Entre as Lágrimas

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Naquela manhã de quinta-feira, a família Morgan estava mergulhada em tristeza. Isaac, com um ar nostálgico, preparava uma carruagem antiga para levar Madeleine até seu destino. Enquanto colocavam a bagagem no carro, ele não conseguia esconder sua tristeza.

Sentada nos degraus, Alice recebeu a ordem de chamar sua mãe e irmã. Por um instante, Isaac olhou ao redor e suspirou tristemente, admitindo que o dia estava tão sombrio quanto seu coração. O sol não brilhava com a mesma intensidade do dia anterior, e a brisa matinal, que era sempre tão doce, não soprava mais.

Enquanto aguardava a chegada de sua esposa e filha, Isaac moveu-se lentamente em direção ao carro e entrou nele. Eleanor e Madeleine se aproximaram, e Madeleine segurou a mãozinha delicada de Alice. Era angustiante para Isaac ver o rosto pequeno e gracioso de sua filha tão triste e resignada. Eleanor continuava a chorar, abraçando a pequena Alice com ternura em seu colo.

— Mulher, pare de chorar, disse Isaac, tentando manter a compostura diante da dolorosa despedida.

A mulher, em meio às lágrimas, respondeu com uma voz entrecortada pela emoção:

— É uma injustiça.

Isaac, olhando para a estrada à frente, tentava manter a compostura, mas seu coração estava pesado com a tristeza da separação. O som dos cascos da carruagem ecoava na estrada, marcando o início de uma jornada que mudaria o destino da família Morgan.

Os olhos de Eleanor pareciam opacos enquanto olhava ao redor, absorvendo a paisagem que refletia a melancolia que pairava sobre eles. Madeleine colocou os braços em volta dos ombros largos da mãe, tentando confortá-la diante da difícil realidade que se desenrolava.

A carroça, balançando devido aos buracos no chão, não machucava o cavalo cansado. Em um momento de calmaria, ao passar por uma encosta suave cercada por um pinhal, Isaac fechou os olhos por alguns segundos e permitiu que o sol banhasse todo o seu corpo. Só os abriu novamente quando a carroça chegou a um ponto onde o ar fazia a grama dançar em sincronia.

Próximo dali, um rebanho de ovelhas pastava tranquilamente. Ao observar dois cachorrinhos brincando, um leve sorriso surgiu em seus lábios. Se não fosse pela tristeza que os cercava, ele poderia rir das travessuras dos animaizinhos.

— Espero que um dia você compreenda minhas razões e me perdoe, disse Isaac, suas palavras carregadas de pesar, dirigidas ao vento.

— Pai, não se preocupe, respondeu Madeleine, olhando para ele com uma expressão serena.

Sua filha era uma raridade. Sua beleza era incomparável, com uma aparência angelical. Seus olhos azuis como o céu e seus cabelos longos e negros como a noite a tornavam uma jovem de tirar o fôlego. Seu rosto era como porcelana delicada. Toda essa beleza certamente atrairia um rapaz honroso para se casar com ela.

Enquanto a carroça avançava pela paisagem, Madeleine observava as colinas ondulantes, os campos verdejantes e o céu vasto acima. A tristeza do momento não apagava a beleza natural que os rodeava. Isaac, por sua vez, manteve-se em silêncio, perdido em pensamentos sobre o futuro incerto que aguardava Madeleine.

A cada passo da carroça, a natureza proporcionava uma melodia silenciosa, e o sol continuava a lançar seus raios dourados sobre a terra. O contraste entre a serenidade da paisagem e a despedida iminente destacava a complexidade dos sentimentos que permeavam aquele momento de transição na vida da família Morgan.

Isaac sentiu um aperto angustiante ao ponderar sobre o desafio iminente que sua filha estava prestes a enfrentar devido ao erro que cometeram. Se ao menos pudesse fazer algo para evitar isso.

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