Todos falam que o amor não é uma escolha, que não se pode escolher por quem se apaixonar e quando isso pode, ou não, acontecer. Mas e se você for obrigada a escolher entre o amor da sua vida, ou o seu futuro?
Esse é o caso da Arabella. Garota subur...
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Acabo de sair da segunda aula do dia e suspiro, passando as mãos suadas por conta do nervosismo, no tecido da calça jeans surrada. Ontem, antes de dormir, eu decidi mandar uma mensagem de texto para a minha professora, perguntei se não seria incômodo ela conversar comigo hoje depois da segunda aula. Ela me deu a mesma resposta de todas as vezes que lhe mando mensagem...
"Não é incômodo algum, Arabella. Vou aguardar por você, querida!"
Agora aqui estou eu, caminhando pelos corredores do enorme prédio universitário, indo em direção a sala de número 512, sala da professora Amélia.
Eu não sei o motivo e nem quando aconteceu, mas a Amélia virou uma pessoa muito importante para mim. Eu não sou uma pessoa de muitos amigos e mal tenho tempo para manter amizades. Mas mesmo assim o que tenho com Amélia, vai além de aluna e professora. Eu sinto que somos amigas de verdade e que posso contar com ela para tudo.
Até já cheguei a pensar que talvez eu a incomodasse com meu problemas, mas todas as vezes, ela sempre deixava claro que não era incômodo algum e que gostava demais de mim e queria apenas ajudar. Isso me deixava mais tranquila, mesmo eu não deixando de tomar cuidado com a quantidade de pedidos e desabafos.
Dou dois toques leves na madeira escura e logo abro a porta, colocando minha cabeça para ver se a sala estava sem alunos e se eu poderia entrar. Logo eu vejo a professora Amélia, a mesma que se vira para porta e abre um grande sorriso, assim que percebe que sou eu.
-Arabella, entre!- faz sinal com a mão e eu empurro a porta, adentrando a sala por completo.
Caminho em passos lentos, enquanto sorrio nervosa. Assim que me aproximo da mulher morena, lhe dou um abraço desajeitado e passo a mão sobre o meu cabelo. Eu odeio ter que pedir favor, não gosto de incomodar.
-Sente-se, querida- aponta para uma cadeira próxima.
Eu faço o que minha professora mandou e ela logo repete o ato, se sentando de frente para mim.
-Eu fiquei feliz com a sua mensagem, mal tenho visto você por conta dos horários dessa semana.- sorri -Mas me conta, aconteceu algo? Sua avó está bem?
Eu passo minha mão pelo cabelo mais uma vez e respiro fundo. Eu consigo.
-Então professora, é sobre isso que eu quero falar- encaro os seus olhos e ela faz sinal para eu continuar -Eu sei que a senhora me ajuda com muitas coisas na faculdade e sempre me dá o apoio que preciso. Eu sou muito grata por isso e juro que não quero abusar da sua boa vontade...- falo tudo depressa e ela me para fazendo sinal com as mãos.
-Arabella, tenha calma- solta uma leve risada e segura em minhas mãos -Respire e fale com calma. Eu sei que não quer se aproveitar e nem abusar da minha boa vontade. Saiba também que eu faço tudo de coração e fico feliz por poder ajudá-la- respiro fundo e abro um pequeno sorriso -Agora, me conte com calma o que está acontecendo.
Eu acalmo os meus ânimos e fecho meus olhos contando até três. Por que é tão difícil pedir um favor e não se sentir um incômodo por isso?
-Então, como a senhora sabe, minha avó está doente e ultimamente a doença tem se agravado- suspiro -Eu fui ao médico ontem e ele falou que os remédios não são mais suficientes. Ela precisa começar com a quimioterapia intensiva, mas pelo o que ele falou, o custo é alto e nós não temos condições- falo a última parte em um tom baixo.
A professora escuta tudo com atenção e logo abre um sorriso triste.
-Eu sinto muito por isso, Arabella. Sei o quanto isso te preocupa, mas como posso ajudar? Se quiser eu posso lhe dar o dinheiro necessário- nego com a cabeça rapidamente -Eu sei que não gosta de receber dinheiro como ajuda, mas seria como um empréstimo, você paga quando puder.
Ela me assegura e eu nego novamente. Não posso aceitar seu dinheiro. Seria demais!
-Não, professora. Eu não posso aceitar o seu dinheiro, seria demais.- quando ela tentar protestar, eu continuo -Eu só gostaria de saber se a senhora não conhece alguém que possa me oferecer um emprego, ou se poderia me indicar para alguém, nem que seja temporário, eu só preciso de dinheiro.- suspiro.
-Bom, você ainda está estudando, não pode ser residente- suspiro e abaixo a cabeça -Mas, eu posso te indicar para algum conhecido, você pode trabalhar como ajudante e ainda ganha experiência. Como um estágio,
Eu rapidamente ergo o olhar e sorrio abertamente. A professora me devolve o sorriso e continua.
-O salário não vai ser muito, mas já pode ajudar.
-Não tem problema, o importante é que eu consiga começar a pagar os tratamentos- sorrio.
-Hoje mesmo eu vou entrar em contato com alguns conhecidos e até final de semana eu te dou a resposta- se levanta e eu faço o mesmo.
-Muito obrigada, professora. De verdade!- lhe dou um abraço apertado.
-Eu estou aqui para ajudar, Arabella. Gosto de você e sei que tem um futuro brilhante, você vai conseguir. -Amélia sorriu, transmitindo em cada palavra.
-Eu serei eternamente grata por toda a sua ajuda, Amélia- afastei-me do abraço, tentando controlar a emoção -Obrigada novamente.
Ela sorriu mais uma vez, com um jeito acolhedor, segurou minhas mãos, apertando-as levemente.
-Espero que conte sempre comigo, gosto de ajudar você. Admiro muito o seu esforço. Sei o quanto é difícil ter que lidar com tudo sozinha- seus olhos me encaravam com uma sinceridade que aquecia o coração e eu poderia jurar que choraria a qualquer momento -Quero que saiba que além de professora, estou aqui para ser sua amiga. Não deixe de me procurar, mesmo que a vergonha tente te impedir. Sei que você faz isso com frequência.
Solto uma risada fraca, assentindo com a cabeça. Passo mais alguns minutos agradecendo e conversando com a professora, até que preciso voltar para às aulas.
Passo o restante do dia me sentindo mais leve e despreocupada, como se um peso tivesse sido retirado dos meus ombros. Não havia garantias, claro, e eu sabia que criar expectativas demais poderia ser arriscado. Mesmo assim, aquela centelha de esperança fazia meu coração sorrir.
Eu não sei o que farei se a resposta não for como desejo. A direita de outra opção me apavora, mas estou torcendo para que isso nem seja necessário passar pela minha cabeça. Amélia me deu algo que eu não sentia há tempos, a chance de acreditar que tudo pode dar certo. Agora só me resta manter a positividade e esperar que, finalmente, eu consiga respirar sem ser sufocada pelos problemas.
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Estou revisando os capítulos e escrevendo mais coisas. Espero que estejam gostando!
