Um melro
com pena preta,
coração de ferro
e existência discretavoa pelo mato,
sem destaque algum.
este melro de brilho exato;
este melro tão comum.Pousado num espantalho,
está um melro verde,
ao lado de um carvalho,
que as suas folhas perde.Neste dia de outono,
brisado pelo vento,
com folhas de abandono,
sem qualquer sentimentoestá o melro verde,
que encanta as folhas caídas,
que satisfazem a sede,
através de belezas perdidas.Mas o melro não as pode ouvir,
então continua a achar,
que se iriam rir,
do seu destaque popular.Mas a verdade
é que o melro é pintado
e não sente nenhuma saudade,
de quando era apagadode quando tinha uma cor comum;
de quando era igual;
de quando não tinha brilho algum;
de quando não era original.Nós vivemos num mundo,
que acho absurdo
e deveras profundo,
em que há sempre um murmuro
sobre o que devemos ser
e como devemos viver.Mas segue o que quiseres,
porque eles são só imitações,
e porque não importa o que fizeres
vão sempre julgar as tuas açõessê como "o" melro
não sejas "um" melro
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Sentenças de vida para contar às estrelas
PuisiUma estrela só para de brilhar, quando a sua luz é esquecida.