A Mansão de Espelhos (FINAL)

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A Sra. Carmen soltou um guincho que ecoou por entre as árvores que rodeava o rio Gabiru. O coração do menino parou de bater e seus lábios arroxearam-se. Ela tremia de desespero. O Sr. Augusto imediatamente parou de remar. Paralisou-se.

– Nosso... filho... – ela disse entre os dentes. Desviou o olhar para seu marido, porém, naquele momento, fumaças negras que rodeavam o barco foram diretas para o peito do menino fazendo-o ressurgir num suspiro que a fez eriçar o espinhaço.

Ele arregalou os olhos - agora vermelhos-sangue - e agarrou seu pescoço com muita força, com a mão direita gelada e extremamente forte. Sufocou-a. As lágrimas escorriam flamas por seu rosto e quando os olhos encontraram a face de seu filho, ela engoliu a seco. Seu coração acelerou com muita força.

O garoto agora possuía uma aparência sinistra: Os olhos estavam duas vezes maiores, os dentes afiadíssimos e alguns quebrados, a pele envelhecida e esverdeada, seu corpo esticou-se e afinou-se, a língua como de um réptil agitava-se descontroladamente, e, em sua testa, havia dois chifres pontiagudos e palavras de blasfêmia. Augusto não conseguia se mover, estava chocado com aquilo tudo. O menino sorria um riso de estalar os ouvidos e paralisar os músculos. Era debochado e ecoante. Maligno!

Quando seus olhos passaram de vermelhos para acinzentados, ele apagou e soltou o pescoço de sua mãe, que nervosa jogou-o de seu colo e - ainda aos prantos - correu para os braços de seu marido.

Estavam trêmulos olhando para seu filho, com aparência de monstro, no chão do barco. Os olhos abertos. Presenciaram o menino se diluir numa gosma esverdeada. A Sr. Goldfarb não acreditava que havia perdido os três filhos. Estavam tão atordoados que, no dia seguinte, o Sr. e a Sra. Goldfarb deram entrada no Hospício Meallenéfico de Poener. Internaram-se com pedido para que não recebem visita. 

Os meses se passaram, e quanto mais distante da realidade mais alucinados os Goldfarb ficavam. Entretanto, todo o ocorrido na Ilha de Akaku’s não saía de suas cabeças. Foi então que certo dia, eles pediram permissão para irem até o cemitério em que seus filhos supostamente haviam sido enterrados. Seguiram, entre os túmulos, de trajes brancos. E, no momento em que olhavam lacrimejantes para as lápides, um vento gélido fez-se presente. Com os olhos semicerrados ficaram ali por horas até retornarem para o hospício, aonde viriam a ficar até falecerem.

E, desde o ocorrido, todos que sobrevoassem ou passassem pelo rio Gabiru não encontravam mais a Ilha de Akaku’s, porém, em seu lugar agora continha um rio vermelho que, por vezes, borbulhava. Era o rio de Enxofre, que humano algum era capaz de pisar sem se encontrar com o segundo lado da vida. E todos de Malleus evidenciaram o quão real era o sobrenatural, e que não deveriam subestimar, em hipótese alguma, até as mais inacreditáveis lendas.

P.s.: Pois é, chegamos ao fim do conto e queria agradecer, do fundo do meu coração, a todos que acompanharam a história, que se disponibilizaram a lê-la. Estou muito contente e espero que tenham gostado do conto. Meu sincero O-B-R-I-G-A-D-O- e BOAS LEITURAS para todos!!!!!

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⏰ Última atualização: Mar 27, 2013 ⏰

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