vinte e quatro

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Romário


Trocação já começou forte, segundo os vapor lá da frente é morro rival invadindo

Borges - bora Romário, mais um morro pra nois tomar conta - por aqui é assim, a cada vitória contra outro dono de morro o complexo dele passa pro nosso nome, como o Borges não dá conta de tudo, deixa uns caras e algumas minas no chamando cada um, no total ele tem 6 morros sem contar com esse, muleque faz coleção fi

Desci o morro correndo com Borges, como eu tava só com uma pistola, fui na boca me armar melhor, peguei um fuzil e mais uma pistola, me enchi de bala e fui pro ataque

A cada beco que eu entrava era um morto diferente, o cheiro horrível papo reto

Matei muita gente, era um atrás do outro, sem descanso, já tava até sacando a estratégia deles

Romário - eu quero a boca principal protegida em caralho, sem vacilação - falei no radinho pra geral

Coura - aí Romário, sua mina tá passando mal cara - chegou em mim do nada

Romário - como é do bagulho? - entrei no beco com ela pra sair da trocação

Coura - a Babi tava lá em casa, aí quando começou a invasão eu fui deixar ela na tua junto com a Mel, aí a mina tava passando mal, muito nervosa - falou tudo rápido

Eu não tava raciocinando oque ela tava falando, mas me toquei que ela falou "passando mal" e já me desesperei

Romário - Coura, toma conta do bagulho por mim - sai de lá correndo, sem nem olhar pra trás filho

Quando tava quase chegando na minha casa, escutei barulho de disparo e a minha coxa ardendo, quase caí no chão, mas fui firme e consegui me aguentar, virei pra trás e um filha da puta tava rindo da minha cara

Só destravei e meti bala no vagabundo, minha perna tava sangrando muito, e ardia demais, dessa vez eu não aguentei e cai no chão, mas eu não tinha que chegar em casa pra ver a minha Japinha

Fui me arrastando até lá, bati na porta várias vezes e ninguém abriu

Romário - sou eu - gemi de dor - abre aí Babi

Escutei a porta destrancando e logo abrindo

Babi - meu deus Sabrina, entra vem - ela me ajudou a ficar de pé e entramos na casa

Romário - cadê a minha mulher? - Babi me colocou sentada no sofá

Babi - tá lá em cima se trocando com a ajuda da Mel, eu ia levar ela pro hospital

Romário - fica tega mano, é perigoso pra tu sair daqui, deixa que eu levo

Babi - Sabrina, olha o tamanho do rombo que tá na sua perna cara - bateu pé

Romário - foda-se mano, é a minha mulher, eu que tenho que cuidar dela - na mermo hora eu vi a Japinha descendo a escada, bem devagar, aparentemente ela tava cheia de dor, deu foi dó da minha Japinha

Shaft - preta - gemeu de dor - isso foi um tiro? - me olhou assustada

Romário -  foi Japinha, mas bora logo pro hospital, lá eu resolvo esse bagulho - levantei na dificuldade e fomos pro carro

Shaft - eu tava com medo disso acontecer - começou a chorar

Romário - ei ei ei, calmo Japinha, eu tô suave pô - limpei as lágrimas dela e deu partida no carro - podia ter sido pior, mas não foi, e eu vou ficar bem, o importante agora é tu e o nosso muleque pô

Fui pela outra entrada do morro, uma mais escondida, não tinha ninguém "pra minha sorte" então foi suave chegar no hospital, foram as duas o caminho inteiro gemendo de dor, e eu o tempo todo fechava os olhos, acho que perdi muito sangue, o banco do meu carro tava sangue puro

Chegamos no hospital e eu nem consegui sair do carro, a Shaft que teve que ir lá, só sei que desmaiei e não lembro de nada

[...]

Algumas horas depois

Acordei sem entender nada, tava na cama do hospital cheia de fio colado em mim, procurei pelo quarto inteiro e não tinha ninguém

Depois de uns cinco minutos um médico apareceu

Médico - boa noite dona Romário, eu sou o médico Carlos que fez a sua cirurgia de remoção da bala, bom, a bala foi removida com sucesso, mas por conta da demora da retirada dela você perdeu muito sangue, então você recebeu uma doação de sangue e agora está tomando soro, amanhã a tarde creio que você era estará liberada - concordei - alguma dúvida?

Romário - tu sabe da minha mulher? A que chegou comigo

Médico - a sim, a senhorita Shaft, ela foi encaminhada para a área de maternidade, ela está recebendo soro também, em algumas horas ela será liberada e eu venho em primeira mão te enformar sobro o caso dela, tá bom? - concordei

Romário - valeu aí - fiz jaé com a mão

Médico - de nada, é só o meu trabalho - falou e saiu do quarto

Do lado da cama tinha uma mesinha com as minhas coisas, peguei meu celular e fui ver as mensagens, um monte de ligação e mensagem de voz e texto

Borges mensagem de voz - aí irmã, mais uma vitória pá nois, tudo nosso e nada deleeees - só rindo desse maluco

Mel mensagem de voz - irmã, como vocês estão? Jajá eu e a Babi estamos indo ver vocês, só vamos esperar fazerem a limpeza das ruas - respondi ela dizendo que tava tudo bem, basicamente falei tudo que o médico me disse

De resto eu não respondi, minha cabeça tava muito cheia, só queria saber da minha Japinha, se ela tava bem, o porque dela tá levando soro na veia

Só queria ela e o abraço dela, tava morrendo de medo dela ter perdido nosso muleque "e se ela me deixar por causa disso?" "Afinal fui eu quem deixou ela lá sozinha" "não mas é meu trabalho" "que trabalho oque porra, pensa na sua mulher Sabrina, pensa nela caralho" eram coisas que rodeavam a minha mente

Acabei pegando num sono pra ver se eu esquecia a dor de cabeça que eu tava sentindo de tanto pensar, só queria ela mano....

Continua

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