𝐒𝐎𝐋

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Acordei no dia seguinte em minha cama e ao olhar para o lado, notei a presença do platinado adormecido. Ainda sentia as dores dos machucados, mas Satoru tinha passado uma pomada anestésica junto com curativos que aliviou. Ajeitei meu corpo ficando de frente para ele e delicadamente acaricio seu rosto, trilhando caminhos da ponta do nariz até as maçãs e seguindo para o queixo, ele tinha uma expressão tão serena e seus cílios eram muito bonitos e volumosos.

Percebo que ele começou a despertar e seus olhos aos poucos foram se abrindo, assim que me encarou, não pude deixar de sorrir junto com o sorriso que ele abriu, me puxou pela cintura e afundou seu rosto próximo ao meu pescoço. Ficamos em silêncio enquanto eu fazia um cafuné e ele aprofundava mais seu rosto, me fazendo sentir sua respiração quente.

Não posso dizer que sou uma pessoa com total confiança em mim, minha autoestima foi totalmente quebrada ao longo dos anos e aos poucos tento tê-la de volta. Mas, em um momento como esse ao lado dele, sinto vontade de me esforçar o suficiente para que Satoru não precise se preocupar ou cuidar de mim.

— Seu cheiro quando acorda é tão bom — Falou como um sussurro e eu dei uma pequena risada — Quer comer o que de café da manhã?

— Algo simples, não tenho o costume de comer pela manhã só bebo café  — Espero uma resposta dele, mas o mesmo volta a ficar em silêncio e novamente me puxando para próximo ao seu corpo — Satoru, desse jeito nós iremos nos fundir em um só.

— Isso seria perfeito... — Deu uma risada — Está chovendo lá fora, sabe o que isso quer dizer?

— Hum?

— Que hoje ficaremos na cama aproveitando a companhia um do outro e você me fará carinho.

— Você sempre foi assim dengoso?

— Não, pois nunca me relacionei sério com alguém — Meus olhos se arregalam e ele finalmente levanta sua cabeça para me encarar — Você é a primeira que terei esse prazer.

Meu rosto toma uma coloração avermelhada e rapidamente me desprendo de seus braços. Ele apoiou seu rosto com uma mão e abre um sorriso ainda com o olhar sonolento, cretino, era isso que queria. Me levanto da cama e vou em direção ao banheiro, iria jogar uma água no rosto e escovar os dentes.

Assim que recupero minha sanidade após mais uma de suas declarações ditas de repente, sinto seus braços envolverem minha cintura e logo o mesmo depositar vários beijos em meu pescoço. Todos os pelinhos do meu corpo se arrepiaram com seus toques gentis e quando me dei conta, senti uma queimação próximo ao meu ventre. Me sentia extasiada.

— Tem uma escova nova para mim? — Assenti abrindo uma das gavetas de compartimentos e entregando a ele — Obrigado, eu joguei fora a que trouxe ontem,  queria ter a minha própria aqui na sua casa.

— Abusado.

Escovamos nossos dentes lado a lado enquanto batíamos nossos quadris em um ritmo que somente nós dois entendemos. Parecia cena clichê de algum filme em que os protagonistas estavam prestes a terem suas vidas de cabeça para baixo, mas eu não queria pensar em algo nos atrapalhando, não nesse momento.

Assim que terminamos, fomos até a cozinha preparar o café da manhã. Retirei os ingredientes da geladeira mas logo Satoru tomou a vez e pediu para que eu somente observasse enquanto faria tudo, colocou o avental preto que eu tinha e começou a preparar nosso café.

Suas costas eram chamativas, na verdade, tudo nele era chamativo. Sua pele macia, seus fios de cabelo branco feito a neve e o olhar que me lembrava um céu ensolarado. Eu não queria babar por esse homem, mas era automático. Com certeza muitas mulheres o almejavam, porém, ele estava em minha casa, vestindo um avental que o deixava totalmente sexy, fazendo nosso café da manhã depois de ter dormido ao meu lado.

— O que a bonequinha está pensando enquanto me encara, hum?

— Que você é um gos... — engoli um seco balançando a cabeça enquanto o mesmo me encara com uma sobrancelha levantada e um sorriso malicioso — que eu estou cheia de fome.

— Já estou terminando de preparar — Voltou a se virar para o fogão — E eu sei que sou um gostoso.

A diferença entre Satoru e eu, era que ele não se importava em ser um completo descarado. Dizia coisas sem se importar o quão vergonhoso fosse e o mesmo parecia sempre estar provocando.

Assim que terminou de preparar o café da manhã, montou a nossa mesa com frutas cortadas, ovo frito, pães e café, sentou-se ao meu lado e começou a se servir. Eu conseguia ouvir a chuva tocar o telhado e criar uma sensação boa em nossa volta, sempre gostei desse clima de aconchego.

Dei a primeira mordida encostando minha cabeça no ombro do platinado, fechei os olhos enquanto mastigava. Céus, que sentimento bom é esse que estou sentindo.

*Quebra de tempo*

Pegamos cobertores, travesseiros e nos deitamos no sofá enquanto procuramos um filme para assistirmos. Satoru tinha me dado essa missão de escolha, mas após ficar rolando a aba de filmes várias vezes, eu cheguei a conclusão que seria melhor ele escolher. Por fim, acabamos escolhendo Amor e Outras Drogas.

— Eu ainda não sei se acho esse filme bom ou ruim. — Ele fazia um cafuné em meus fios de cabelo enquanto prestava atenção no filme

— Acho que é legalzinho.

— Se você tem essa opinião, então porque me deixou escolhe-lo?

— Porque eu nunca tinha visto — Dei de ombro — mas agora eu estou achando um pouco... Enrolativo.

— Já entendi, você é do tipo que permite o namorado escolher o lanche, diz não querer nada, mas depois pede um pedacinho — Se levantou um pouco para que pudesse me encarar

— Jamais fiz isso — Menti.

— Se você não fizer isso comigo eu ficarei chateado — Me deu um selinho

— E você deve ser o tipo de pessoa que ficava horas vendo vídeos de casais e criando uma lista mental de coisas que deveria fazer com a sua namorada.

— Exatamente, você me pedir um pedaço do meu hamburguer esta nela.

Revirei os olhos enquanto o mesmo deu uma gargalhada calorosa. Satoru preenchia essa casa que antes era um enorme silêncio e solidão, com certeza ele é o meu Sol, mas não posso deixa-lo saber disso... Não agora. 

 

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𝐃𝐀𝐘𝐋𝐈𝐆𝐇𝐓 - 𝚂𝙰𝚃𝙾𝚁𝚄 𝙶𝙾𝙹𝙾Onde histórias criam vida. Descubra agora