KARLENA - Feitas Uma Para A Outra

Capítulo 43

LENA

Uma semana depois

No segundo em que entro no estádio, vejo o velho Buick azul dos meus pais. Merda. Estacione em outro lugar. Em qualquer outro lugar. Evite-os.

Merda. Piso no acelerador e avanço. Não me faz nenhum bem mudar para um lote diferente. Se eles não estiverem no veículo, eles entrarão.

Suspiro com o som da música saindo dos alto-falantes do meu carro. Acabe com isso. Passo pelo carro e meus ombros relaxam uma fração de centímetro. Com alguma sorte, posso apressar esta conversa e mandá-los embora.

Depois de sair do meu carro, minha mãe abre a porta com um grito e a fecha atrás dela. Seus olhos estão vidrados enquanto ela fica ali vestindo uma regata e uma minissaia. Ou ela está planejando fazer truques esta tarde, ou está indo para a casa do traficante. "Você está chapada?"

"Não." O tom insultado de sua voz não alivia meus medos.

Cruzo os braços sobre o peito. "Bêbada?" Por que eu me importo? Porque não quero que ela se envolva em um acidente e machuque mais alguém.

"Eu não estou bêbada. Eu posso lidar com a bebida e ela não interfere na minha vida." Ela se apoia no metal lascado de seu veículo. "Já tomei algumas, mas estou bem para dirigir."

"São oito horas da manhã." Como ela acorda pronta para festejar todos os dias? Certo – ela não tem trabalho ou responsabilidades.

"Ainda não fui para a cama." Ela me olha de cima a baixo, deixando seu olhar grudado em meus sapatos. "Belos saltos."

"Obrigada. Eles são uma imitação e estavam em liquidação." Não é verdade. Eu mudo meu pé . Caramba. Eu não deveria ter gasto nenhum dinheiro em coisas frívolas, eles iam perceber que tenho dinheiro e iriam aparecer mais vezes para me extorquirem.

Seus olhos se voltam para os meus como se ela estivesse tentando avaliar minha sinceridade. Então, ela dá de ombros. "Bem, eles são lindos. Seu pai disse que você deu algum dinheiro a ele e ouvi dizer que você pescou um peixe grande."

Eu me encolho. Dinheiro – é sempre uma questão de dinheiro. Nunca é: 'Senti sua falta. Espero que você esteja bem.'

"Estou namorando alguém." Não há razão para não contar a eles. Eles ouvirão mais rumores com o passar do tempo. "Nada sério." Não importa o que aconteça, vou manter o bebê em segredo pelo maior tempo possível.

"Eu entendo." Seus olhos se estreitam em fendas. "Mas você está indo bem, certo? Você tem um bom emprego? Você está cuidando de si mesma?"

"Sim, estou bem." Uau. Estou chocada. Esta é a primeira vez que ela me pergunta como estou desde que me mudei.

"Bom." Ela sai do veículo. "Porque preciso de algum dinheiro. Seu pai desperdiçou o que você deu a ele em uísque e cavalos. Preciso de algum dinheiro para comprar comida para nós." Certo. Ela ainda não se importa com meu bem estar. Apenas como tirar algo de mim.

"Que tipo de comida?" Eu me sinto uma pessoa idiota, mas não confio nela. Ela não vai ao supermercado. Na melhor das hipóteses, ela irá à loja de bebidas, mas é mais provável que vá direto para a casa do traficante.

"Ah, isso e aquilo."

"Que tipo de comida?"

"Certo." Seus olhos disparam dardos flamejantes. "Se você quer saber, devo dinheiro pelas drogas da semana passada. Se eu não conseguir o dinheiro hoje, terei que roubar ou chupar o cara. Seu pai sabia que eu tinha uma chance para nós dois e não dava a mínima para como eu iria pagar por isso."

A bile sobe na minha garganta. Qual parte da conversa me deixa mais enojada? Existem tantas facetas perturbadoras. "Certo." Abro minha bolsa e vasculho minha carteira. "Eu tenho 100 dólares ."

"Obrigada." Ela se inclina para frente e envolve seus braços em volta de mim. "Eu sabia que poderia contar com você. Você é a melhor."

Fico rígida quando ela cai, quase me arrastando para a calçada. Eu não deveria poder contar com ela? "Obrigada." O cheiro de uísque flutua em sua boca. Oh Deus. Meu estômago embrulha. Por favor, não vomite.

"Mãe." Eu recuo. "Deixe-me chamar um táxi para você. Você pode voltar e pegar seu carro mais tarde."

"Certo." Ela oscila e se inclina para frente e depois balança para trás enquanto se afasta. "Eu estava sóbria quando entrei no estacionamento, mas estive bebendo enquanto esperava você aparecer."

Tiro meu celular da bolsa e chamo um táxi para ela. A última coisa que quero é me sentir culpada por ela se machucar ou machucar alguém. Já é suficientemente mau eu estar a dar-lhe dinheiro para ela pagar a sua dívida de drogas – para a impedir de vender o seu corpo. "Ele estará aqui em quinze minutos."

"Obrigada." Por um instante, seus olhos ficam claros e ela se parece com minha mãe – aquela da infância – antes de meu pai ir para a prisão e ela ter que encontrar uma maneira de nos manter em casa e com comida na mesa. Ela era uma boa pessoa antes disso. Havia canções de ninar e histórias para dormir. Então meu pai idiota teve que ser preso.

"De nada." Olho para o meu relógio. "Preciso trabalhar antes de ser demitida."

"Merda." Ela dá um pulo para trás. "Eu não quero que você tenha problemas." Seus olhos se estreitam. "Achei que você estava namorando sua chefe."

"Isso não significa que ela não possa me demitir. Eu te disse, não é tão sério. Eu tenho que ir. Vejo você mais tarde." Viro-me e ando rapidamente pelo estacionamento.

Como vou manter o bebê em segredo? Como faço para mantê-los longe da família de Kara? Eu tenho que descobrir alguma coisa. Cem dólares não serão suficientes se descobrirem que vou ter o neto do dono de um time de futebol.Eles virão para pegar mais dinheiro.

Minhas mãos se fecham em punhos. Se meus pais tentarem chantageá-los, eu... Você o quê? Seu pai é mais de cem quilos maior que você.

O som dos meus saltos batendo na calçada mal consegue penetrar na névoa em meu cérebro ou no sermão que minha consciência está vomitando. Seu pai tem amigos em todos os lugares nefastos que você possa pensar. Kara não ficará ao seu lado. Ela vai te para poder se proteger. Porra. Isso é uma bagunça. Por que deixei meus sentimentos se envolverem?

E cara, meus sentimentos estão envolvidos. Todas as noites desta semana, dormi na cama dela até que a sensação de seu peito contra minhas costas fosse a única maneira de dormir. Eu já sabia que o sexo era fenomenal, mas não é só isso que desejo.

Preciso da mão dela no meu quadril. Seu beijo na minha têmpora. O cheiro de sua colônia em meu nariz e o som de sua voz enquanto ela me conta histórias sobre sua infância ou seus planos para o futuro. Estou me apaixonando mais rápido a cada dia. A ideia de ir embora me mata, mas no final, não terei escolha. Ela e o bebê estarão melhor sem mim. Não estarão?