Penúltimo Ato

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  Um luxuoso e espaçoso escritório, repleto de livros nas estantes, ornamentos requintados e uma dúzia de homens armados

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  Um luxuoso e espaçoso escritório, repleto de livros nas estantes, ornamentos requintados e uma dúzia de homens armados. Ó, não posso me esquecer da lareira! Uma grandiosa lareira de tijolos brancos, onde o fogo crepitava com alegria, em contraste com as expressões aflitas que me cercavam. A porta e a janela estavam fechadas, eles não queriam me deixar ir, pelo menos não com vida.

  No centro da sala, em sua lustrosa mesa de marfim sobre o carpete vermelho, uma mulher de vestimenta espalhafatosa me encarava. Cabelos de um loiro meio grisalho, olhos claros, e um enorme (e horroroso) chapéu em sua cabeça.

  Sentada em uma solitária cadeira, balançando as pernas em felicidade, eu observava este belo cenário mafioso ainda que enfadonho.

"Você realmente entende a situação em que está, senhorita...?" Vociferou a mulher, com um tom de desdém, balançando seu cachimbo de odor desagradável.

"Jasmine, mas pode me chamar de Jas!" Eu sorri, como uma linda e inocente peça do seu jogo, me divertindo com as estratégias vazias que ela devia estar tramando.

  A mulher coçou a cabeça, parecia impaciente.

"Escute aqui garotinha, eu não tenho tempo para suas palhaçadas! Por que você sabe meu nome? O que caralhos veio querer aqui?" Ela se dobrou na mesa, aproximando seu rosto distorcido pela fumaça "Qual é a sua hein? Tá tão desesperada pra rebolar esse rabinho na pica de velhos ricos sua merdinha?"

  Eu fechei os olhos e sorri, de meu vestido eu ergui meu brinquedo de hoje. A mulher se afastou, assustada, e os demais seguranças instintivamente sacaram suas armas. Eles estavam no meu jogo agora.

"Ela tem uma granada!!" Gritou o primeiro homem, apontando seu revólver na minha cabeça.

"Se abaixe senhora Melissa!" Se desesperou o segundo.

"Temos permissão pra atirar?!" Confirmou o terceiro, buscando reação na líder deles.

  Melissa parecia assustada, mas ainda mantinha a compostura, ela sabia que isto era apenas uma moeda de troca para alguma coisa. Porque uma garota surgiria do nada e com uma granada em mãos? Simples, ela quer algo de você.

  Demonstrar fraqueza e emoções em uma negociação, este é um grave erro que jamais deve ser cometido, principalmente quando tudo está em jogo

"Eu só vou dizer uma vez..." Murmurou Melissa, ajeitando suas roupas amarrotadas pelo susto "Quem é você? E o que você quer?"

  Me ajeitei na cadeira, o suficiente para fazer dois seguranças engolirem em seco.

"Quero que me conte, quem é o líder da sua facção. Não perca seu tempo com mentiras e desvios baratos, me responda ou toda essa merda vai pelos ares" Anunciei, deslizando o dedão pelo pino da granada.

"Hmm..." Ponderou a chefe do cabaré, buscando sabedoria para lidar com esta situação incomum e certamente problemática "Foi você que matou o Ghost... A polícia alegou que ele já estava morto a facadas mas ninguém sabia sobre ele, e somente ele tinha o meu contato para negociações... Fedelha desgraçada"

"Se já terminou seu raciocínio, gostaria de ouvir sua resposta" Chamei sua atenção, a pressionando contra o tempo.

  A feição condescendente de Melissa parecia arruinada, ela sabia que não estava brincando e blefes poderiam custar sua. Quando o Rei do tabuleiro fica encurralado, sem mais peças para auxiliá-lo, ele é derrubado, não por mim, mas pela agonia. O lento suicidio do medo, uma sinuosa faca invisível percorrendo sua garganta e sufocando a esperança.

"Eu só entrei nessa merda pelo dinheiro, era minha chance de recomeçar depois da má fama nas companhias aéreas... Foi então que ele apareceu, e me deu um novo horizonte. Usando meu conhecimento e contatos, era fácil encontrar brechas para o tráfico internacional, ainda mais com um hacker interceptando e alguns peões armados na contenção..." Melissa deu mais uma tragada no cachimbo, com os olhos cravados no chão, sem reação "No começo eu tinha pena daquelas crianças, sendo sequestradas e vendidas pra trabalho escravo e prostituição, mas logo se tornou negócio. 'Ele' já não precisava tanto de mim, então abri este bordel. Com um local fixo, poderia atrair a atenção de milionários que adorariam usar estas crianças..."

"Eu não quero saber da sua história, velha! Me responda!" Eu gritei, já sem qualquer sorriso em meu rosto, irritada com suas justificativas imundas "Não faz ideia da merda que já vivi, o suficiente pra não ter nem um pingo de empatia por você!"

  Os olhos mortos de Melissa então se encontraram com os meus, seu rosto distorcido por lágrimas e maquiagem borrada, algo parecia ter lhe iluminado os pensamentos. Boquiaberta, a mulher estendeu a mão até meu rosto, sem medo de morrer por sua tentativa.

"V-Você... Lucca... A criança que Bob pegou..." A velha enlouqueceu, gargalhando e cuspindo de forma histérica.

  O mundo pareceu se afastar, um redemoinho, um buraco negro, engolindo tudo abaixo de mim. As cores se perderam no tempo, a imagem monocromática irrompeu a realidade, um vácuo sem som. Ela continuou batendo no vidro, a dimensão que nos separava, a prisão que me acolhia, em estilhaços tudo se quebrou. Suas... Suas mentiras...

"Era você... A primeira criança que sequestramos... Ficou meses sendo brinquedo daqueles Indianos, até que Bob o levou por medo de entregarem nosso esquema..."

  Mentira...

"O-Olha eu sei que tem raiva do nosso líder, e posso te contar quem é... A-Apenas me prometa não se envolver com este lugar, é tudo que me sobrou!"

  Mentira...

"E-Está me ouvindo... Lucca?

  M E N T I R A S ... !

  Eu arranco o pino da granada, o qual desaba lentamente junto as lágrimas cobrindo meu rosto, os lábios trêmulos e a cor voltando ao mundo junto a explosão... Vermelho sangue.

"Meu nome... é Jasmine"

 é Jasmine"

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𝙸𝙽𝙳𝙸𝙶𝙾 𝙷𝙴𝙰𝚁𝚃Onde histórias criam vida. Descubra agora