𝐏𝐄𝐑𝐌𝐈𝐓𝐈𝐑

633 80 32
                                    

Esse olhar de pena... Era o mesmo que todos faziam quando me viam machucada na faculdade. Fecho os olhos tentando me desvencilhar desses pensamentos, mas a única coisa que eu sinto é o toque da sua mão em contato com a minha pele exposta. Satoru passou o polegar em meus lábios e resmunguei pela dor causada no corte.

— Quem fez isso? — Sua voz estava tão rouca que arrepiou os pelos do meu corpo.

— Não importa — Olhei para o chão tentando não encarar aqueles olhos azuis.

— Importa no momento que te tocaram e eu não estava por perto para protege-la.

— Você não tem obrigação nenhuma de me proteger, Satoru. Acho que estava muito bem ocupado com outras mulheres — Um silêncio se fez presente e o mesmo me puxou pela mão até o sofá.

Me sentei com ele ajoelhado em minha frente. Pegou a maleta de primeiros socorros e começou a cuidar de cada ferida minha, prestando atenção em todas as etapas desde a esterilização até cobrir os machucados.

— Eu não estava fazendo o que você está pensando — Falou baixo com uma certa calma — A mulher que você me viu subindo até o segundo andar é Utahime, ela me ajuda com a parte financeira dos meus negócios e estávamos indo pegar a documentação que eu a pedi — Apontou para uma pasta que colocou na mesinha de centro da minha casa — Além disso, não somos pessoas próximas .

— Você não me deve explicações, não sou sua dona —Fui seca.

— Devo — Terminou de cuidar das minhas feridas e me encarou ainda na mesma posição — Pois eu não sei mais o que devo fazer ou falar para que compreenda que estou gostando de você e que desde a faculdade o meu interesse só cresce. Sei que ele te machucou, tirou uma parte de você que acha que nunca irá conseguir recuperar, mas eu quero mostrar que pode sim. Não quero ser o cara que irá salva-la, mas quero ser aquele que estará ao seu lado correndo atrás de todos os seus sonhos e te aplaudindo em cada conquista.

— Por favor, Gojo — Suspirei negando com a cabeça suas palavras.

Me levantei tentando me afastar dele, não queria cair em sua lábia, mas porque suas palavras parecem tão verdadeiras? Não, eu não posso dar a ele o que deseja. Eu não posso amar novamente, eu me fechei a isso faz tempo e tenho medo das consequências caso deixe ele entrar na minha vida.

— Eu não irei desistir, não tente. — Se levantou vindo em minha direção mas neguei novamente seu toque. Que ódio, porque ele estava tornando tudo tão dificil? — Olhe para mim, S/n.

— Você não entende? Não entende que isso não é certo ? Que iremos nos machucar mais ainda pois eu estou machucada, Satoru ! Eu mereço alguém como ele. A pessoa que me machucou hoje é a mesma que eu arruinei a vida, que amava o Yoshida e o tomei dela, isso daqui foi uma vingança que eu mereci.

— S/n... Você sabia da relação deles?

— Claro que não ! — Me agachei sentindo o cansaço em mim e o choro voltar. Porque lembrar disso ? Porque insistir? Eu só quero que ele vá embora.

... Ou será que não quero? Pois o incômodo que senti ao vê-lo ao lado de outra... o incômodo da sorveteria... Isso são sinais ?

— Então você não tem que carregar uma dor que não é sua — O platinado se agachou na minha frente e pegou minhas mãos.

Olhando seus movimentos enquanto algumas lágrimas ainda escorriam, ele entrelaçou sua mão com a minha e abriu um sorriso durante esse ato.

— O que você... — Tentei falar mas logo minhas palavras sumiram quando o mesmo voltou a me olhar.

— Eu não quero olhar para mais nada desde o dia que te vi — Engoli um seco — Você não entende? Eu não tenho medo da sua tempestade, dos dias frios ou da escuridão. Pois eu sinto que no fundo, você deseja se permitir a esses sentimentos que estamos nutrindo um pelo outro. Se abrir a porta para mim, eu lutarei dia após dia ao seu lado para mostrar o quão maravilhosa é, farei que se sinta amada e se eu precisar cantar todas as noites alguma música sobre o amor, eu cantarei mesmo sendo horroroso. — Ele riu anasalado e eu acabei me rendendo a uma risada fraca — Então, por favor, me deixe ser aquele que terá a honra de ser feliz ao seu lado.

Pisco varias vezes sem acreditar no que ele esta dizendo. É agora que eu deveria expulsa-lo como forma de me proteger? Mas e se eu estiver fechando as portas da felicidade? Eu não posso continuar me culpando por algo que não fiz. A muito tempo eu fui liberta daqueles dias torturantes e não me permiti me reencontrar desde então...

Porque Satoru Gojo tinha que ser um grande intrometido ? Porque ele não desistiu desde aquele dia que eu o expulsei daqui? Porque ele esta aqui me pedindo uma chance de ser feliz ao meu lado, se quem deveria fazer isso sou eu? Porque, porque, porque?

— Desde o inicio você sabia que se envolver comigo era enfrentar uma tempestade cruel... — Olho nossas mãos entrelaçadas — mas nesse momento, com as suas mãos se encaixando tão bem com as minhas, sinto que o Sol está querendo aparecer.

— E mesmo que não apareça por um tempo, eu gosto de dias nublados. Além disso, você sabe perfeitamente que não me importo de ficar debaixo da chuva se eu tiver 0,1% de certeza que irá abrir a porta para mim e eu a terei em meus braços.

— Para de dizer coisas absurdas! — Dei um tapa em seu peito contendo o sorriso.

— Ei, não faz isso — O encarei confusa — Não se contenha, eu gosto do seu sorriso, ele é lindo.

Mordi meus lábios cansada de reprimir esses sentimentos, eu não iria mais lutar contra ele. Me joguei em seus braços  e nossos lábios se encontraram perfeitamente. Era uma mistura de desejo, liberdade... E como se nossos corpos implorassem por isso a séculos. Não lembro perfeitamente daquela noite em que estava bêbada, mas no dia seguinte ao acordar, sinto que meu coração já tinha deixado a porta encostada para ele entrar.  

... E hoje se tornou o dia em que prometi a mim mesma ser feliz...

 E hoje se tornou o dia em que prometi a mim mesma ser feliz

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
𝐃𝐀𝐘𝐋𝐈𝐆𝐇𝐓 - 𝚂𝙰𝚃𝙾𝚁𝚄 𝙶𝙾𝙹𝙾Onde histórias criam vida. Descubra agora