Contra-ataque

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Narrador

Sirenes alarmaram a chegada da ambulância ao hospital geral de Goiânia. Paciente mulher, 37 anos, estatura baixa e com ferimento a bala, foi levada às pressas para sala de cirurgia. Dois ferimentos por arma de fogo foram identificados, uma no ombro e a outra no abdômen. A correria com a paciente que perdia muito sangue a cada minuto era intensa. Os médicos estavam fazendo tudo o que podia para salva-la. Havia sangue para todo lado, muito sangue.

Fora da sala havia familiares aflitos por qualquer notícia mas o maior desespero era visto da morena de cabelos longos que tinha as pernas inquietas durante suas orações clamando a melhora de sua irmã. Suas lágrimas escorriam por seu rosto e seu choro entalado na garganta insistia em sair.

"Deus, não deixe que o pior aconteça. Não passamos por tudo isso para que tudo acabasse assim. Por favor Deus, ouça o meu clamor!"

A sala de espera estava em pura tensão e preocupação. A polícia tirava depoimentos e fazia a segurança da família Henrique Pereira enquanto a porta do hospital lotava de jornalistas e fotógrafos esperando uma notícia exclusiva sobre o estado de Maiara Pereira.

- Senhora Maraisa, poderia nos dar seu depoimento agora? - um dos agentes encarregados da investigação abordou a mulher sentada.

Maraisa levantou a cabeça, sua afeição era muito abatida pelo ocorrido. Enxugou as lágrimas e respirou fundo.

- Precisa ser agora? - ela perguntou ao limpar suas lágrimas.

- Precisamos finalizar o inquérito. Seria bom que a senhora pudesse contar os fatos o quanto antes.

- Tudo bem. - a morena se ajeitou na cadeira e começou a contar a história desde o início.

Maraisa

— Manhã do ocorrido —

Flashback on

- Wendell, por favor nos deixe ir. Não cometa essa loucura, não faça isso com o meu bebê. - eu estava desesperada dentro daquele carro, um cara apontava a arma para mim enquanto um outro dirigia. Wendell ia na frente do carro mexendo no celular como se nada tivesse acontecendo.

Ele se mantinha calado ao ver meu desespero, parece que gostava de me ver implorar por piedade. Estávamos a um bom tempo dentro daquele carro. A minha vontade era de tentar abrir a porta e fugir mas tinha com o Noah em meu colo, essa ideia estava fora de cogitação. Éramos para estar em casa a essa hora.

- Será que já deram a nossa falta? - pensei.

Depois de um bom tempo chegamos a uma estrada de terra que deu em um galpão abandonado. Ao redor eu só via árvores e muito mato. Literalmente algum fim de mundo em Goiânia.

- Não podemos ficar aqui, o Noah não pode ficar no meio dessa sujeira. - caminhei apressada até ele segurando o meu filho, tentei ser mais tranquila no meu tom de voz para que ele pudesse ceder a mim. - Por favor, Wendell, pense no nosso filho e em mim. Ele precisa das coisas dele, da rotina dele. Tivemos tantos momentos bons quando estávamos juntos, não cometa o erro que custe a minha felicidade e a do nosso filho. Acredito que tenha fugido da prisão então siga o seu caminho e me deixe seguir o meu com o meu filho. Não direi nada à polícia, eu prometo!

Ele ouvia atentamente as minhas palavras e por um segundo vi aquele olhar de cuidado que ele tinha comigo no início da nossa relação. Suavemente ele acariciou o meu rosto e deu um leve sorriso no canto dos lábios. Tocou na criança em meus braços e voltou o olhar para mim.

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