KARLENA - Feitas Uma Para A Outra

Capítulo 21

LENA

A porta do meu escritório se abre enquanto digito na planilha. "Você esqueceu alguma coisa?"

Meu coração pula uma batida. Talvez ela tenha esquecido de me beijar até meu cérebro não lembrar de todas as coisas que estão erradas entre nós duas. Sim, eu gostaria disso.

"Sim, esqueci que minha melhor amiga estava jogando roleta russa com a chefe dela."

Eu giro na minha cadeira. A pele de Sam brilha depois de passar mais de uma semana no Caribe. "Garota, você está linda."

Ela dá um tapinha no cabelo. "Obrigada." Então, ela torce o nariz. "Não me distraia. O que você e Kara estão fazendo?"

"Feche a porta," eu ranjo entre os dentes cerrados.

"Certo." Ela fecha a porta e marcha para ficar na minha frente. "Toda a farsa do namoro falso já deveria ter acabado. Mas Kara deu a entender que isso ainda está acontecendo." Seus lábios se contraem e suas sobrancelhas se levantam. "E mais."

Meu rosto se inunda de calor enquanto imagens de suas mãos e boca acariciando minha pele enchem meu cérebro e o transformam em mingau.

"Merda." Seus olhos se arregalam. "É realmente tão bom?"

"Deus." Eu me abano. "Sim, ela é muito boa. Ela está além das palavras. Nunca estive com alguém que fizesse coisas antes mesmo de saber que quero que ela as faça."

"Eu não entendo. Isso é um relacionamento ou o quê?"

"Não," eu suspiro. "Não é. Queremos duas coisas diferentes. Sua família a está pressionando para se estabelecer e começar uma família. Isso é algo que nunca farei."

"O que você nunca fará?" Seus olhos brilham. "Se apaixonar?"

"Não." Luto contra as lágrimas que ardem em meus olhos. "Ter uma família. Você sabe como me sinto por ter filhos."

"Vocês não são seus pais. Isso é uma besteira completa e absoluta."

"Mesmo que eu não fosse meus pais e tivesse um instinto maternal, eles sempre estariam à espreita no canto – procurando uma oportunidade para me ferrar."

"Alguém como Kara tem muitos recursos."

"Sim, e muito dinheiro. Se meus pais pensassem por um segundo que éramos um casal, tentariam chantageá-la."

"Talvez ela não seja tão fácil de chantagear."

"E os pais dela..." Balanço a cabeça. "Isso nunca vai funcionar."

"Pare com toda essa conversa maluca. Se alguém se apaixonar por você, não vai se importar com seus pais."

"Você está do lado de quem?" Deslizo minha cadeira para trás e me levanto. Com ela pairando sobre mim, me sinto como uma criança que está sendo punida.

"Estou do seu lado. Não tenho certeza se Kara é boa o suficiente para você, mas não vou ficar sentada de braços cruzados e ouvir você dizer bobagens sobre nunca se apaixonar e ter filhos. Apesar do que você pensa, você será uma mãe maravilhosa."

Eu bufo. "Ela não é boa o suficiente para mim? Isso é uma piada. Ela nasceu com a bunda virada para a lua, e meus pais são usuários de drogas nos dias bons e traficantes nos dias ruins. Essas duas famílias não andam de mãos dadas." Vou até a impressora e recolho a pilha de páginas que imprimi. "Sam, não se preocupe com nada. Somos amigas e nada mais. Sim, fizemos sexo, mas não é grande coisa. Duas adultas podem fazer sexo de tirar o fôlego e isso não significa nada."

"Você já fez um sexo incrível com mais alguém?"

"Não. Nem mesmo perto."

"Esse é meu argumento. Eu nunca tinha feito sexo incrível com ninguém até Alex, e agora olhe para nós, estamos casadas e teremos um filho."

"Eu não sou como você."

"Você pode ser. Você será uma mãe fenomenal."

"Caramba." Balanço a cabeça enquanto uma bola de chumbo se forma em meu estômago. Ela é a única pessoa que me critica pelas minhas besteiras.

Claro, quero ser mãe. Não há mais nada que me faria mais feliz – exceto me casar com uma mulher que me ama e não aceita merda alguma dos meus pais. Mas quem é essa mulher incrível? Kara? Não dificilmente. Os pais dela vão explodir se descobrirem de onde eu venho.