5.

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Mesmo depois daquele maldito dia, eu sigo feliz.

Era seu último ano na escola, ou seja, não iríamos nos ver tão frequentemente. Mas tinha certeza que nosso relacionamento iria continuar, você deixou isso bem claro quando apareceu no meio da noite na minha casa chorando com medo do fim do nosso namoro dizendo, ou melhor, exigindo:

"—'Gashee, estou te proibindo de terminar comigo! Você não vai terminar comigo... né?"

Minha honesta reação foi ter uma crise de riso. Você estava tão fofo. E com uma idéia estúpida na cabeça. Em hipótese alguma eu ousaria terminar o que tínhamos.

"—Não, Kou, nunca irei terminar com você."

A escola decidiu fazer um baile temático. Realeza. Esse foi o tema do baile. Com direito aos formandos de convidarem alguém para ser seu par. Iria ter alguma votação boba para rei e rainha. E é óbvio que você me convidou através de um bilhete.

"Aceita ser o príncipe dessa pobre coitada donzela?

□ sim □ com certeza "

Foi tão bobo que me deixou distraído pelo resto da aula. Levei bronca. Não liguei. Estava ocupado demais lendo e relendo aquelas letras desajeitadas.

O dia do baile. Você me pegou às 8 da noite em ponto. Você até alugou um carro!

Antes de ver o teu rosto vi as rosas do enorme buquê que me trouxe. E quando você apareceu no meu campo de vista exatamente com o mesmo penteado para cima e com um terno marrom eu me apaixonei pela 20018282929 vez só naquele mês. Porém tinha um diferencial em você, um diferencial ruim. Seu sorriso. Que não estava tão contente como sempre.

Não me preocupei com aquilo na hora pois você logo se pôs a falar:

"—A cada dia que passa você fica mais lindo sabia? Mas hoje parece amanhã... Não pera."

Foi tão engraçado. Eu não pude conter toda minha vontade de rir.

"—Isso foi uma tentativa de me elogiar igual aos livros que leio? Hahahaha. Que fofo, Kou.

Para de rir! Foi patético não foi?

Não, foi estupidamente romântico. - selinho. - E engraçado."

Era sempre assim, você fazia eu me sentir amado de todas as maneiras possíveis. Eu amava isso.

O baile estava incrível. Você me puxava para dançar todas as músicas mesmo nós dois sendo inimigos do ritmo, causando várias crises de riso entre nós.

Foi então quando começou a tocar aquela música.

Here with me.

Uma música estranha para se tocar em um baile cheio de adolescentes querendo apenas se divertir. Mas não estranha para nós. Eu soube que havia algo de errado assim que pisamos naquele salão, mesmo sorrindo, mesmo rindo, mesmo dançando você estava diferente do normal. Como se algo o incomodasse. Então perguntei:

"—Kou, querido, há algo de errado?"

Você se assustou e se calou por um tempo. Mas a resposta não demorou a vir direta, sem rodeios. Como um tiro que acerta diretamente o coração:

"—Eu tenho câncer."

E foi como se todo o chão abaixo dos meus pés desaparecessem.

"—C-como? Kou, do que está falando?

Eu tenho câncer, Keiji. - Não consegui conter as lágrimas. - Ei, 'Kashi, não precisa chorar. 'Tá tudo bem, querido."

Você estava tão sério. Era eu que devia ter te consolado. Não o contrário. Mas mesmo assim você me abraçou enquanto enquanto eu desabava, no meio daquele salão. Minha cabeça na hora estava cheia de perguntas. Tão confusa e sua fala repetindo e repetindo sem parar.

"Eu tenho câncer."

Não era sinal que você estava morrendo, milagres acontecem. Mas havia dentro de mim uma sensação que infelizmente os céus não haviam preparado um milagre para nós.

"Save your tears, it'll be okay...

...You're here with with me."


𝕮𝖆𝖗𝖙𝖆𝖘 - BokuakaOnde histórias criam vida. Descubra agora