Capítulo 2

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Felipe. Claro que o nome dele era Felipe. Ele era um gigante – porque ele era realmente do tamanho de uma geladeira – mas eu não disse isso em voz alta. Ele era o que eu imaginava que todos os viciados em academia seriam: nem um grama de gordura e radiante de saúde e vitalidade. Sua pele era impecável, não muito bronzeada, mas de um jeito que minha dieta era mais natural do que o bronzeado dele. Seus olhos eram brilhantes, seu sorriso era amigável, seus dentes perfeitamente retos. Ele poderia ter sido o cara do pôster “Benefícios de estar em forma e saudável” no consultório médico para o qual eu sempre revirava os olhos. 

— Venha e sente-se — disse Felipe. Ele pegou uma prancheta no balcão e foi até um dos sofás da sala de espera. Eu tive que me perguntar: para que uma academia precisa de uma sala de espera? Servem café e bolo aqui? Eu esperava que sim, mas como era uma academia, acho que não. Era aconchegante o suficiente, embora as revistas na mesinha de centro fossem uma mistura de musculação e culinária sem gosto. 

Olhei para a revista principal, minhas papilas gustativas devidamente ofendidas. — Você já comeu couve? — Perguntei. — É horrível.

Felipe sorriu quando se sentou. — Não é tão ruim.

— Claro. Da mesma forma que a gastroenterite não é tão ruim — eu disse. — Ou uma infecção fúngica nas unhas.

Ele se sentou, olhando para mim, claramente divertido. — Você não é um fã, presumo?

— Por que comer algo que não é tão ruim? — Perguntei. — Eu sempre disse que a vida é muito curta para café ruim, comida ruim e Sex… —  Contei esses pontos nos dedos, mas parei no número três, embora, pela maneira como Felipe sorriu para a prancheta, eu tinha total certeza de que ele sabia a que palavra que começa S eu estava me referindo. — Sapatos… — terminei sem muita convicção. Embora agora que pensei nisso, bons sapatos eram tão agradáveis ​​quanto um sexo bom. 

Deus, eu realmente sou um homem velho

Sentei-me no sofá com um desabafo e um suspiro. Felipe deixou a prancheta em seu colo e olhou para mim preocupado e franziu a testa. — Quem é Gustavo?

— O quê?

Ele ergueu a mão como se estivesse parando o trânsito. — Você acabou de dizer: ‘E é por isso que Gustavo me deixou.’

Ah, merda. Eu falei? — Gustavo… Gustavo é o novo Voldemort. Não falamos mais o nome dele em voz alta.

O olhar de preocupação de Felipe logo se transformou em um sorriso. — Oh. — Ele assentiu sabiamente. — E este é o Voldemort que você quer de volta?

— Sim. Bem, talvez. Receio que seja preciso mais do que reunir algumas Horcruxes. A menos que você possa chamar de Horcrux correr em uma esteira. 

Felipe piscou lentamente. — Um o quê?

— Uma Horcrux. Você sabe, de Harry Potter? 

Ele pareceu genuinamente surpreso. — Na verdade, nunca vi os filmes ou li os livros. Embora eu saiba quem é Voldemort. 

Eu olhei para ele e então me inclinei como se fosse ultrassecreto. Minha voz era apenas um sussurro. — Então, é você?

— Eu sou o quê?

— A única pessoa no planeta que não viu os filmes nem leu os livros.

Felipe riu dessa vez. — Sim, acho que sou eu. — Ainda sorrindo, ele ergueu a prancheta. — Então, tenho que fazer algumas perguntas pra você.

Recostei-me e suspirei. — Isso inclui uma isenção caso eu caia morto no StairMaster? Porque, só para você saber, provavelmente deveria, porque provavelmente eu caía morto nele. 

O Peso de Tudo (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora