha.
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Quando o procedimento se pos ao seu fim, meu pai simplesmente esqueceu-se da ética profissional e começou a conversar comigo sobre tudo, eu não via problema algum, aliás, eu estava morrendo de saudades dele e quase chorei quando ouvia os doces e graves timbre de sua voz; Ele me perguntava sobre minha vida, sobre meus sonhos, metas, e por fim não se aguentou e realizou a bendita pergunta.

-Esse homem que tava do seu lado é seu namorado? Meu genro?-

Umild rapidamente se engasgou com a água que estava tomando e rindo respondeu.

-Calma lá sogrão, quero dizer, não sou não-

Todos nós rimos, e eu também, mesmo com dor, porque eu sabia que isso não passava de uma brincadeira sem graça de Umild.
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Capítulo meio pequeno mas vai vir mais alguns por aí 🥳

Desculpa a demora, essas semanas foram corridas, tô cuidando de umas crianças e não consegui postar tudo certinho 😋
Mas tá aí, mais um capítulo pro ceis <3

1159 palavras, foi revisado meia-boca kakakakaaka

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⏰ Última atualização: Jan 16 ⏰

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𝙎𝙤𝙗𝙧𝙚 𝙖𝙦𝙪𝙚𝙡𝙖 𝙫𝙞𝙖𝙜𝙚𝙢. (Umild e S/n)Onde histórias criam vida. Descubra agora