➳ 𝘤𝘩𝘢𝘱𝘵𝘦𝘳 𝘯𝘪𝘯𝘦𝘵𝘦𝘦𝘯

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[...] Ilha dos Perdidos — Anos antes.

Carlos estava em sua casa da árvore, um dos pouquíssimos lugares onde sentia-se verdadeiramente sentia-se confortável. Sem ninguém para atormentá-lo ou provocá-lo. Apenas a paz que há muito queria. Estava sentado no chão, com um protótipo de computador em seu colo. Na Ilha, aquele era o máximo de tecnologia que poderia ter. 

O rapaz ouviu duas batidinhas na porta e já sabia quem havia chego. Evie adentrou, com um sorriso nos lábios brilhantes. Certamente trajando sua roupa mais bonita porque, afinal de contas, era o dia de seu encontro com o filho da Rainha de Copas. A garota havia comentado sobre isso a semana toda, e Carlos estava feliz pela amiga.

— Como foi? — Ele pergunto, fechando o computador.

— Foi incrível, perfeito! — Evie exclamou, jogando-se ao lado dele. — E ele está completamente apaixonado por mim, eu tenho certeza! Acho que ele certamente é superior ao filho Yzma. 

— Que bom para você.

Carlos não acreditava no amor, nunca havia experienciado tal sentimento. Nem sua mãe lhe amava, uma vez que sempre deixava bem claro que ele somente servia para cuidar das peles dos cachorros, seus casacos e armadilhas. Às vezes, sentia um pouco de inveja de Evie. Ela tinha uma mãe que a amava (bem, de seu próprio jeito) e uma fila de rapazes que lhe desejavam. A garota era sortuda, ele admitia.

— Ei, que cara é essa? — Evie questionou após algum tempinho em silêncio; também notou que Carlos não havia comentado muito e isso era atípico. — No que está pensando?

— Se eu contar, promete que não vai rir ou achar ridículo?

— Prometo.

O rapaz respirou fundo e olhou-a novamente.

— É só que... Eu queria tanto experienciar esse tipo de coisa. O amor, sabe? — Ele confessou como se isso fosse seu maior segredo. — Eu sempre ouço você falar sobre encontros, sobre sua mãe e tudo mais. E eu fico pensando como... Como eu queria isso também.

Evie olhou-o com pena; sabia que sua vida não era nada fácil. Por um momento, sentiu-se muito culpada por falar sobre assuntos do gênero com ele. Carlos, de certa forma, era uma das poucas pessoas com quem podia contar naquele lugar. Sabia que ele nunca iria julgá-la, traí-la ou fazer qualquer outra coisa que pudesse lhe prejudicar. 

— Eu sinto muito, de verdade. — Evie sussurrou, tocando o ombro do amigo. — Mas, olhe. Tenho certeza de que um dia a pessoa certa vai aparecer para você. Não desamine tão cedo.

— Aqui na Ilha? — Ele perguntou, quase desacreditado.

— Nunca se sabe, Carlos. Talvez um dia, por grande coincidência do destino, você vá parar em Auradon. Lá, pelo o que eu soube, tem muito amor. — Evie sorriu. — Talvez a pessoa certa esteja lá, te esperando. 

Carlos riu, como se aquilo fosse uma piada.

— Evie, eu agradeço muito pelas palavras. Mas... Sair da Ilha é uma opção completamente inviável para gente como nós. — Ele suspirou. — E até parece que uma garota de Auradon, uma princesa, iria gostar... Se apaixonar por alguém como eu. Um... Filho de vilão.

— Não desafie o destino. — Evie deu de ombros. — Aposto que daqui alguns anos você estará junto de alguém, tanto faz se seja de Auradon ou não. E neste momento você verá que estou certa.

— Aposta, não? Muito bem então. — Carlos sorriu. Aquela conversa havia deixando-o melhor; conversar com ela fazia ele se sentir melhor em todos os aspectos. — Apostado.

[...] Ilha dos Perdidos — 2016.

Naquele momento, Carlos lembrou-se de que perdeu a aposta. Quando notou que Florence não estava junto do grupo, aliás, não estava em lugar nenhum, sentiu como se seu coração tivesse sido arrancado do peito. O rapaz desesperadamente refez seus passos com a ajuda de seus amigos, procurou em cada beco e viela onde haviam passado.

E ela não estava em lugar algum.

Diversas possibilidades passavam pela cabeça de Carlos. E se ela tivesse em perigo ou pior? Sabia que se algo grave tivesse acontecido com Florence, jamais se perdoaria. Perguntava-se mentalmente por que havia deixando ela vir junto. Onde estava com a cabeça? Arrepender-se naquele momento não ajudaria em nada.

O que tinha que fazer naquele instante era encontrá-la.

E ele o faria, mesmo que tivesse que colocar a própria vida em risco.

Afinal, ele a amava.

𝐈 𝐒𝐄𝐄 𝐓𝐇𝐄 𝐋𝐈𝐆𝐇𝐓 • carlos de vilOnde histórias criam vida. Descubra agora