seis

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Mel

Flashback
(5 anos atrás +/+)

Acordei normalmente como qualquer dia comum na minha casa

No dia anterior eu tinha tido a minha primeira vez com a minha namorada Alícia, e foi incrível sabe, ela foi super carinhosa comigo e respeitou meus limites, e teve muita paciência, já que estamos juntas a quase dois anos e eu não tava pronta pra isso, ainda mais com alguém mais velha que nem ela, na real, eu nem achei que alguém da idade dela iria esperar tanto pra isso

Mas acho que ela é diferente, e gosto muito dela, queria poder compartilhar minha felicidade com minha mãe, mas infelizmente ela nunca iria aceitar uma filha lésbica na casa dela

Quando minha mente terminou de fazer o download, eu levantei e tomei um banho, vesti só um cropped e um short, já que o Rio de Janeiro sempre tá quente

Desci pra tomar um café e a Sabrina já tava acordada, ela tava sentada na mesa com uma xícara na mão, fui até ela e dei um beijo na sua cabeça

Amélie - cadê a mamãe?? - sentei na mesa e peguei uma xícara pra por café

Sabrina - não sei, deve tá na vizinha - assenti - tu sabe que ela vai reclamar da sua roupa né?

Amélie - sei - revirei os olhos

Tomei meu café linda e bela, depois fui escovar os meus dentes novamente e desci pra ficar na sala com a Sabrina, como era sábado, eu não queria fazer nada

Ficamos lá por um bom tempo, até a mamãe chegar já reclamando de Deus e o mundo

Sabrina - mãe, se acalma, a senhora vai passar mal - falou tentando sentar ela no sofá, mas ela se recusou

Lucia - se acalma o caralho Sabrina, você sabe oque eu descobri?? Que a minha filha - apontou pra mim - anda se esfregando com uma sapatão daqui do morro

Mas hora eu gelei, como ela sabe disso??

Sabrina - mãe isso é mentira, já falei pra senhora não acreditar nessas fofoqueira daqui - a Sabrina sabia que eu gostava de mulher, até porque ela também gosta, mas sempre me defendia desses surtos da minha mãe e das coisas que falavam sobre mim no morro

Lucia - não é mentira coizissima nenhuma, ela me mostrou foto dela saindo do baile com aquela tal de Alicia, agora eu te pergunto Amélie - olhou pra mim - eu criei filha pra ser sapatão? Não criei, eu sempre te dei tudo do bom e do melhor, pra você me retribuir assim?? Cometendo esse pecado? Saiba que Deus nunca vai aceitar isso, e eu muito menos - comecei a chorar de nervoso

Amélie - mãe, para com isso - levantei do sofá e fui até ela - é mentira isso que te contaram, a Alicia é só minha ami... - fui interrompida com um tapa

Sabrina me puxou pelo braço né tirando de perto da minha mãe e eu comecei a chorar mais

Sabrina - que isso mãe?? Tá maluca?

Lucia - você acha que tá falando com quem Sabrina?? - ela não falou nada só me abraçou forte - vocês estão de baixo do meu teto, eu faço oque quiser de baixo dele

Sabrina - mas isso não te dá o direito de bater na garota, ela não fez nada - continuou me abraçando forte

Lucia - você que é outra pecadora, e tá querendo defender sua irmã?? Vocês são duas impuras, eu quero vocês longe da minha casa - na hora eu levantei o meu olhar pra ela

Sabrina - tá ficando loca mano?? Pra onde a gente vai??

Lucia - não me importa, pede abrigo pra quelé bandido do seu irmão, não quero nada de vocês duas aqui na minha casa, sua pecadoras imundas - a Sabrina me agarrou forte e me levou pro nosso quarto

Amélia - Sabrina, pra onde a gente vai? - perguntei com voz de choro

A Sabrina está arrumando as nossas coisas enquanto eu tava sentada na minha cama, ela não queria a minha ajuda, só queria que eu me acalmasse

Sabrina - não sei ainda meu amor, mas eu vou te tirar dessa casa e a gente vai viver por conta própria, eu sempre cuidei de você sozinha e não vai ser agora que eu vou te abandonar - falou olhando nos meus olhos e voltou a arrumar as coisas

Pegamos tudo que era nosso e fomos embora, saímos de casa meio que sem rumo, tivemos que ir pra casa do nosso irmão

Borges - entra aí pô, fica a vontade - a casa dele cheirava a maconha e a bebida, mas era bem arrumada e limpa

Fiquei sentada na sala enquanto eles conversavam na cozinha, eu conseguia escutar um pouco

Sabrina - desculpa atrapalhar sua privacidade aí mano, mas é que a mãe expulsou nois de casa

Borges - qual foi do bagulho?? A mãe endoidou foi??

Sabrina - tu sabe como ela é, eu sinceramente não me importo, o problema é a Amélia, ela é muito nova pra passar por isso e eu não vou conseguir cuidar dela sem um emprego

Borges - eu entendo o bagulho, teu pai não me expulsou de casa quando descobriu que eu ficava com o amigo dele? Então, e eu tinha a idade dela, e esse bagulho aí de emprego eu posso te ajudar, eu tô precisando de vapor lá na boca, se tu topar já é tua a vaga

Eles ficaram um tempo em silêncio, provavelmente ela tava pensando na resposta

Sabrina - é por ela, então eu aceito

Borges - fecho então, por enquanto a minha casa é a de vocês também, pode ficar o quanto tempo for necessário

Sabrina - brigadão mermo irmão - eles vieram pra sala e sentaram do meu lado

Borges - que carinha é essa princesa? - me cutucou - fica bolada não, é até melhor assim pô, aí tu pode ser quem tu quiser sem aquela mulher te atrapalhando

Amélia - mas eu amo ela Henrique - deixei uma lágrima cair sem querer

Borges - eu também amava - suspirou - mas quem ama não expulsa o filho de casa, e eu e a sua irmã te amamos bem mais que ela, porque nunca faríamos isso - me deu um beijo no topo da cabeça

Sabrina - é verdade, e se possível eu vou te dar o mundo Amélia - me deu um abraço e eu retribui, José Henrique se juntou ao abraço e a gente ficou ali por um tempo, só curtindo o momento

É tão doloroso passar por isso, escutar esse tipo de ofensa vindo de uma mãe dói tanto, ainda bem que eu sempre tive a Sabrina e o Henrique do meu lado, sem eles eu não sou nada

Pra tentar me alegrar um pouco, na janta eles pediram pizza e a gente jogou uno e depois assistimos filme, quando o Borges foi pro plantão dele, eu e a Sabrina fomos dormir

Sabrina - boa noite Amélia - me deu um beijo na bochecha e deitou do meu lado na cama de casal

Amélia - Sabrina - ela me olhou - você pode me chamar de outra coisa? Sem ser Amélia?

Sabrina - claro meu amor - ficou pensando - quando você era pequena, eu só te chamava de Mel, oque você acha desse nome? - dei um sorrisinho

Amélia - eu gostei dele - ela concordou - abriga por tudo irmã, eu te amo muito - dei um abraço nela

Sabrina - eu faço tudo por você pequena - me abraçou forte - e eu também te amo, muito mesmo

Continuei agarrada nela e dormi assim

Agora é o começo de uma trajetória, só nós duas...

Continua

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