↳ Itadori, Nobara, Megumi
↳ Fluffy
↳ Pronomes femininos
↳ Parte dois do scenario anterior!Você havia convidado seu namorado para dormir na sua casa, e ele aceitou sem questionar muito, obviamente, porque esperava por esse convite há bastante tempo.
Era o que você preferia ao invés de ir passar a noite na casa dele, ao menos por enquanto. Sua casa era um lugar seguro para você, e ficar muito tempo longe dela te deixa exausta só de pensar. Então, essa foi a solução.
De qualquer modo, você foi tomar banho e deixou Itadori no seu quarto, fazendo qualquer coisa no celular. Assim que você fechou a porta do banheiro, o garoto se levantou da cama e começou a olhar em volta, observando o quarto; ele estava apenas curioso em olhar suas coisas.
Até que ele abre a gaveta da escrivaninha e encontra um cordão verde, com alguns girassóis estampados no tecido. Pendurado nele, havia uma carteirinha com uma foto sua e seu nome.
Você não usava aquele cordão no pescoço, afinal, não era algo que importaria no Japão. Mas como imigrante brasileira, guardava aquilo como uma lembrança de onde você veio.
Após sair do banho, já vestida, essa era a cena que você se deparou; Itadori segurando o cordão e tentando ler o que estava escrito na carteirinha. Logo, você anda rapidamente até ele e arranca o objeto de sua mão.
— Ei! — ele te olha, surpreso por sua aparição repentina.
— Yuji! O que você tá fazendo?!
— Estava tentando ler — ele dá um sorrisinho inocente. — mas não consegui. O que é isso?
Você encara a carteirinha, e a segura com um pouco mais de força.
— Ah, eu tinha que usar isso lá no Brasil, sabe... Deficiência oculta. Autismo. Precisava dessa carteirinha pra confirmar que sou autista cada vez que duvidassem de mim por entrar numa fila prioritária.
Ele tomba a cabeça pro lado, raciocinando.
— Ah, eu não sabia! Por que nunca disse?
Você dá um sorriso tímido, largando a carteira e o cordão em cima da escrivaninha.
— Poucos reagem bem, então... É. Mas foi erro meu, cedo ou tarde você perceberia.
Ele segura sua mão com cuidado.
— Tá tudo bem, S/n. Eu te amo do jeito que você é, tá?
Você assente e o abraça, sabendo que não precisava ter que mascarar quem realmente era, ao menos para ele.⌢⌢⌢⌢⌢୨୧⌢⌢⌢⌢⌢
Você e Nobara acabaram de começar a namorar. Havia apenas alguns dias, e vocês saíram juntas em quase todos eles, mas você sabia que a hora de contar aquilo já chegou. Por que esconder? Afinal, se ela te ama, não vai te julgar por ser atípica, nem te tratar de forma estranha.
Se ela realmente amasse você, seria por completo.
Por isso, você a chamou para conversar. Foi na sua casa, um ambiente confortável para você.
— Então, amor? Por que me chamou? — ela sorri, após entrar na sua casa e sentar no sofá.
Você se senta ao lado dela, um pouco nervosa, mas feliz que ela estava ali (e de bom humor).
— Eu só queria conversar um pouco... E se der tudo certo, a gente podia... ver filme? O que acha? — ela assente, e você continua — Bem, eu... Eu sei que estamos namorando agora, e eu nunca namorei antes, então achei que o melhor seria te contar, pra você e eu sabermos o que fazer caso preciso.
Ela franze a testa, esperando você continuar. Parecia estranhar aquilo.
— ...Enfim. Você já sabe que eu tenho dificuldades... sociais, no geral, e isso é bem cansativo pra mim.
— Eu sei, — ela interrompe — mas eu gosto do seu jeito, qual o problema?
— Não tem um problema, exatamente — você pausa por um segundo. — É que eu sou autista, Nobara. E eu to te falando isso porque mesmo que não aparente tanto, eu preciso de suporte, e quando a gente sair é bom você saber disso pra...
A garota te interrompe novamente, dando um selinho rápido.
— Tá tudo bem. Eu sei como é. Quer dizer, não exatamente, mas eu imagino como seja. Naquele cu de mundo que eu morava eu já conheci uma menina autista, então tenho uma noção...
— Mas não somos todos 100% iguais, cada autista é um autista.
Ela ri.
— Eu sei disso, sua boba! Eu só to dizendo que você não precisa ter vergonha e nem se explicar demais, entendeu? Pode me explicar como você vai precisar do suporte e como você experiencia o autismo, eu vou te ouvir e vou dar meu melhor pra tornar tudo mais fácil pra você.⌢⌢⌢⌢⌢୨୧⌢⌢⌢⌢⌢
Megumi, seu amigo pelo qual você casualmente tinha uma paixão secreta, não era a pessoa mais... Extrovertida do mundo. E isso não era problema pra você, muito pelo contrário, o fato de Megumi não falar tanto quanto seus amigos era uma benção. O único problema é que você nunca conseguia entender a subjetividade em sua linguagem corporal.
E ele sentia o mesmo em você: gostava de ter uma amiga mais reservada. Bem, ao menos quando o assunto não era sobre um de seus interesses especiais; nesses casos, você dominava a conversa. Você não sabia quando era ou não inconveniente, mas para Megumi, você tinha um passe-livre para falar o quanto quisesse sobre o que quisesse.
Contudo, um dia, vocês tiveram uma discussão por mensagem. Sua inflexibilidade no modo de pensar causava esse tipo de coisa, mas você não conseguia entender se o garoto estava de fato ou não irritado com você, então quando ele parou de responder as mensagens, você ficou confusa e genuinamente não entendia o que Megumi estava sentindo, embora desejasse muito.
Você esperou o dia seguinte para encontra-lo na escola.
— Fushiguro! — você o chama, e ele se vira para te ver, em silêncio — Fushiguro, o que aconteceu?? Você ficou bravo comigo?
Ele franze a testa, indignado.
— Se eu fiquei bravo?! Meu Deus, S/n, é óbvio! É muito difícil conversar com você às vezes, sabia?
Você treme, e sente como se fosse desmaiar. Era isso? Estava tudo acabado?
Megumi percebe seu pânico, e sem falar nada, te puxa para fora do prédio.
— Como você não percebeu? — ele pergunta assim que chegam lá. Você não sabia dizer se ele ainda estava irritado, mas a preocupação era clara o suficiente para você.
Você suspira, limpando as lágrimas que começaram a cair.
— E-Eu sou autista, Fushiguro... Não consigo identificar bem o que as pessoas sentem...
Ele arqueia levemente as sobrancelhas, te analisando, e assente.
— ...Entendi. Eu não sabia.
— Claro que não sabia... eu nunca te falei.
— Mas sempre te achei diferente, mesmo — ele conclui.
Você ri fraco, assentindo, e limpa as lágrimas novamente.
— D-Desculpa por ontem. Inflexibilidade faz parte também do TEA, mas eu to tentando melhorar isso...
Ele segura sua mão novamente, com um pouco mais de força que o habitual.
— Eu te perdoo, e como posso ajudar você a saber o que sinto?⌢⌢⌢⌢⌢୨୧⌢⌢⌢⌢⌢