Capítulo 7

121 13 11
                                    


Quando Luffy saiu da enfermaria de Chopper, ele respirou fundo algumas vezes para normalizar a respiração. Ele não sabia exatamente porque estava nervoso, ele sabe que deveria estar feliz em voltar a ver seus amigos. E ele está feliz. Eles foram salvá-lo, Luffy se sente meio mal do estômago por ter pensado o contrário em algum momento de seu cativeiro. Pela recepção que eles deram na enfermaria, Luffy sabe que não tem nada com que se preocupar, mas lá no fundo de sua mente, uma inquietação perdura. Será que eles... ainda vão me respeitar?

Ele não consegue deixar de se sentir fraco. Luffy não conseguiu fugir sozinho, na verdade ele chorou por tanto tempo, que tipo de capitão idiota eu sou? Ele era realmente tão fraco? Por isso ele não pode deixar de pensar em esconder o tremor de suas mãos, normalizar sua respiração ansiosa, sua cabeça processando tudo a mil por hora.

Luffy é o capitão, ele não é fraco, não pode ser fraco. Eles ainda têm muitas aventuras, então ele vai se recuperar e tudo vai ficar bem.

Tudo vai ficar bem em alguns dias.



Zoro ansiou, expectante, quando ouviu os passos de Luffy vindo do corredor. Ele, assim como os outros, estava na sala do aquário esperando. Sanji estava trazendo os pratos para o jantar e o aroma incrível que Zoro nunca admitiria ser ótimo tomava o ambiente. Pendurado em suas costas estava o chapéu de palha que ele finalmente poderia devolver a seu devido dono, assim como os chinelos que ele foi buscar onde guardou nos dormitório.

Luffy finalmente surgiu na sala, ao lado de Chopper que o acompanhava. Ainda era desconcertante ter a imagem do corpo de Luffy como Zoro teve gravada na mente, e ele não pode deixar de pensar no que exatamente seu capitão passou. Ele sabe o raso, sabe o nome dado à violência odiosa que ele sofreu, mas não sabe os detalhes, não sabe como ele se sentiu, como ele está, como ele deve ajudar.

Porque ver Luffy entrando na sala repleto de bandagens não é uma imagem nova. Seu capitão vive se machucando, mas ele é forte, ele se recupera. Mas o que ele passou agora é algo muito além do físico, afeta muito além do somente o corpo. Zoro sabe que seu capitão não é frágil, não é indefeso (mesmo que ele pareça tão pequeno agora). O espadachim ainda não sabe muito bem como reagir a tudo isso, porém, se tem algo que ele tem certeza é de que sempre estará ao lado de Luffy. Então agora ele se aproxima do capitão, com o chapéu em suas mãos.

Luffy tem um sorriso no rosto enquanto troca palavras com seus amigos, mas Zoro observa o quanto ele parece hesitante, o quanto parece se encolher com a proximidade, não é algo que qualquer um notaria, mas Zoro acredita que os outros também notaram isso, uma vez que não tentam se aproximar tanto quanto normalmente fariam. Luffy é uma pessoa de contato, sempre foi, na maioria das vezes ele se lança em seus companheiros com abraços apertados, mãos no ombro; toques de companheirismo eram trocados o tempo todo. Seu capitão sempre se agarraria a alguém por pelo menos meia hora antes de se soltar e correr para a próxima vítima. Entre resmungos e risadas, no fim eles se reuniriam para jantar com a caoticidade familiar.

Então ver como seu capitão se encolhe quando alguém se aproxima demais machuca tanto, como seu sorriso parece um pouco dolorido. Suas bochechas estão mais magras e ainda há o vislumbre de um hematoma amarelo em seu rosto.

Os olhos de Luffy encontram Zoro e o espadachim percebe só agora que há ar preso em seus pulmões, seu coração está acelerado e ele faz o possível para se acalmar quando se aproxima de seu pequeno (grande) capitão.

Os olhos castanhos de Luffy brilham, genuinamente, quando vê o que Zoro tem nas mãos.

"Meu chapéu! Você o encontrou!" Luffy diz e Zoro percebe como sua voz está um pouco embargada.

(In)DestrutívelOnde histórias criam vida. Descubra agora