1: Uma Nova Amizade

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Boa leitura!

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Novamente o dia se iniciava para os moradores de Seul. Jeongguk havia acordado cedo para fazer o café e comprar ração para a sua visita de quatro patas que ainda dormia. O pacote de ração estava ao lado da cadeira enquanto o dono da casa procurava no jornal online sobre um paradeiro do dono do filhote dorminhoco. Passou um bom tempo procurando e entrando em todos os tipos de sites de buscas de animais perdidos, mas nada encontrou.

Talvez ele tenha aparecido para ser minha companhia. — Sorriu, colocando o aparelho bloqueado sobre a mesa ao ouvir o chorinho vir do cachorrinho ao seu lado. — Preguiçoso. Isso lá é hora de acordar? — Riu, se abaixando para acariciar as orelhas caídas. — Que tal comer um pouco e depois voltar a dormir, huh? — O filhote pulou, indo até o pacote de ração.

Jeon levantou-se e foi até o ser de quatro patas para abrir o pacote de ração e colocar no potinho improvisado. Enquanto o cachorrinho comia com gula a própria comida, Jeon o observava, sentado no chão, a alegria do bichinho com a comida.

— Se até amanhã seu dono não aparecer, você vai ser meu companheiro. — Sorriu fracamente. — Sabe, morar sozinho não é legal. Meus pais são divorciados e moram cada um em um país diferente. — Suspirou. O cachorrinho já não comia mais, estava sentado em frente ao Jeon, com sua cabeça tombada para o lado, prestando atenção ao que o seu possível dono dizia. — Minha irmã também foi para o exterior junto de seu namorado, enquanto eu fiquei aqui, sozinho. — Riu amargamente. — Acho que você e eu estamos fadados a viver sozinhos, não? — O cachorrinho latiu, pulando no colo do moreno e lhe enchendo de lambidas no rosto um tanto machucado pela noite anterior. — Desculpe. Você e eu temos um ao outro agora, não estamos mais sozinhos. Aliás, precisa de um nome. Que tal “Fofo”? — O filhote o mordeu, como se estivesse reprovando tal nome. — Ai! Tudo bem, já entendi. — Riu, bagunçando os pelos do pequeno Maltês enquanto olhava, pela janela da cozinha, a pequena nuvem no céu. Nuvem. — Cloud. — O cachorrinho latiu, balançando o rabinho de forma afoita de um lado para o outro, contente com o nome. — Então seu nome será Cloud!

[...]

Faltavam poucos segundos para o meio-dia quando Jimin deixou a faculdade para trás, indo direto a um restaurante com boa comida e preço que cabia no orçamento. Sua cabeça, naquela manhã, estava a mil. Teria prova no fim de semana, um trabalho sobre uma pesquisa no final do mês e, para completar, seu patrão lhe mandara uma mensagem, lhe dizendo que deveria chegar mais cedo ao trabalho, já que teria algum tipo de “comemoração” ali e ele ajudaria na organização. Não estava no clima para aquilo. Tentando deixar as responsabilidades de lado por algumas horas, Jimin curvou-se ao passar pela senhora dona do local e ir até uma mesa disponível. Uma jovem, que tinha seu crachá preso no bolso da camisa de botão azul bebê por um grampo, se aproximou com o bloco de notas. Jimin a observou, podendo ver com mais clareza o nome da jovem: Kim Yang Mi.

— Seu pedido, senhor. — Park voltou a atenção para o guardanapo, onde escreveu algo, entregando logo em seguida para a Kim, que o leu em voz alta. — “Sou mudo. Pode me trazer o prato do dia?” — A Kim apenas assentiu, um tanto surpresa com aquilo, e saiu, indo em direção à cozinha, onde demorou para sair. Jimin, enquanto esperava, ficara desenhando sobre o guardanapo algumas flores e um pequeno gatinho; amava gatos, não poderia negar.

Quando finalmente a Kim saiu, deixando seu pedido sobre a mesa, Jimin pôde comer, fazendo logo de uma vez seu estômago parar de reclamar pela falta de alimento. Enquanto comia, Jimin podia se sentir observado pela ruiva, Kim Yang Mi, que lhe olhava como se fosse algo vindo de outro planeta. Não era estranho ser deficiente. Não estranho não poder falar. Não era estranho ser diferente. Mas era estranho ser Park Jimin, o jovem mudo do curso de História e morador de Seul. Jimin se sentia incomodado com o olhar intenso e julgador da jovem.

O Silêncio do Seu Amor • jikook Onde histórias criam vida. Descubra agora